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CVC (CVCB3) em alta de 33%: O que analistas dizem sobre nova oferta de ações

Companhia de turismo protocolou um pedido de oferta pública de 83,3 milhões de ações

CVC (CVCB3) em alta de 33%: O que analistas dizem sobre nova oferta de ações
Como o caso 123milhas pode afetar ações da CVC (CVCB3)? (Foto: Divulgação/CVC)
  • A CVC (CVCB3) protocolou um pedido de oferta pública de 83,3 milhões de ações na última quinta-feira (15)
  • Para os especialistas consultados pelo E-Investidor, o valor a ser levantado na operação fica aquém da cifra que a companhia realmente precisa para fortalecer suas finanças
  • Outro fator que suscita alguma incerteza são as mudanças recentes e importantes na gestão da companhia. Em abril ocorreu a renúncia do então diretor financeiro, Marcelo Kopel, e no mês seguinte foi a vez do CEO Leonel Dias de Andrade Neto comunicar sua saída

A CVC (CVCB3) protocolou um pedido de oferta pública de 83,3 milhões de ações na última quinta-feira (15), com possibilidade de lote adicional de até 100% do número de ações inicialmente ofertadas.

O procedimento de bookbuilding, ou seja, de fixação do preço por ação deve se encerrar até a próxima quinta-feira (22). Entretanto, utilizando o preço do dia 14 de junho como referência, dia anterior ao pedido, a empresa pode levantar algo em torno de R$ 341,6 milhões, desconsiderando o lote adicional, ou até R$ 683,3 milhões, caso haja demanda por ações adicionais.

Somente nos últimos 30 dias, os papéis CVCB3 saltaram 33,44%, na esteira das perspectivas de quedas de juros e das expectativas sobre esta nova oferta, cujos rumores já estavam sendo ventilados no mercado desde o início do mês.

Oferta ajuda, mas CVC precisa de mais

Para os especialistas consultados pelo E-Investidor, o valor a ser levantado na operação fica aquém da cifra que a companhia realmente precisa para fortalecer suas finanças. De acordo com Gabriel Bassotto, analista chefe de ações do Simpla Club, a CVC necessita de cerca de R$ 1 bilhão para conseguir, de fato, reforçar o capital de giro e resolver “pendências” da estrutura de capital.

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“É uma oferta importante, mas não é salvadora”, afirma Bassoto. O analista não recomenda o investimento nos papéis CVCB3, que ainda deve passar por um período complexo nos próximos meses. Mesmo com a expectativa de cortes na taxa básica de juros, a política econômica deve continuar restritiva no médio prazo, com a Selic ainda em dois dígitos.

“A empresa demonstra dificuldade em se recuperar nesse cenário e suas altas dívidas sufocam ainda mais a sua realidade”, diz o analista da Simpla Club. “Não temos otimismo com as ações da CVC. Mesmo que a empresa seja beneficiada com a queda dos juros, a relação risco-retorno ainda é vista de forma negativa. Ainda é muito imprevisível investir em uma empresa cheia de problemas operacionais e até de governança.”

No primeiro trimestre deste ano, a CVC apresentou um prejuízo líquido de R$ 128 milhões – o nono trimestre seguido no vermelho. Somente entre janeiro e março, a companhia apresentou uma redução de caixa e equivalentes de caixa de R$ 261,3 milhões, passando de R$ 687,5 milhões para R$ 426,2 milhões.

O impacto negativo veio principalmente da redução do fluxo de caixa nas atividades operacionais do trimestre pelos efeitos sazonais, crescimento das operações e pela adequação do caixa médio e de final de período, segundo a CVC. No acumulado do ano passado, o fluxo de caixa também foi negativo em R$ 108,3 milhões.

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Quando o assunto é dívida, em 31 de março de 2023 o saldo em debêntures somava R$ 925,9 milhões. Essa situação mais delicada também faz Lucas Rietjens, analista da Guide Investimentos, ficar cauteloso com as ações. “A empresa está precisando fazer essa emissão por conta da forte queima de caixa apresentada ao longo do ano passado”, diz. “A CVC não está entre as nossas preferências justamente por essa questão do alto endividamento e forte queima de caixa.”

No relatório do 1° trimestre, a empresa ressalta o acordo fechado com debenturistas em 10 de março para o alongamento destes débitos, por meio da amortização de R$ 124 milhões. Neste documento, a companhia já havia se comprometido a realizar um aumento de capital de pelo menos R$ 125 milhões até novembro deste ano, com R$ 75 milhões deste montante para pagar debêntures reperfiladas (com alongamento de prazo de vencimento e redução de juros).

Volta do antigo controlador?

Outro fator que suscita alguma incerteza são as mudanças recentes e importantes na gestão da companhia. Em abril ocorreu a renúncia do então diretor financeiro, Marcelo Kopel, e no mês seguinte foi a vez do CEO Leonel Dias de Andrade Neto comunicar sua saída. Atualmente, Fabio Martinelli Godinho está no cargo de diretor-presidente da companhia e Carlos Wollenweber é o novo diretor financeiro.

As alterações vieram junto com a volta da família Paulus, fundadora da CVC, à empresa. Em fato relevante publicado em 2 de junho, a operadora de viagens anunciou a celebração de um acordo de investimentos com a GJP Fundo de Investimento em Ações, fundo de investimento do fundador e antigo controlador da companhia, Guilherme Paulus.

No acordo, o investidor se comprometia a realizar um investimento de até R$ 75 milhões em uma “futura oferta pública” – que se confirmou agora. Entretanto, para que o aporte ocorra, o preço por ação deve ficar até R$ 3.

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“A imagem da CVC está bem desgastada frente ao investidor. A volta do seu fundador nesse follow on passa uma mensagem de que querem salvar uma empresa em decadência. E mesmo diante dessa situação financeira delicada, a companhia ainda gasta com eventos ou projetos que parecem não ter bons retornos”, diz Bassoto.

Volatilidade

Fora as questões relacionadas a fundamentos e governança, a oferta pode gerar uma volatilidade adicional aos papéis, por impulsionar um movimento de especulação. Marco Monteiro, analista CNPI da CM Capital, ressalta que os investidores já posicionados podem sofrer no curto prazo com um aumento expressivo na oferta do ativo e consequentemente, com a desvalorização das ações.

“O investidor que estiver posicionado também tem que estar preparado pra uma possível aumento de volatilidade”, diz Monteiro. “Ainda temos incertezas, agora não seria o momento para se posicionar no ativo agora. Melhor esperar essa a poeira baixar, esperar os papéis darem sinais claros de recuperação e, só depois, tomar posição.”

As ações da CVC terminaram o pregão da última segunda-feira (19) em baixa de 5,11%, aos R$ 4,27.

 

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