A euforia global que levou o Ibovespa a bater recorde histórico nesta semana, alcançando 131.259,81 pontos ao longo da última quinta-feira (14), pavimenta perspectivas mais favoráveis para os ativos domésticos no início de 2024. Isso posto, analistas se mostram confortáveis em sugerir carteiras mais diversificadas, sem perder, no entanto, a cautela com setores como varejo, ainda bastante machucado, e commodities, sob a incógnita recuperação da economia chinesa.
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“Preservar pela diversificação é o caminho ideal e, à medida que as expectativas vão se confirmando em relação a uma inflação menor lá fora, o investidor pode ir assumindo riscos maiores”, diz Charo Alves, especialista em Renda Variável e sócio da Valor Investimentos.
“Podemos ter uma melhora mais expressiva em meados de 2024, com novos ajustes na taxa de juros, mas temos que acompanhar episódio a episódio”, pondera Alex Carvalho, analista da CM Capital, que aposta na diversificação da carteira como “proteção do patrimônio” e “método de mitigar o risco”. “O ideal é ajustar posições vencedoras, realizar parte dos lucros e se proteger”, destaca, considerando que a forte valorização recente da Bolsa também pode estar perto do fim.
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Matheus Amaral, analista do Inter (INBR32), vê igualmente um cenário propício à diversificação. Segundo ele, a expectativa de juros menores e um mercado com mais apetite por tomada de risco beneficiam ações de crescimento e setores voltados ao mercado doméstico, citando consumo, “real estate” (imobiliário) e financeiro.
“Sugerimos evitar no primeiro mês do ano, commodities e varejo, já que a China ainda tem sido um fator que pesa negativamente nos papéis das exportadoras”, explica. No varejo, além da maior competição, a inadimplência e crédito restrito ainda são fatores de preocupação, acrescenta.
Ricardo Peretti e Alice Corrêa, estrategistas de ações da Santander Corretora, sugerem um “portfólio balanceado” entre ações de setores mais defensivos, como telecomunicações e energia (Telefônica [VIVT3] e CPFL [CPFE3], respectivamente) e cíclicos, como transportes e varejo “premium” (Localiza [RENT3] e Vivara [VIVA3]).
Suas recomendações levam em conta incertezas que devem fazer parte de 2024, seja no âmbito global, como timing de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), eleição nos EUA, potencial recessão na economia americana, ritmo do crescimento da China e temor de uma escalada de conflitos geopolíticos; ou no local, como o ritmo de corte da Selic, eleições municipais e tramitações de pautas importantes no Congresso.
Peretti e Corrêa denotam cautela também com o que chamam de varejo discricionário, especialmente após a Black Friday deste ano mostrar-se mais fraca. “Pode ser indicativo de uma tendência semelhante para as vendas de fim de ano, diante de um cenário de alto endividamento das famílias brasileiras e do poder de compra ainda comprometido”, observam, alertando para um momento ainda desafiador para o setor de proteínas, em especial empresas com operações nos Estados Unidos, onde o ciclo bovino segue pressionado.
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Já a analista da Empiricus Research, Larissa Quaresma, se considera cética em relação a empresas muito alavancadas e de alto risco operacional. Para ela, por mais que quedas adicionais de juros possam fazer essas ações subirem mais que o mercado espera, a proposição de risco versus retorno é ruim.
“Em caso de algum revés macroeconômico, essas ações tendem a sofrer mais. Então, evitamos teses problemáticas. O potencial teoricamente explosivo de retorno não paga as noites de sono perdidas com a volatilidade e o risco envolvidos”, diz.
Neste sentido, a Empiricus também prioriza empresas de boa qualidade [com perspectiva de crescimento e rentabilidade satisfatória], mas que ainda sejam negociadas a um “valuation” atrativo. “Não pensamos muito em termos de defensividade (serviços públicos, setor financeiro) ou de agressividade (varejo). Preferimos pensar em uma diversificação setorial com um ‘mix’ de empresas sadias e com boas perspectivas. Nesse grupo, ainda há muita coisa barata”, diz.
Para a Órama Investimentos, Assaí, Arezzo e Vivara são as top picks em 2024. “Na saúde, Rede D’Or, que vem saindo de um 2023 complicado, é a do setor, a melhor posicionada para se beneficiar da tendência de queda de juros”, diz Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Lição de casa
Filipe Villegas, estrategista de ações da Genial Investimentos, acredita igualmente na diversificação de carteiras neste ambiente construtivo, que considera positivo para ações globais e, principalmente, para mercados emergentes, o que tende a favorecer o Brasil. Assim, ele aposta nas empresas que fizeram a lição de casa e que se mostram preparadas para colher os frutos.
