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- A renúncia do CFO da CVC e os problemas enfrentados pela Hurb preocupam investidores
- A CVC tem problemas próprios que têm pesado em seu desempenho, como a abertura de agências em locais não interessantes e forte endividamento
- Gol e Azul também enfrentam dívidas altas e dependem de aumento de demanda para aumentar as margens de ganhos
A renúncia do CFO da CVC (CVB3), Marcelo Kopel, levou a uma queda de 4,81% nas ações da empresa nesta terça-feira (25). A saída foi anunciada na mesma semana em que o mercado observa de perto os problemas da Hurb, empresa que também trabalha com a venda de pacotes de viagem.
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Todo o cenário de incertezas parece tornar o horizonte de recuperação do setor de turismo cada vez mais distante. Após duras quedas entre 2020 e 2021, a expectativa de investidores era pela retomada de melhores patamares no pós-pandemia, o que até aqui não tem se concretizado.
O efeito negativo para o turismo nesta terça também se estendeu para as aéreas. Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) encerraram o dia com baixa de 3,17% e 2,92%, respectivamente. Para elas, também pesaram os dados do IBGE que apontaram não ter havido registro de expansão do lazer entre o varejo em fevereiro.
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No ano, CVCB3 desaba 37,86% (78,63% nos últimos 12 meses). A GOLL4, por sua vez, tem desvalorização de 12,26% no ano, 57,27% nos últimos 12 meses, enquanto AZUL4 acumula baixa de 6,54% no ano, 54,38% em 12 meses.
A situação da Hurb, que não tem capital aberto, reflete o cenário mais crítico da crise enfrentada pelo setor atualmente. Antes famosa por seus pacotes promocionais, a empresa agora enfrenta uma série de reclamações, que vão desde falta de pagamento de hospedagem até não cumprimento de viagens compradas pelos clientes.
Embora compartilhe de problemas semelhantes aos de outras empresas do setor, como os altos juros, a Hurb se destaca por uma característica que não é compartilhada pela CVC. “A empresa trabalha com uma compra antecipando os custos de outra viagem, sempre precisando se retroalimentar”, explica Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research.
Por isso, esse problema específico não se aplica à CVC. Por outro lado, a avaliação é de que a empresa tem outros tipos de falhas que seguirão pesando no desempenho de suas ações no curto prazo. “A empresa já tinha problemas antes da pandemia que se agravaram com ela. São questões como a abertura de agências em locais que não se mostraram interessantes”, destaca Lopes.
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Mario Goulart, analista de investimentos e criador do canal no Youtube “O Analisto”, diz que se surpreende com a resiliência da empresa diante da queda de mais de 90% do valor das ações nos últimos 5 anos. Para ele, no entanto, as perspectivas são negativas. “A empresa ainda tem forte endividamento”, destaca.
O cenário é diferente para as aéreas?
As outras duas representantes do turismo na B3, Gol e Azul, não devem ter um curto prazo muito diferente. Com dívidas altas, característica do modelo de negócio, elas dependem de aumento expressivo de demanda para aumentar as margens de ganhos.
“Para mim é inconcebível que o pequeno investidor encare algo desse tipo”, diz Goulart ao destacar que uma valorização nos próximos meses se mostra incerta. “Tem gente que gosta de empresa com queda aguda para esperar subida. Mas é como pegar faca caindo: a maioria acaba se cortando”, pontua.
A melhora das ações de forma sustentada só deve ser vista caso haja alguma política específica, como um pacote de incentivo que poderia oferecer linhas de crédito com juros mais baixos.
“Mas a elasticidade está grande. Qualquer pequena movimentação do mercado pode causar uma grande apreciação ou depreciação dos preços”, considera Lopes, da Nord.
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Lopes estima uma janela entre 2 e 3 anos para uma melhora real. “Enquanto isso, é preciso continuar olhando a janela de juros para ver se isso pode ou não ser antecipado”, afirma.