Mercado

Demanda por commodities cresce no mundo. É hora de investir?

Na avaliação de analistas, o crescimento está relacionado com a retomada da economia mundial

A forte demanda deve permanecer nos primeiros meses de 2022, na avaliação de analistas (Foto: Envato Elements)
  • As commodities representam cerca de 70% do total dos itens exportados no País, segundo dados da Fundação Getúlio Vargas
  • Os preços das commodities brasileiras exportadas aumentaram cerca de 35,8% no mês de outubro em relação ao mesmo período do ano passado
  • O aumento da demanda de commodities deve seguir em alta nos próximos meses, mas, na avaliação de analistas, ainda é cedo para definir por quanto tempo esse crescimento deve permanecer

Os preços das commodities brasileiras exportadas aumentaram cerca de 35,8% no mês de outubro em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, o volume dessas exportações retraiu 2,9% no último mês, de acordo com os dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

As commodities representam cerca de 70% do total dos itens exportados no País. Na avaliação de analistas, o bom momento deve seguir nos primeiros meses de 2022 e representa uma oportunidade de investimentos nas companhias produtoras de commodities.

As razões para esta alta são inúmeras. Segundo Matheus Spiess, analista da Empiricus, com a reabertura das atividades após os períodos de isolamento social devido à covid-19, a demanda pelas commodities voltou a crescer em todo o mundo.

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“Esse processo de retomada econômica muito vibrante resulta em um choque entre oferta e demanda, causando uma disrupção na cadeia de suprimentos e evidentemente pressionando os preços”, explica.

Além disso, os planos de recuperação anunciados por alguns países também devem ajudar a manter esse mercado em alta. É o caso dos Estados Unidos que aprovaram um pacote de investimentos em infraestrutura no valor de U$ 1,2 trilhão na primeira semana de novembro.

“São vários pacotes de estímulo que vão engajar a economia nos próximos anos. Vão demandar investimento entre eles de infraestrutura que demandam naturalmente commodities”, ressalta. “O Brasil se beneficiaria disso naturalmente pela sua exacerbada potencialidade de fornecimento de matéria-prima para o mundo”, acrescenta.

Além de aumentar os preços, Guilherme Martins, especialista em renda variável da EWZ Capital, explica que a alta demanda também contribuiu para a maior participação das commodities na exportação brasileira. “As commodities vêm ganhando espaço com o passar dos anos. Nos anos 2000, tinham cerca de 50% de participação. Neste ano, a participação chegou a máxima histórica desde que passou a ser medido”, frisa.

Por esse motivo, as empresas ligadas a commodities podem contribuir para a melhora da performance do Ibovespa. Segundo Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos, essas companhias, como mineradoras e siderúrgicas, representam cerca de 35% do valor de mercado do índice. “Por elas terem contribuições relevantes para os lucros do Ibovespa de forma geral, pode levar à uma alta do Ibovespa”, ressalta.

De acordo com a pesquisa da FGV, as empresas de fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos foram as mais beneficiadas com esse processo de recuperação econômica ao registrar uma alta de 37% no volume exportado. Neste setor, Mario Goulart, analista da O2 Research, afirma que aWEG (WEGE3) e a Tupy (TUPY3) são exemplos das companhias que mais se beneficiaram.

“São empresas em que as exportações são relevantes. Então, com a demanda mundial voltando, elas estão subindo a sua produção”, explica.

Qual é a previsão para 2022?

O aumento das demandas de commodities deve seguir em alta nos próximos meses, mas, na avaliação de analistas, ainda é cedo para definir por quanto tempo esse crescimento deve permanecer. Lie, da XP Investimentos, acredita que o momento não representa um superciclo de commodity registrado em anos anteriores. “A medida em que as cadeias de produção forem se formalizando a gente deve ver os preços começaram a se moderar um pouquinho”, avalia.

Além disso, ela espera que os preços sofram ainda mais volatilidades devido a alguns cenários no mercado externo. “A gente está passando por outro momento de preocupação com a alta de covid-19 no hemisfério norte. Tem discussões sobre a desaceleração da economia chinesa”, cita.

Goulart já tem outra perspectiva. Segundo ele, o pacote de infraestrutura dos Estados Unidos, aprovado no início de novembro, deve permanecer aquecendo a demanda por commodities ao longo de 2022. “O pacote deve beneficiar toda a cadeia da construção civil. No caso do Brasil, é basicamente minério de ferro. As siderúrgicas também devem se beneficiar”, afirma. “Esse plano não deve ser cumprido tão rápido”, acrescenta.

Matheus Spiess, da Empiricus, também tem a mesma avaliação, mas ressalta que nem todas as commodities devem manter seus preços elevados ao longo de 2022. Na avaliação dele, o petróleo, por exemplo, deve permanecer em alta até a metade do ano que vem. “Deve ser um bom ano para o aço. É claro que deve acontecer uma normalização dos preços, mas ainda assim deve ser construtivo”, ressalta.

Recomendações

As empresas fornecedoras de matéria-prima para as indústrias são as principais recomendações dos analistas. É o caso da XP Investimentos, que recomenda a compra dos ativos da Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4) e São Martinho (SMTO3).

Já Mário Goulart, analista da O2 Research, recomenda a compra das ações da WEG (WEGE3), Tupy (TUPY3), Indústrias Romi SA (ROMI3) e da Mahle (LEVE3) por ter uma produção voltada para atender o mercado externo. “As empresas podem servir como proteção para a situação (econômica) brasileira e para a desvalorização cambial”, justifica.

A Empiricus também recomenda a compra das ações da Gerdau (GGBR4). Já no setor de petróleo, as empresas PRIO (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) são as indicações de compras. “Estamos construtivos para o patamar de preço do petróleo”, ressalta Matheus Spiess, analista da Empiricus.