Publicidade

Mercado

O que acontecerá com as ações da Casas Bahia (BHIA3) após o agrupamento?

Varejista tem sido pressionada pela economia e a administração tenta colocar a casa em ordem. Veja o impacto

O que acontecerá com as ações da Casas Bahia (BHIA3) após o agrupamento?
(Imagem: Felipe Rau/Estadão)
  • A varejista irá divulgar seu balanço corporativo no dia 8 de novembro.
  • A companhia luta para não ser penalizada pela Bolsa brasileira, por ter virado ua Penny Stocks.
  • Preço de tela da ação deverá mudar no próximo mês.

O Grupo Casas Bahia (BHIA3) irá divulgar seu balanço corporativo no dia 8 de novembro de 2023. O mercado aguarda os números com algum ceticismo, visto que a empresa reportou prejuízo líquido em todos os trimestres deste ano, até aqui. Para além das questões operacionais, a companhia também luta para não ser penalizada pela Bolsa brasileira.

Acontece que as ações negociadas a um valor muito baixo correm o risco de serem tiradas do principal índice da Bolsa, que é o Ibovespa, e o papel da varejista fechou o dia 27 cotado a R$ 0,48, após derreter 4% no rali do dia. Ou seja, por estar abaixo de R$ 1 é considerada uma penny stock, ou ação de centavos, como o termo indica.

Para resolver essa situação, o Grupo pretende levar à assembleia geral extraordinária (AGE), dia 16 de novembro, uma pauta que trata do grupamento de ações (inplit). A rede pretende utilizar a proporção 25 para 1 e, desta forma, quem tem 100 ações passa a ter quatro, porém, o valor investido não muda para o acionista.

Publicidade

Invista em oportunidades que combinam com seus objetivos. Faça seu cadastro na Ágora Investimentos

De acordo com Victor Bueno, sócio e analista de ações da Nord Research, o inplit não implica em grandes mudanças para o investidor. “Só vai mudar o preço de tela, ou seja, o valor negociado que provavelmente será de R$ 12,50 por ação na nova conjuntura”, diz, acrescentando que o market cap (valor de mercado) continuará igual.

Ele destaca que empresas que negociam em Bolsa a valores muito baixos acabam sendo mal-vistas pelo mercado. “Entretanto, o preço de uma ação não necessariamente representa o valor de uma empresa”, ressalta, acrescentando que, neste contexto, a Casas Bahia vem enfrentando polêmicas de gestão, polêmicas contábeis e também sofre com o ambiente macroeconômico, principalmente por conta dos juros no Brasil.

Em relação à Selic, a taxa de juros básica da economia brasileira – atualmente em 12,75% ao ano, patamar considerado alto e prejudicial a alguns setores, como o próprio varejo –, na próxima quarta-feira (1º) acontece a Super Quarta, quando o banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), e demais bancos centrais mundo afora se reúnem para tratar dos juros. No Brasil, a expectativa é de corte de 0,50%, em anúncio esperado para o mesmo dia.

Em se tratando da ação BHIA3, a Nord não recomenda compra e não trabalha com preço-alvo. “Também não consideramos o preço atual como ponto de entrada e estamos falando para nossos assinantes não comprarem o papel há um bom tempo”, frisa. O ativo reporta queda de 81% no acumulado de 2023 e de 97% desde 2021, segundo ele.

Em busca de liquidez

Para Iago Souza, analista da Genial Investimentos, o inplit da Casas Bahia tem por finalidade a busca de liquidez, bem como diminuir a volatilidade da ação. O primeiro diz respeito à velocidade com o qual um ativo pode ser convertido em caixa e o segundo trata de estabilidade, ou seja, levar o papel a alcançar um nível de negociação mais adequado e forçá-lo, de alguma forma, a ficar lá.

A tarefa não é fácil e o balanço do segundo trimestre deste ano mostra que as vendas online permaneceram em linha na base anual, o que significa dizer que não houve avanços no volume bruto de mercadorias (GMV) desde 2022. Foram R$ 11 bilhões no segundo trimestre de 2023.

Entretanto, o Ebitda ajustado do segundo trimestre de 2023 recuou 32,1% na base anual. Este trata do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização e é um dos principais indicadores financeiros.

A companhia declara no balanço do período que houve consumo no capital de giro em R$ 169 milhões, gastos com demandas judiciais trabalhistas de R$ 341 milhões, enquanto a monetização de créditos tributários somou R$ 659 milhões. “Adicionalmente, tivemos R$ 99 milhões de investimentos, R$ 39 milhões menor que o ano anterior, R$ 267 milhões de arrendamento e R$ 575 milhões de pagamentos de dívida”. Por fim, a posição final de caixa encerrou em R$ 2,8 bilhões no segundo trimestre deste ano.

Publicidade

A Genial Investimentos tem recomendação neutra e preço-alvo em R$ 0,90.

Setor de varejo turbulento

Já Apolo Duarte, planejador financeiro CFP, sócio e head da mesa de renda variável da AVG Capital, reforça que o setor varejista enfrenta turbulências contínuas e a Casas Bahia aparenta ser a companhia mais afetada. “As vendas fracas da empresa estão amplamente relacionadas ao momento macroeconómico do País”, frisa.

A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor do município de São Paulo, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) subiu 0,23% na terceira prévia de outubro, conforme divulgado na manhã do dia 25. Este é o índice que mede a inflação na cidade de São Paulo. Ele ficou levemente acima da leitura anterior (+0,22%).

O dado mostra que no principal mercado consumidor do País a inflação não dá trégua e isto, aliado aos juros altos, inibe o apetite das famílias por consumo, mesmo para bens populares ou bens industriais.

O IPC-Fipe mostra que a inflação do setor Habitação recuou 0,06%, de 0,21% de antes, mas o Alimentação subiu 0,09% frente à queda de 0,34% da leitura anterior. Saúde e Vestuário também ficaram mais caros, sendo 0,48% e 0,13%, respectivamente.

Recomendações para BHIA3

  • XP: recomendação neutra, com preço-alvo em 0,70;
  • BB: recomendaçao neutra, com preço-alvo em R$ 1,40;
  • Citi: recomendação neutra, com preço-alvo em R$ 0,70.

Web Stories

Ver tudo
<
>

Informe seu e-mail

Faça com que esse conteúdo ajude mais investidores. Compartilhe com os seus contatos