

A Caixa Seguridade (CXSE3) protocolou, perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), um pedido de registro automático de oferta pública de distribuição secundária de 82,5 milhões de ações ordinárias, mostra documento enviado ao mercado na noite deste domingo (10). Para analistas ouvidos pelo E-Investidor, o anúncio é positivo para investidor pessoa física, mas não deve trazer grandes impactos positivos para a ação da empresa no curto prazo, pois já era algo precificado pelo mercado.
Às 10h24min, as ações da Caixa Seguridade caíam 3,69%, a R$ 15,40. Segundo Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, a primeira coisa que o investidor deve ter em mente é que a oferta de ações não deve causar uma diluição, isso porque a empresa não vai emitir novas ações. A companhia vai vender a mercado ações já existentes que estão sob posse do controlador.
Desse modo, o especialista lembra que a liquidez do papel tende a aumentar justamente pelo fato de ter mais ativos da companhia em circulação. “A empresa também passa a se enquadrar nas normas do novo mercado para ter o porcentual mínimo de ações em circulação. Essa questão é muito positiva para o investidor, pois mostra que ele está aportando em uma empresa que busca padrões elevados e confiáveis de gestão”, diz Belitardo.
Publicidade
Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos
Para os analistas do Goldman Sachs, a oferta deve aumentar o atual capital flutuante da Caixa Seguridade de 17,25% para 20,0%, atendendo ao padrão mínimo de listagem do Novo Mercado. “Esperamos que a oferta melhore o volume médio diário de negociação atual das ações de US$ 11 milhões, que está abaixo da mediana dos pares financeiros da América Latina de US$ 42 milhões”, dizem Tiago Binsfeld, Tito Labarta, Beatriz Abreu e Lindsey Shema, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
Os especialistas do Goldman Sachs comentam que a oferta de ações da Caixa Seguridade era amplamente esperada, considerando avisos anteriores da empresa. Justamente por isso, Belitardo, da Hike Capital, lembra que a ação não tende a subir nesta segunda-feira. A XP Investimentos reforça a tese e diz que essa oferta é necessária para atender ao limite mínimo de capital flutuante exigido pelo Novo Mercado da B3 (20%) e não altera a visão dos analistas sobre a empresa.
Como ficam os dividendos da Caixa Seguridade?
Em meio ao anúncio, os analistas estimam o que esperar dos dividendos da Caixa Seguridade em 2025. Para Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, vale a pena ter ações da companhia, principalmente por conta dos dividendos. Ele estima que a empresa deve pagar um rendimento em dividendo de 9% em relação ao seu valor de mercado e por isso o papel está atrativo.
A equipe da Ágora Investimentos tem a mesma visão. Os analistas comentam que enxergam a Caixa Seguridade como uma opção defensiva, principalmente em meio a taxas de juros, que devem continuar subindo ao longo do ano. O mais recente boletim Focus mostra que o mercado estima que a taxa básica de juros da economia, a Selic, deve terminar o ano cotada a 15%, uma alta de 1,75% ponto porcentual em relação a atual Selic de 13,25%.
As seguradoras são vistas como defensivas nesse cenário devido ao fato de parte do caixa ser aportado em títulos do Tesouro Selic. Ou seja, quanto maior a Selic, maior o rendimento desse dinheiro. Caso os clientes precisarem acionar o seguro, a empresa faz o resgate do dinheiro para virar sinistro. Se isso não acontece, o lucro é todo da companhia.
Publicidade
Desse modo, Ágora Investimentos tem a Caixa Seguridade como a sua ação favorita para o setor de seguros e recomenda compra para a ação. O preço-alvo é de R$ 18,00 para o fim de 2025, uma alta de 12,6% em relação ao fechamento de sexta-feira (7), quando a ação encerrou o pregão a R$ 15,99. O dividend yield estimado para a CXSE3 é de 8,5% para o acumulado de 2025.
Já os analistas do Goldman Sachs são os únicos a terem uma visão mais receosa sobre a empresa. Eles comentam que o papel está caro e que, embora enxergam espaço para maior penetração do produto na base de clientes da Caixa Econômica Federal, também há riscos de curto prazo para financiamento imobiliário devido ao ciclo de alta de juros.
O Goldman Sachs tem recomendação neutra para a Caixa Seguridade com preço-alvo de R$ 15 para o fim de 2025, uma queda de 6,2% em relação ao fechamento de sexta-feira. Todavia, as estimativas para os dividendos da Caixa Seguridade ainda são positivas, eles calculam que a empresa deve pagar cerca de 8,4% do seu valor de mercado em proventos em 2025.
Além disso, o banco estima que o papel apresenta um desconto de 28% para seu par mais próximo, a BB Seguridade, na relação Preço sobre Lucro (P/L). Por causa desses motivos, o Goldman Sachs não recomenda a venda da ação e mantém sua recomendação neutra, mesmo com a possibilidade de queda dos ativos. Ou seja, em linhas gerais, o investidor deve comprar as ações da Caixa Seguridade (CXSE3), mas a cautela é necessária, como aponta um dos analistas da reportagem.
Publicidade