Mercado

Crédito crescerá menos em 2020, projeta Banco Central

BC reduz estimativas de aumento de empréstimos a pessoas físicas

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central. Foto: Gabriela Biló/Estadão
  • Projeção do BC para crescimento do crédito cai de 8,1% para 4,8% em 2020
  • No crédito direcionado, BC espera agora estabilidade nos financiamentos
  • No crédito livre, expectativa de alta dos empréstimos às famílias caiu para 10%

O Banco Central (BC) revisou para baixo sua projeção de crescimento do crédito, de 8,1% para 4,8% em 2020. É o que aponta o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) divulgado nessa quinta-feira (26).

“De forma geral, a projeção de menor crescimento do saldo de crédito reflete cenário substancialmente mais desafiador para a atividade econômica diante da pandemia de coronavírus (COVID-19), haja vista a elevação de incertezas no ambiente econômico internacional e a expressiva queda nas expectativas de crescimento para o Brasil em 2020”, diz o documento.

Com esses receios, a autoridade monetária reduziu as estimativas do aumento de empréstimos para pessoas físicas, de 12,2% para 7,8%; e das empresas, de 2,5% para 0,6%.

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Vale citar que no chamado crédito direcionado, o BC espera agora uma estabilidade (0%) nos financiamentos para este ano, ao esperar uma queda de 8% nos empréstimos às empresas, e uma alta de apenas 5% às pessoas físicas.

Já no crédito livre, ou seja, com livre movimentação de recursos pelos tomadores, a expectativa de alta dos empréstimos às famílias caiu para 10%, ante 16,6% em 2019; e no financiamento às pessoas jurídicas (PJs) recuou para 6%.

Na visão do professor do Insper, Fabio Austrauskas, o volume de crédito deve cair mais com o agravamento da pandemia de coronavírus e com as quarentenas de restrição a circulação de pessoas. “O próprio BC está admitindo que o crédito direcionado ficará em zero. Mesmo com a injeção de liquidez feita pelo BC nas últimas semanas, os recursos com crédito livre devem ficar empoçados nos bancos, pois as instituições financeiras vão assumir que o ambiente ficará ainda pior. Os bancos terão muita cautela na concessão por causa do temor de aumento da inadimplência”, diz.

Para Austrauskas, a atividade de crédito só irá destravar com medidas do governo pela política fiscal. “Esse & eacute; o caminho nos países desenvolvidos. Mas, no Brasil, teremos muita dificuldade fiscal, o déficit público já estava elevado”, afirma.

Já Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) – que reúne financeiras de bancos, financeiras independentes e cooperativas de crédito – acredita que o crédito deverá crescer pouco acima da inflação neste ano.

“O crescimento do crédito será acima da inflação, mas também pode ficar entre 3,5% e 4%. Há muita demanda das empresas por crédito de curto prazo, uma parte para ser rolada, vai depender da proximidade das empresas com a instituição para entender a situação dele nesse momento. Temos muita aversão ao risco”, afirma.

Para pessoas físicas e empresas que estiverem com dificuldade de renda ou de receita por causa dos reflexos da pandemia de coronavírus, Tingas recomenda que os tomadores procurem suas instituições para conversar. “Ligue para o gerente, ou consulte pelos canais digitais. Bancos, financeiras e cooperativas estão dispostos para ouvir”, diz. Segundo a Febraban, a orientação é de extensão dos prazos de pagamentos de dívidas por 60 dias.