

A CSN (CSNA3) apresentou prejuízo líquido de R$ 85 milhões no quarto trimestre de 2024, uma reversão em relação ao lucro de R$ 851 milhões do mesmo período de 2023. Embora a empresa tenha amargado perdas, analistas do mercado financeiro afirmam que os números foram melhores que o esperado, fazendo as ações da empresa dispararem no pregão desta quinta-feira (13). Às 14h50, as ações da CSN subiam 7,79%, a R$ 9,13.
Para a Ágora Investimentos e o Bradesco BBI, os números mostram força, com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) 13% acima do esperado pelo Bradesco BBI e 15% além do consenso. Eles afirmam que esse balanço é explicado por resultados mais fortes do que o esperado em todas as divisões.
“No segmento de minério de ferro, apesar dos menores volumes sequenciais e custos mais altos, preços realizados materialmente mais elevados levaram o Ebitda a aumentar em quase 80% no trimestre. Ao mesmo tempo, as margens na siderurgia atingiram dois dígitos pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2023, ajudadas por uma combinação de custos mais baixos e preços e volumes ligeiramente mais altos (apesar da sazonalidade mais fraca)”, explicam Rafael Barcellos do Bradesco BBI e Renato Chanes, da Ágora Investimentos.
Analistas do BTG Pactual lembram que mesmo com o balanço da CSN acima do esperado, a companhia continuou a queimar dinheiro, relatando Fluxo de Caixa Livre (FCL) negativo no trimestre e progresso limitado do balanço (alavancagem ainda em 3,49 vezes), o que continua sendo uma preocupação importante para os investidores.
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“Para ser justo, isso foi um pouco impactado por uma saída significativa de capital de giro. No geral, o mercado deve receber bem essas melhorias operacionais, mas uma mudança significativa no sentimento e na avaliação provavelmente exigirá progresso na redução do endividamento, que continua ausente”, argumentam Leonardo Correa e Marcelo Arazi, que assinam o relatório do BTG.
Na visão do Santander, o capex (recurso para aquisição de bens de capital) de R$ 2,1 bilhões está em linha com as orientações e segue o progresso na construção da planta de Itabirito P15 da CSN Mineração, além de melhorias nas operações de siderurgia, sinterização e modernização. Na divisão de cimento, o destaque foi para a gestão de custos, classificada como eficaz, segundo informações do Broadcast.
Alta do dólar ajuda CSN a compensar os preços baixos?
Para a Genial Investimentos, um dos principais destaques do balanço da CSN ficou com a venda de aço, que cresceu 10% no quarto trimestre de 2024 na comparação com igual período de 2023, puxado pelo mercado doméstico. O preço realizado foi de R$ 5.245 por tonelada, queda de 1,3% em um ano, mas que poderia ser maior devido à queda da commodity no mercado internacional. A baixa do preço do produto foi amenizada pela alta do dólar.
Os especialistas comentam que mesmo com reversão do lucro na base anual, houve uma melhora de 88,7% na base trimestral. Eles apontam que tal avanço expressivo na base trimestral foi sustentado pelo sólido desempenho operacional, que compensou parcialmente o impacto negativo do resultado financeiro.
“Adicionalmente, acreditávamos que a variação cambial da dívida em dólar iria criar uma pressão muito negativa para as últimas linhas do balanço. Analisamos que essa pressão foi quase que integralmente mitigada na holding via forte resultado financeiro da CNS Mineração, apoiado por uma exposição robusta de aplicação financeira em dólar, convertida em real. Essa dinâmica explica basicamente a divergência alta que encontramos no resultado financeiro frente ao que esperávamos”, explicam Igor Guedes, Luca Vello e Iago Souza, que assinam o relatório da Genial.
Veja os principais destaques do balanço da CSN
- Prejuízo de R$ 85 milhões no quarto trimestre de 2024 ante lucro de R$ 851 milhões no quarto trimestre de 2023;
- Ebitda ajustado de R$ 3,35 bilhões no quarto trimestre de 2024, queda de 8% em relação ao quarto trimestre de 2023;
- Vendas de aço somaram 1,175 milhão de toneladas, alta de 10,4% ante o mesmo trimestre de 2023;
- Dívida líquida consolidada atingiu R$ 35,704 bilhões no trimestre, com alta de 16,4%.
O que fazer com as ações da CSN agora?
Para os analistas, o ideal é o investidor ficar de fora do papel. A equipe do BTG diz que mantém sua recomendação neutra para as ações CNSA3 devido às preocupações com alocação de capital e falta de visibilidade sobre o ritmo de desalavancagem, apesar da melhoria operacional vista no quarto trimestre.
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Na visão dos especialistas, a empresa busca uma agenda de crescimento em evolução, que elevou a alavancagem da CSN a um nível mais alto, aumentando, por sua vez, a percepção de risco. “Estamos cautelosos sobre as operações de aço, pois as importações permanecem elevadas no Brasil, e espera-se que as margens permaneçam sob pressão nos próximos trimestres”, dizem Leonardo Correa e Marcelo Arazi, que assinam o relatório do BTG.
A Genial Investimentos tem recomendação de manter o papel, que é equivalente à neutra, com preço-alvo de R$ 9,50 para o fim de 2025, alta de 12,16% em relação ao fechamento de quarta-feira (12), quando a ação encerrou o pregão a R$ 8,47. O Santander tem recomendação neutra para CSN. O preço-alvo é de R$ 13, representando um potencial de valorização de 53,48% em relação ao último fechamento.
A Ágora Investimentos e o Bradesco BBI também possuem recomendação neutra com preço-alvo de R$ 9,00 para o fim de 2025, crescimento de 6,25% em relação ao fechamento de quarta-feira (12), quando a ação da CSN (CSNA3) encerrou o pregão a R$ 8,47.