- Após o ataque da Rússia à Ucrânia, os mercados responderam com cautela. Historicamente, conflitos geopolíticos globais afetam a avaliação de risco dos investidores
- A Guerra do Vietnã, iniciada em 1959, foi o conflito que fez com que o S&P 500 demorasse mais tempo para retomar: 1.017 dias
Após o ataque da Rússia à Ucrânia na última quinta-feira (24), os mercados responderam com cautela. Historicamente, conflitos geopolíticos globais afetam a avaliação de risco dos investidores.
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Enquanto o Ibovespa fechou em queda leve queda de 0,37%, o S&P 500 encerrou o dia em alta de 1,49% e o Nasdaq terminou com valorização de 3,34%. Nos EUA, o presidente Joe Biden anunciou fortes sanções econômicas à Rússia, o que repercutiu positivamente nos índices acionários do país.
Avaliando o impacto histórico das guerras dos últimos 70 anos, a Guerra do Golfo, em 1990, foi o conflito que causou mais queda do S&P 500, chegando a tombar 20,22%, segundo dados levantados pelo Yubb. Entre os dez conflitos listados, o ataque à Ucrânia ocupa o sexto lugar em maiores quedas, após cair 7,62%.
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Já olhando para o tempo de recuperação, a Guerra do Vietnã, iniciada em 1959, foi o conflito que fez com que o S&P 500 demorasse mais tempo para retomar: 1.017 dias.
Segundo a plataforma, os percentuais foram considerados com base no início das tensões e impacto na bolsa de valores. Em alguns casos, pode ter sido o dia imediatamente anterior (como no caso dos ataques de 11 de setembro).
De acordo com Pascowitch, pelos dados do levantamento é possível pontuar que os impactos não são duradouros, podendo ter retomada de quatro dias, como na Guerra do Kosovo, em 1998, até 3 anos e os dois anos e nove meses da Guerra do Vietnã.
O mercado e o histórico de guerras
Ano | Guerra | S&P 500 | Tempo de recuperação |
1990 | Guerra do Golfo | -20,22% | 211 dias |
1959 | Guerra do Vietnã | -14,62% | 1.017 dias |
2001 | 11 de setembro | -12,85% | 53 dias |
1999 | 2° Guerra na Chechênia | -10,57% | 77 dias |
1962 | Crise dos mísseis em Cuba | -9,06% | 23 dias |
2022 | Guerra da Ucrânia | -7,62% | |
2014 | Invasão na Crimeia | -6,01% | 92 dias |
2003 | Guerra do Iraque | -5,53% | 32 dias |
1992 | Guerra da Bósnia | -3,21% | 186 dias |
2001 | Guerra do Afeganistão | -2,56% | 29 dias |
1998 | Guerra do Kosovo | -2,20% | 4 dias |
2008 | Guerra Russo-Georgiana | -1,92% | 7 dias |
Fonte: Yubb |
Impactos
Pascowitch ressalta que uma das diferenças entre a guerra atual com as anteriores são os criptoativos. Para ele, com a correlação do Bitcoin com o S&P 500, o mercado cripto tende a seguir esse mesmo movimento de leve queda e rápida recuperação. “No entanto, vale lembrar que o Bitcoin não passou por muitas guerras, então, ainda estamos entendendo como ele se comporta frente a tensões globais”, complementa.
Vitor Miziara, sócio da Criteria Investimentos e colunista do E-Investidor, aponta que a principal lição de outras guerras é que o mercado vai se recuperar. Em geral, ele indica que o retorno acontece em até oito meses. Por outro lado, por conta da proporção do conflito, investidores podem esperar maiores quedas.
“Esses cenários trazem mais volatilidade e mais risco, mas também são oportunidades principalmente no curto prazo. Por enquanto, a guerra ainda está localizada, mas a atenção deve ser ao nível de sanções que os países vão impor sobre a Rússia”, explica.
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Segundo Miziara, para o investidor brasileiro, o impacto é sobretudo no segmento de commodities e cadeia produtiva. Além disso, o dólar aumentou nesta quinta-feira refletindo uma demanda, já que os investidores buscam o ativo por ser considerado um investimento seguro. “A economia mundial não vai ser abalada completamente. As empresas brasileiras não vão sofrer, a queda de hoje é abertura de oportunidade”, complementa.