As ações da Cemig(CMIG4) operam em forte queda nesta sexta-feira (14) após a companhia divulgar o balanço do terceiro trimestre de 2025. Segundo os analistas da Genial Investimentos, Safra e XP Investimentos, a empresa está “sob pressão após um resultado decepcionante e abaixo do esperado”, devido ao recuo de 63% no segmento de geração e transmissão (G&T).
Por volta das 15h30, as ações da Cemig recuavam 5,22%, a R$ 11,25. Ontem, a Cemig reportou lucro líquido de R$ 796,7 milhões no terceiro trimestre de 2025, queda de 75,7% ante igual etapa de 2024. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 1,5 bilhão, um valor 69,73% menor que o reportado no terceiro trimestre do ano passado.
Para a XP Investimentos, o número ficou 11% abaixo do esperado.
“A perda no balanço é explicada principalmente pelo relevante recuo de 63% no segmento de geração e transmissão (G&T), que deve continuar a sofrer nos próximos trimestres, já que a CMIG4 está atualmente com déficit de energia e, portanto, terá que comprar esses volumes a preços de mercado elevados”, dizem Raul Cavendish e Bruno Vidal, que assinam o relatório da XP.
A Genial Investimentos enxerga um resultado marcado por uma ligeira deterioração nos resultados do negócio de distribuição, impulsionada pela queda da energia distribuída no mercado cativo e por um ambiente ainda desafiador em perdas, apesar da manutenção dos indicadores nos limites regulatórios.
Além da necessidade de compra de energia, a corretora disse também que o aumento da exposição hidrológica e do PLD reduziu a rentabilidade operacional do segmento de geração e transmissão. “Adicionalmente, a atividade de comercialização registrou desempenho negativo devido ao fechamento de posições a preços elevados e ao descumprimento contratual de contrapartes, reforçando a volatilidade estrutural desse negócio”, explica Vitor Sousa, no documento da Genial.
Já o Safra diz que os custos totais administráveis ficaram 2% acima da estimativa, aumento de 16% em relação ao ano anterior, refletindo maiores despesas e provisões com terceiros. As perdas totais de energia permaneceram estáveis em relação ao trimestre anterior, em 11,4%, e as provisões para inadimplência ficaram em 1,4% da receita líquida.
“Os resultados ajustados foram decepcionantes e ficaram abaixo do esperado, afetados negativamente por volumes menores nas unidades de distribuição e gás, bem como por números pouco animadores na unidade de geração e comercialização”, detalham Carolina Carneiro, Daniel Travitzky e Ricardo Bello, que assinam o relatório do Safra.
O que fazer com as da Cemig?
A indicação é unânime. Os três analistas recomendam cautela com o ativo agora, ou seja, nem comprar e nem vender a ação. A XP tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 13,80 para os próximos 12 meses, alta de 16,25% na comparação com o fechamento de quinta-feira (14), quando a ação encerrou o pregão a R$ 11,87.
O Safra tem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 13,20, alta de 11% na comparação com o último fechamento. A recomendação é feita devido à incerteza sobre a possível transferência de controle para o governo federal. Além disso, o Estado de Minas Gerais propôs a inclusão da Cemig no programa de liquidação de passivos Estaduais perante o governo federal.
“No entanto, esse processo é complexo e pode levar algum tempo até que tenhamos atualizações sobre o assunto, aumentando o risco sobre a companhia”, salientam os especialistas do Safra.
A Genial também recomenda manter o papel da Cemig (CMIG4) na carteira com preço-alvo de R$ 12,50, crescimento de 5,66% em relação ao último fechamento. A corretora diz que empresa negocia com probabilidades limitadas de alta em relação à avaliação. “Entendemos que os gatilhos para destravamento de valor continuam com baixa visibilidade, como a possibilidade de privatização ou federalização, além da alternância de poder no estado de MG, que pode afetar a gestão da companhia”, conclui Vitor Sousa.