- Depois de uma pausa no verão do hemisfério norte, as commodities nas quais o mundo depende para construção, manufatura e energia estão disparando outra vez
- Isso está ameaçando uma inflação mais rápida, aumentando os custos para o consumidor e colocando pressão sobre os bancos centrais para frear as enormes medidas de estímulo por trás de grande parte do avanço das matérias-primas
- Mas nem todas as commodities estão indo tão bem. Os contratos futuros do minério de ferro em Cingapura caíram cerca de 45% em relação ao pico registrado em maio
(Nicholas Larkin, James Herron, Bloomberg) – Depois de uma pausa no verão do hemisfério norte, as commodities das quais o mundo depende para construção, manufatura e energia estão disparando outra vez.
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Os preços do alumínio ao aço têm visto ralis constantes e os do gás e de energia na Europa atingiram novos recordes; enquanto um indicador dos preços das commodities à vista está prestes a ultrapassar o valor recorde de uma década estabelecido em julho. Isso está ameaçando uma inflação mais rápida, aumentando os custos para o consumidor e colocando pressão sobre os bancos centrais para frear as enormes medidas de estímulo por trás de grande parte do avanço das matérias-primas.
A demanda em alta devido à recuperação econômica chegou junto com as dificuldades de oferta de suprimentos – desde as medidas impostas pelo governo chinês para reduzir a produção de metais às escassas reservas de gás na Europa – para apertar os mercados. Ao mesmo tempo, o custo do transporte dessas mercadorias está aumentando. Com uma crescente escassez nos mercados físicos, o Goldman Sachs Group Inc. vê os preços subindo ainda mais no próximo ano.
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“A demanda por mercadorias físicas atingiu níveis tão altos – acima das tendências anteriores à pandemia em tudo, exceto no petróleo – que o sistema está se tornando cada vez mais limitado em sua capacidade de fornecer esses produtos”, disseram analistas do Goldman, entre eles Jeff Currie, em nota na segunda-feira. “Os mercados estão ficando cada vez mais expostos a qualquer tipo de interrupção do fornecimento ou aumento inesperado da demanda.”
Consideráveis medidas de estímulo global estão mantendo a demanda por metais forte e ajudando o cobre a continuar em alta histórica. Mesmo assim, o termômetro econômico tem sido ofuscado nos últimos tempos com a decisão da China de diminuir a produção de metais para reduzir a poluição e um golpe de Estado no Guiné, um dos principais produtores mundiais de bauxita; o que levou o alumínio a registrar a maior cotação dos últimos 13 anos, US$ 3.000 a tonelada.
As restrições impostas para redução de emissões de gases poluentes na China também levaram o níquel a alcançar a maior alta desde 2014, puxando os preços locais do aço para cima. “Embora vejamos os preços atuais como excessivos e, apesar de o alumínio ter subido demais em relação ao seu valor real, sob uma perspectiva técnica, não há sinal ainda de qualquer inversão da tendência”, segundo o Commerzbank AG.
Faltando cerca de um mês para o início da estação em que se começa a usar aquecedores, as reservas de gás da Europa já estão no nível mais baixo em mais de uma década para esta época do ano, forçando a alta da produção de eletricidade. A região está tendo dificuldades para aumentar o abastecimento com fluxos da Noruega limitados devido à manutenção, ao mesmo tempo que o abastecimento pela Rússia permanece restrito.
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Os contratos futuros de gás de referência na Europa mais do que triplicaram este ano e os preços da energia na Alemanha registraram a maior alta de todos os tempos. Um rali no mercado de carbono também tornou mais caro produzir eletricidade.
Mas nem todas as commodities estão indo tão bem. Os contratos futuros do minério de ferro em Cingapura caíram cerca de 45% em relação ao pico registrado em maio, já que as restrições à produção de aço na China atrapalharam as expectativas da demanda. Na agricultura, os contratos futuros das safras diminuíram nos últimos meses em meio a melhores perspectivas de colheita, mesmo com um indicador dos preços mundiais dos alimentos se mantendo perto da maior alta em uma década.
Os preços do petróleo também ficaram relativamente estáveis neste mês. Depois de saltar 10% na última semana de agosto, quando o furacão Ida atravessou o Golfo do México, o barril manteve-se perto dos US$ 70 em Nova York durante a maior parte de setembro.
Embora a tempestade tenha causado um efeito incomum de alta ao interromper uma grande quantidade da produção americana de petróleo durante duas semanas, isso foi contrabalanceado por preocupações quanto ao impacto na demanda devido a rápida propagação da variante Delta, com a China vendo uma nova onda de contágios.
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Ainda assim, há sinais de que a alta dos preços das commodities está chegando mais até os consumidores. Os dados da última semana mostram que a inflação ao produtor na China atingiu o maior nível dos últimos 13 anos, enquanto os preços pagos aos produtores dos Estados Unidos aumentaram mais do que o previsto. /TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA