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O mercado brasileiro precisa organizar a casa quanto ao gasto público para reduzir os impactos do cenário externo mais incerto, avalia o presidente do Citi no País, Marcelo Marangon. De acordo com ele, é preciso recuperar a confiança dos agentes econômicos com a política fiscal, abalada no final do ano passado com os ruídos em torno do pacote de controle de gastos lançado pelo governo.
“Temos de fazer a nossa lição de casa o quanto antes no Brasil, através de austeridade fiscal, para ficarmos menos suscetíveis aos impactos globais”, afirmou Marangon ao Broadcast. “O que não podemos é ficar no cenário onde a tenhamos downside [fatores negativos] dos dois ângulos, interno e externo.”
Controle de gastos pode aliviar pressão inflacionária no Brasil
O executivo disse que as medidas de controle de gastos implementadas pelo governo foram bem definidas e estavam na direção correta. Os ruídos vieram da proposta de isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5.000 mensais. Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a proposta não foi acompanhada de medidas concretas de compensação, o que frustrou o mercado.
De acordo com o presidente do Citi, é preciso dar uma sinalização de controle de gastos para retirar o País de um “ciclo vicioso”, em que o déficit das contas públicas alimenta expectativas de inflação, os juros e, consequentemente, aumentam o custo do serviço da dívida. A importância dessas medidas, disse ele, cresceu diante do cenário internacional mais difícil.
Investidor estrangeiro e o impacto no mercado brasileiro
“A nova política do novo governo americano tem muitos componentes inflacionários, como a questão da migração, das tarifas e de medidas expansionistas”, disse Marangon.
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Recuperar a confiança é importante também para atrair recursos estrangeiros: mesmo tendo visão relativamente mais positiva que o investidor local, o de fora também quer sinais mais concretos de consolidação fiscal. “O investidor estrangeiro tem tirado recursos do Brasil. Mesmo conhecendo o potencial do País, as empresas, tem realocado seus recursos, diante da dinâmica global.”
Marangon disse que para o investidor estrangeiro, o País tem uma série de atrativos, da matriz energética mais limpa ao agronegócio, passando pelo chamado friendly shoring, que é a tendência de centrar cadeias de fornecimento em países com bom relacionamento diplomático entre si.
“Se tomarmos as medidas fiscais adequadas, conseguiremos recuperar a confiança do investidor local, o que vai, naturalmente, impactar o apetite a risco do investidor global”, afirmou ele. “O que vimos, inclusive nas conversas em Davos (no Fórum Econômico Mundial), é que o Brasil não está nas prioridades globais, tendo em vista o momento atual.”