

Os mercados globais tiveram uma reviravolta na tarde desta quarta-feira (9) com a notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, suspendeu por 90 dias as tarifas recíprocas anunciadas há uma semana. O passo atrás acontece na esteira do acirramento da guerra comercial com a China, que, pela manhã, havia anunciado uma nova retaliação às importações americanas.
A pausa vale para aqueles países que não retaliaram os EUA. A China, que sobretaxou o país em 84%, agora terá uma alíquota de 125% com vigência imediata. Em sua rede social, Truth Social, Trump escreveu que espera que “em um futuro próximo, a China perceba que os dias de de roubo dos EUA não são mais aceitáveis”. A tarifa recíproca às outras nações foi reduzida para 10% pelos próximos 90 dias.
O efeito foi imediato. Às 14h32, logo após o anúncio, a Nasdaq deu um salto de 9%, enquanto o Dow Jones subia 6,33% e o S&P 500, 7,29%. Ao final do dia, os três índices terminaram em alta. Nasdaq registrou ganhos de 12,16%, na maior alta percentual diária desde janeiro de 2001, já Dow Jones e S&P 500 avançaram 7,87% e 9,52%, respectivamente.
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O Ibovespa fechou em alta de 3,12%, aos 127.795,93 pontos. O dólar, que chegou a bater R$ 6,0967, encerrou em queda de 2,51% ante o real, a R$ 5,8473.
Pela manhã, a sessão era instável, com novos desdobramentos na guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Na véspera, o presidente americano, Donald Trump, elevou as tarifas sobre as importações chinesas em mais 50%; uma alíquota, até então, de 104%. Em resposta, o governo chinês anunciou na manhã desta quarta-feira que vai responder com uma tarifa adicional de 50% sobre importações americanas, levando a retaliação aos EUA a uma taxa total de 84%.
Os países membros da União Europeia também aprovaram nesta quarta-feira uma resposta ao tarifaço de Trump. Os 27 membros do bloco deram aval a um conjunto de produtos americanos que estarão sujeitos a tarifas, que podem ser cobradas a partir de 15 de abril. A série de produtos inclui soja, suco de laranja, carne e motocicletas.
A notícia de novas tarifas pesou sobre os investimentos globais, que, pela manhã, tentavam esboçar uma recuperação. O petróleo chegou a cair mais de 6% pela manhã, renovando os menores níveis desde janeiro de 2021, mas virou para alta, tanto o WTI, quanto o Brent, após a notícia da pausa nas tarifas.
Bolsas da Europa fecham em queda
As bolsas europeias começaram o pregão em queda, indicando dificuldades em sustentar os números positivos vistos na terça (8). Nos primeiros momentos de negociação, as perdas superaram os 2% em todas os principais mercados da Europa. Os índices de ações acentuaram a desvalorização após a notícia das tarifas na China, mas reduziram o ritmo após a UE aprovar uma resposta aos impostos sobre produtos europeus.
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As Bolsas da Europa fecharam o pregão antes da mudança no posicionamento de Trump, por isso, tiveram forte queda. Em Londres, o FTSE 100 recuou 2,92%, aos 7.679,48 pontos. O CAC 40, de Paris, caiu 3,34%, para 6.863,02 pontos, enquanto o Ibex 35, de Madri, despencou 2,43%, aos 11.773,55 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 perdeu 2,85%, a 6.253,96 pontos. Já o FTSE MIB, de Milão, teve baixa de 2,75%, aos 32.730,57 pontos. O índice DAX, da Bolsa de Frankfurt, sofreu baixa de 3%, aos 19670,88 pontos, com o acordo entre os partidos conservadores e de centro-esquerda para formação de um novo governo ficando em segundo plano.
O índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 3,51%, a 469,84 pontos, 15% abaixo de sua máxima histórica.
Bolsas na Ásia ficam sem direção única
Antes do anúncio da China, as bolsas asiáticas fecharam o pregão desta quarta-feira sem direção única. A Bolsa de Tóquio encerrou em queda, com o índice Nikkei do Japão em baixa de 3,93%, atingindo 31.714,03 pontos, após a implementação das novas taxas.
Em Taiwan, o índice Taiex liderou as perdas com queda de 5,79% nas negociações em 17.391,76 pontos. Na Coreia do Sul, o Kospi teve uma diminuição de 1,74%, a 2.293,70 pontos. Já o índice S&P/ASX 200 da Austrália recuou 1,80%, fechando em 7.375,00 pontos.
Por outro lado, em Hong Kong, o Hang Seng subiu 0,68%, aos 20.264,49 pontos, e o Xangai Composto avançou para 1,77% a 1.823,61 pontos.
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Os mercados asiáticos haviam apresentado alta na última terça-feira, com os índices subindo 6% em Tóquio, 2,5% em Paris e 1,6% em Xangai, mas voltaram a cair nas negociações de quarta-feira após anúncio de uma nova elevação nas tarifas sobre produtos chineses nos EUA.
O ministério chinês classificou o aumento de tarifas adicionais pelos americanos como “um erro em cima de outro” e alega que a medida infringe gravemente os direitos e interesses legítimos da potência asiática, além de prejudicar o sistema comercial multilateral baseado em regras e impactar “seriamente” a estabilidade da ordem econômica global. “É um exemplo típico de unilateralismo, protecionismo e intimidação econômica”, diz o ministério, em nota.
Petróleo tem dia de trégua e fecha em alta
Os contratos futuros de petróleo inverteram o sinal e fecharam a quarta-feira (9) em alta após o presidente americano, Donald Trump, anunciar uma pausa de 90 dias, com vigência imediata, na aplicação das tarifas recíprocas de importação para os países que não retaliaram os Estados Unidos.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para maio subiu 4,65% (US$ 2,77), fechando a US$ 62,35 o barril. O Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), avançou 4,23% (US$ 2,66), alcançando US$ 65,48 o barril.
Ouro sobe em mais uma sessão
Os preços do ouro encerraram em alta nesta quarta-feira (9), se aproximando dos níveis recordes alcançados recentemente. A disparada na busca por ativos de segurança, diante do aumento da tensão comercial global, sustentou o apetite pelo metal precioso. O fechamento dos negócios ocorreu antes do anúncio de revisão em relação à imposição de tarifas recíprocas por Trump.
Na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato do ouro para junho subiu 2,98%, encerrando em US$ 3.086,2 por onça-troy. Na máxima, o metal dourado atingiu US$ 3.117,1.
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*Com informações do Broadcast