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Declaração de diretor da WEG (WEGE3) deixa pergunta no ar: vale investir?

Executivo comentou balanço do 3º trimestre e especialistas do mercado fazem suas recomendações ao investidor

Declaração de diretor da WEG (WEGE3) deixa pergunta no ar: vale investir?
Linha de produção de motores da WEG (imagem: Weg/divulgação)
  • Balanço da multinacional indica pressão nas margens.
  • Companhia tem sede em Jaraguá do Sul (SC).
  • Se tornou, recentemente, top 2 global ao comprar operações da Regal Rexnord.
  • M&A será uma das vias de crescimento futuro.

A WEG (WEGE3) divulgou o balanço corporativo referente ao terceiro trimestre de 2023 na manhã desta quarta-feira (25), antes da abertura do mercado, e o resultado fez a ação fechar com baixa de 10% na Bolsa brasileira. No dia seguinte, ontem, em webconferência com analistas, o diretor-administrativo André Luis Rodrigues disse que os ventos favoráveis acabaram sobre alguns segmentos que a companhia atua.

O executivo participou do evento juntamente com André Menegueti Salgueiro, diretor-financeiro, e Felipe Scopel Hoffmann, gerente de relações com investidores, e destacou que a empresa deve encontrar alternativas para suportar os momentos difíceis.

O panorama, segundo ele, ocorre por conta da baixa que se vê na demanda por produtos de ciclo curto, como motores comerciais, tintas e vernizes e geração solar distribuída. “Nos últimos três anos e meio a companhia vivenciou um período muito favorável em relação à demanda por produtos industriais”, disse, acrescentando que em algum momento haveria recuo.

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Rodrigues afirmou, ainda, que dois fatores incidiram na receita da empresa, sendo a valorização do real no período, culminando com a desvalorização do dólar, o que não é bom para uma companhia que opera no exterior; e o desempenho dos negócios de geração solar distribuída, que desacelerou. Além disso, citou a volatilidade na entrada de pedido de ciclo curto na Europa e uma situação específica na região de Ásia-Pacifico, especialmente na China, cuja recuperação se mostra mais lenta do que o esperado.

“A carteira de ciclo curto é aquela que reporta uma periodicidade de até três meses, enquanto a carteira de ciclo longo continua bastante positiva, especialmente na parte de GTD (Geração, Transmissão e Distribuição), com destaque para o negócio de T&D (Transmissão e Distribuição)”, ressaltou.

Ainda de acordo com o executivo, a WEG tem “avenidas de crescimento” pela frente e a expansão de suas operações tem por objetivo alargar estas pistas para que a companhia se mantenha em alta.

Ele destacou a demanda por eletrificação, que permanece elevada, a mobilidade elétrica, uma tendência internacional na qual a multinacional tem projetos sendo implementados, bem como a internacionalização do grupo. Não à toa, há projetos de expansão em Portugal, Índia e Turquia. “No México, compramos um terreno de 640 mil metros quadrados que fica em frente à nossa maior unidade no país”, frisou. A empresa pagou US$ 40 milhões.

O executivo elencou que a empresa também pretende fomentar o crescimento pela via orgânica, ou seja, adquirindo novas operações mundo afora, a exemplo da aquisição dos negócios de motores elétricos industriais e geradores da Regal Rexnord Corporation, fabricante global de equipamento eletromecânicos, por US$ 400 milhões.

O anúncio desse M&A (Fusão&Aquisição) foi realizado no final de setembro e a transação tem como foco os negócios de motores elétricos industriais e geradores das marcas Marathon, Cemp e Rotor do segmento operacional Industrial Systems da Regal Rexnord, empresa com sede nos Estados Unidos e listada na bolsa de valores de Nova York sob a sigla RRX.

Uma empresa plural

Para Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, que recomenda compra para WEGE3 na Bolsa brasileira, trata-se de uma empresa plural, pois atua em todos os setores e em todas as cadeias de todos os setores. “Isso faz com que ela consiga se proteger quando o ambiente não está favorável”, diz.

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O analista enxerga a WEG como uma companhia robusta e com boa governança corporativa. “Então, mesmo que os resultados do terceiro trimestre de 2023 tenham decepcionado um pouco, depois da maior aquisição de sua história ela deve se preparar para fortalecer estas operações”, ressalta, mencionando a compra de operações da Regal Rexnord.

Em relação às expectativas futuras para a companhia, Ferrer destaca que estas estão atreladas às expectativas que se tem para os países onde a WEG atua e, nesse sentido, vê uma desaceleração econômica no horizonte. “Isso, obviamente, impactaria a empresa.” Por fim, elenca que o que se deve entender é se a WEG irá continuar ganhando market share (participação de mercado) perante seus concorrentes, conforme visto nos trimestres passados.

Já Renato Chanes, analista da Ágora Investimentos, afirma que tanto a Ágora quanto o Bradesco BBI vinham de uma recomendação neutra de longa data para a ação WEGE3. “Nosso preço-alvo é R$ 38 para o final de 2024.” Ele frisa que a queda recente no preço da ação pode configurar uma oportunidade de compra para quem quer ter alguma posição nesse ativo, entretanto, a Ágora considera o papel caro e fora da média de preço setorial. “Mas, ninguém aqui questiona a qualidade da companhia”, diz.

Para o futuro, a Ágora estima que o crescimento da WEG diminua o ritmo à medida que a demanda por produtos de ciclo curto também desacelera, bem como os projetos de energia solar devido ao gradual aumento das tarifas.

O Itaú BBA, por sua vez, emitiu nota reiterado recomendação market perform (equivalente a neutra) para WEGE3, com preço-alvo de R$ 46, e o Safra reiterou recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 42,70.

Para a Genial Investimentos, cuja recomendação é de compra, com preço-alvo em R$ 47,50, ainda está cedo demais para afirmar, mas uma desaceleração na entrada de novos pedidos seria um indicador negativo para as condições de precificação. “Sabemos que elas dependem essencialmente da demanda e da atividade industrial, que realmente tem demonstrado sinais de fraqueza”, diz.

Resultado do balanço

A WEG obteve lucro líquido de R$ 1,31 bilhão no terceiro trimestre de 2023, alta de 13,3% frente a igual etapa de 2022, mas recuo de 4,1% frente ao segundo trimestre de 2023.

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De acordo com o balanço, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebtida) somou R$ 1,738 bilhão, alta de 10,9% na base anual, e queda de 5,1% frente ao trimestre imediatamente anterior.

Já a receita operacional líquida (R$ 8,074 bilhão) subiu 2,1% na base anual e caiu 1,2% ante o segundo trimestre de 2023. O retorno sobre o capital investido (ROIC), por sua vez, atingiu 35,4%, alta de 7,5 pontos porcentuais no ano e de 1 ponto porcentual ante o segundo trimestre de 2023.

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