“Há oportunidades em toda a Bolsa brasileira. O que faz a diferença é entender o ciclo micro econômico de cada empresa, para então, fazer as melhores escolhas”, destaca. Diante disso, ele não evita setores, mas empresas que ainda estão em situação difícil e que não conseguiram entregar resultados em 2023 e ainda não passaram qualquer perspectiva de que vão conseguir melhorar seus fundamentos no próximo ano.
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Outra restrição de Villegas está para ativos ligados a empresas em fase de desaceleração, que entregaram ótimos resultados em 2023, como é o caso do setor de seguros. “Não pela performance, mas devido à entrega de bons resultados, que tende a desacelerar”, pontua.
Excesso de otimismo é perigoso
Filipe Borges, analista da Nomos, avalia que o mercado precificou muito a queda de juros nos Estados Unidos para maio e que se isso não se concretizar, o mercado pode sofrer pelo excesso de otimismo. “Estamos em um momento de euforia e devemos ficar em empresas com bons fundamentos e ‘valuations’. Se posicionar em energia elétrica para 2024 é uma boa”, sugere.
“O cenário de juros de certa forma vem esfriando aos poucos a economia americana, o melhor cenário para os ativos de risco. Só que esse movimento deve ser muito cauteloso, porque não tem nada definido ainda e o jogo pode virar”, observa Alves, da Valor Investimentos, que aposta em uma carteira balanceada no inicio de 2024.
“É bom ter ativo de risco, mas é bom também ter empresas mais sólidas, geradoras de caixa, em prol de um portfólio equilibrado e até de certa forma um pouco mais defensivo também”, destaca, considerando que também vale à pena ter um pouco de posição na renda fixa. “Os juros permanecem elevados e a renda fixa continua pagando boas taxas”, explica.
Olho nas carteiras
Com relação às recomendações de Top Picks para a próxima semana, a Valor Investimentos trocou Oncoclínicas ON (ONCO3), Orizon ON (ORVR3), Santos Brasil ON (STBP3), Vivara ON (VIVA3) e Vulcabras ON (VULC3) por Auren ON (AURE3), JBS ON (JBSS3), Orizon ON, Vale ON (VALE3) e Vamos ON (VAMO3).
Nomos, por sua vez, elegeu Auren ON, Banrisul PNB (BRSR6), Dexxos Participações ON (DEXP3), GPA ON (PCAR3) e Metal Leve ON (LEVE3) para ocupar os lugares de Kepler Weber ON (KEPL3), Méliuz ON (CASH3), Movida ON (MOVI3), Petrobras PN (PETR4) e Vulcabras ON. Enquanto MyCap fez também duas atualizações. Eztec ON (EZTC3) e PetroReconcavo ON (RECV3) cedem posições para Enauta ON e Raízen PN.
Já a CM Capital retirou Even ON (EVEN3) e incluiu Totvs ON (TOTS3).
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A Guide substituiu Sabesp ON (SBSP3) por BB Seguridade (BBSE3).
E a Terra Investimentos trocou Ambev ON por Vale ON.
A lista completa abaixo:
CM CAPITAL |
Banco do Brasil ON |
GPA ON |
Prio ON |
Raízen PN |
Totvs ON |
DAYCOVAL |
Equatorial ON |
Itaú Unibanco PN |
Petrobras PN |
Totvs ON |
Vale ON |
EMPIRICUS |
Equatorial ON |
Iguatemi Unit |
Itaú Unibanco PN |
Localiza ON |
Weg ON |
GENIAL INVESTIMENTOS |
Energisa Unit |
Hapvida ON |
Prio ON |
Vale ON |
Yduqs ON |
GUIDE INVESTIMENTOS |
Arezzo ON |
BB Seguridade ON |
Localiza ON |
Vibra ON |
Yduqs ON |
INTER |
BTG Pactual Unit |
Itaú Unibanco PN |
Petrobras PN |
Vale ON |
Vivara ON |
MIRAE ASSET |
Bradespar PN |
Cogna ON |
Gerdau PN |
Multiplan ON |
Vale ON |
MYCAP |
Enauta ON |
Lojas Quero-Quero ON |
Raízen PN |
São Martinho ON |
Vale ON |
NOMOS |
Auren ON |
Banrisul PNB |
Dexxos Participações ON |
GPA ON |
Metal Leve ON |
ÓRAMA INVESTIMENTOS |
Bradesco PN |
Eneva ON |
Klabin Unit |
Rede D’Or ON |
Simpar ON |
SANTANDER CORRETORA |
Prio ON |
Rumo ON |
Telefônica ON |
Vivara ON |
XP BDR |
TERRA INVESTIMENTOS |
Cosan ON |
Eletrobras ON |
Hypera ON |
SLC Agrícola ON |
Vale ON |
VALOR INVESTIMENTOS |
Auren ON |
JBS ON |
Orizon ON |
Vale ON |
Vamos ON |