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- Com a queda de segunda-feira na Bolsa, o valor de mercado do Magalu caiu abaixo de R$ 10 bilhões. Em maio de 2020, a empresa chegou a valer R$ 184 bilhões
- Apesar da pressão que a empresa vem sofrendo, há quem se mostra otimista com o papel
O Magazine Luiza (MGLU3) – uma das companhias mais tradicionais do varejo brasileiro – chegou à menor cotação de sua ação na segunda-feira (23), ao recuar 1,95%, a R$ 1,51. E não há sinais de recuperação. Nesta terça-feira (24), o papel MGLU3 cai 6,62%, cotado a R$ 1,41, de acordo com o Broadcast.
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O papel reporta queda de 45% desde o início de janeiro e deve seguir pressionado por conta da crise do varejo tradicional, bem como pelos juros elevados.
O modelo de negócios vem passando por mudanças, com o cliente buscando novas experiências de consumo. Neste quesito, a varejista até acompanha as atualizações de mercado, reforçando as operações no ambiente online, mas a concorrência acirrou, com novos players operando no Brasil, da Amazon (AMZN; AMZO34) a Shopee.
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Do lado da política econômica, a companhia viu a alta taxa de juros do país afugentar sua clientela. A Selic, atualmente em 12,75% ao ano, é considerada elevada e acaba encarecendo o crédito. Assim, as famílias preferem assegurar a aquisição de bens de primeira necessidade, como alimentos, do que trocar de geladeira, por exemplo.
Com a queda de segunda-feira na Bolsa, o valor de mercado do Magalu caiu abaixo de R$ 10 bilhões. Em maio de 2020, a empresa chegou a valer R$ 184 bilhões.
Reestruturação em 2016
De acordo com Hugo Fagundes de Lima Queiroz, sócio diretor da L4 Capital e Hub do Valuation, o Magalu já passou por uma situação tão delicada quanto esta em 2016, quando o então CEO Frederico Trajano assumiu a empresa e precisou implementar, urgentemente, uma reestruturação com corte de pessoal na administração. Executivos foram desligados.
Apesar da pressão que a empresa vem sofrendo, ele se mostra otimista para a ação, embora sua empresa tenha recomendação neutra e preço-alvo em R$ 3. “O Magalu é, sim, uma boa oportunidade para quem quer ter alguma exposição ao varejo, mas o investidor deve estar atento ao ciclo econômico do País”, diz, acrescentando que se o ambiente macroeconômico melhorar, a empresa vai conseguir ajustar suas operações.
Entretanto, para o fim de 2023 ele está mais cauteloso, pois afirma não enxergar o último trimestre como um drive de valor, mesmo com Natal e Black Friday no radar. “Haverá crescimento sim, mas não será estrondoso”, ressalta.
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A Toro Investimentos também tem recomendação neutra para MGLU3, com preço-alvo em R$ 2,83, segundo o analista Gabriel Costa. “Com a mudança do ambiente, com taxas de juros mais elevadas, renda da população mais restrita, competitividade no setor e crédito escasso, o Magazine Luiza foi muito impactado pela reprecificação das expectativas e quebra do ‘cenário perfeito’ que se imaginava”, diz.
Em relação ao último trimestre do ano, com Natal e Black Friday, ele lembra que o período costuma ser muito vantajoso para o varejo, com grande parte da receita anual sendo realizada. Entretanto, afirma que a briga de preços entre o elevado número de concorrentes pode ser um desafio.
Em se tratando do marketplace do Magalu, ele indica que a plataforma vem evoluindo, principalmente após o pedido para aderir ao Remessa Conforme, programa da Receita Federal que zera alíquota de importação para compras cujo valor vai até US$ 50. “Isso pode trazer mais competitividade com as concorrentes externas à medida que promove maior equidade entre as condições de preços”, destaca.
Mercado Livre na dianteira
A Ativa Investimentos diz que no varejo quem se sai melhor é o Mercado Livre (MELI34), principalmente porque capturou melhor o “share” deixado pela Americanas (AMER3), ou seja, a participação de mercado. “Não temos grandes expectativas para o balanço do Magalu no terceiro trimestre de 2023”, informou a área de Research ao E-Investidor.
Para a Ativa, o preço atual da ação MGLU3 não configura um ponto de entrada para o investidor. “Embora o ativo esteja prejudicado, não julgamos que seja uma oportunidade, dado seu risco elevado. Existem oportunidades melhores no setor de varejo que apresentam menos risco”, aponta. A recomendação é neutra e o preço-alvo é R$ 4,20.
Dívidas de curto prazo
De acordo com Caroline Sanchez, analista de varejo da Levante Corp, o mercado acendeu mais um sinal de alerta com uma forte deterioração do resultado financeiro líquido do Magalu após o resultado do segundo trimestre de 2023, que foi pior inclusive do que o de dois anos antes, com um caixa menor do que a dívida de curto prazo da empresa.
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No 2T23, o Magalu registrou um caixa total de R$ 8,1 bilhões, com R$ 5,7 bilhões provenientes de recebíveis de cartão de crédito. Porém, ao considerar apenas o caixa disponível, composto pelo saldo em caixa e aplicações financeiras, o valor é de R$ 2,5 bilhões. “Esse montante é inferior às dívidas de curto prazo da varejista, que somam R$ 2,8 bilhões e vencem até o fim de 2024”, afirma.
Segundo a analista, pela primeira vez desde o terceiro trimestre de 2016 as dívidas de curto prazo superaram o saldo de caixa disponível. A situação financeira da varejista preocupa porque a geração de caixa continua apresentando limitações e, caso a empresa não consiga negociar a extensão dos prazos das dívidas de curto prazo com os bancos, é possível que seja necessário um aporte de capital.