Antiga sede da Odebrecht, agora Novonor, em Salvador; empresa pode perder o controle da Braskem. (Imagem: Joa Souza em Adobe Stock)
As ações da Braskem(BRKM5) disparam no pregão desta terça-feira (11) após a companhia divulgar o balanço do terceiro trimestre de 2025. Ontem, a empresa reportou redução de 96% em seu prejuízo no terceiro trimestre de 2025, para R$ 26 milhões. Ainda assim, analistas dizem que os resultados vieram conforme o esperado.
Por volta das 12h, as ações da Braskem saltavam 11,62%, a R$ 7,30. Na visão do BTG Pactual, a Braskem reduziu os riscos de sua tese de investimento com um marco importante na resolução de sua contingência em Alagoas, assinando um acordo com o Estado de Alagoas no valor total de R$ 1,2 bilhão. O saldo restante será liquidado em 10 parcelas variáveis, a maior parte após 2030, equalizando a geração de caixa esperada da empresa.
“Com R$ 467 milhões já provisionados, este acordo, pendente de aprovação judicial, libera a Braskem de acusações relacionadas ao estado e reduz significativamente o risco de seu balanço patrimonial. Como resultado, o total de passivos em Alagoas agora é de R$ 3,8 bilhões, ante R$ 4,7 bilhões no início do trimestre, eliminando um grande risco para a tese”, dizem Gustavo Cunha e Bruno Henriques, que assinam o relatório do BTG.
Ainda assim, os especialistas comentam que os resultados da Braskem no 3T25 foram fracos, como esperado pelo banco. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 818 milhões, uma queda de 66% frente ao apresentado um ano antes, dentro do esperado pelo BTG.
“Os lucros continuam refletindo a mesma tendência do último trimestre, com os spreads petroquímicos sob pressão e despesas financeiras elevadas impulsionando o consumo contínuo de caixa”, salientam Gustavo Cunha e Bruno Henriques.
Já os analistas do Citi apontam que os números ficaram acima das projeções, mas o banco considera que o balanço segue pressionado pelo cenário desafiador do setor. Segundo os analistas Gabriel Barra, Pedro Gama e Andrés Cardona, a geração negativa de caixa elevou a alavancagem. A relação dívida líquida ajustada sobre Ebitda dos últimos 12 meses saltou para 14,76 vezes, comparada a 10,59 vezes no segundo trimestre e 5,76 vezes um ano atrás, aponta a casa.
Nos Estados Unidos e Europa, o Ebitda virou para negativo em US$ 15 milhões, refletindo, diz o banco, a queda de 81% no lucro bruto e despesas maiores com pessoal. No México, o resultado operacional foi negativo em US$ 37 milhões, diante de custos mais altos de etano e de ociosidade. O Citi ressalta, contudo, que o acordo firmado com o Estado de Alagoas, no valor de R$ 1,2 bilhão, dos quais R$ 139 milhões já pagos, é um marco importante, pois reduz um dos principais riscos que afligem investidores.
O que o investidor deve fazer com as ações da Braskem?
Para os analistas, a companhia pode ter retirado o elefante da sala com a resolução do caso de Alagoas. No entanto, o papel ainda precisa de outros gatilhos para o ativo ser atrativo. Segundo o BTG Pactual, a aprovação do projeto de lei REIQ/PRESIQ na Câmara dos Deputados pode oferecer um alívio parcial.
“Ainda assim, em nossa opinião, é insuficiente para restaurar a geração sustentável de caixa”, explicam os analistas.
O BTG tem recomendação neutra para a Braskem com preço-alvo de R$ 11 para os próximos 12 meses, alta de 68,2% na comparação com o último fechamento. O Citi também tem recomendação neutra para as ações da Braskem. O preço-alvo é de R$ 8,00, 22,3% acima do último fechamento.
Apesar de reconhecer avanços regulatórios recentes, como a alíquota de 20% de Imposto de Importação para resinas até outubro de 2026 e medidas antidumping sobre polietileno por até seis meses, o Citi não vê neles força suficiente para reverter a pressão sobre spreads petroquímicos, causando a recomendação neutra para o ativo.
Em suma, as ações da Braskem (BRKM5) sobem após a resolução de sua contingência em Alagoas, que segundo analistas retira o risco da tese. No entanto, o balanço ainda segue poluído com a última linha ainda no vermelho, gerando apreensão do mercado com o ativo.