As taxas dos Depósito Interbancário (DI) futuros recuaram em meio às expectativas do mercado sobre a queda de juros nos Estados Unidos e também no Brasil. Dados da Economatica mostram que, ao longo da sessão de terça-feira (12), os DIs Futuros com vencimentos para outubro de 2028 e julho de 2027 encerraram o dia com quedas de 1,09% e 0,81%, respectivamente. Já o yield (rendimento) dos ativos fechou em 13,12% e 13,5%, respectivamente.
Já outros nove contratos com vencimentos que variam de outubro de 2026 a abril de 2030 fecharam a sessão com perdas acima de 0,50%, com taxas de 13,1% a 14,3%.
Marília Fontes, sócia-fundadora da Nord Investimentos e colunista do E-Investidor, atribui esse desempenho ao resultado dos dados inflação do Brasil, que foram divulgados na terça-feira (12).
“Os dados do IPCA (de julho) vieram mais fracos, assim como os núcleos. Isso (recuo dos DIs) pode ter sido causado pela inflação do Brasil também”, diz a especialista.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o índice nacional de preços ao consumidor amplo (IPCA) de julho subiu 0,26%, abaixo das expectativas de 0,37%. O resultado trouxe uma mensagem importante ao mercado: os efeitos da Selic a 15% já começam a refletir na economia real e reforçam as estimativas para o início do ciclo de corte de juros no País em 2026, sem uma mudança abruta na condução da política monetária ao longo do caminho.
O recuo dos DIs futuros também foi influenciado pela avaliação positiva dos investidores sobre os dados de inflação dos EUA, que também foram divulgados na terça e vieram dentro das expectativas do mercado. Os números, segundo dados do Departamento do Trabalho americano, registraram uma alta de 0,2% em julho, em comparação ao mês anterior.
Com isso, as chances do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) de dar início ao corte de juros a partir da reunião de setembro aumentaram para 90,1%, segundo a ferramenta de monitoramento do CME Group. Ian Lima, gestor de renda fixa da Inter Asset, explica que esta estimativa traz efeitos indiretos para a economia brasileira. Isso porque, com a queda das taxas nos EUA, o mercado brasileiro fica mais atrativo para os investidores estrangeiros que podem lucrar com a diferença de juros entre as duas economias.
“Esse mecanismo enfraquece o dólar e ajuda a fortalecer o real, ajudando a reduzir a inflação no país”, diz Lima.
Na sessão de ontem, o dólar encerrou o dia com uma baixa de 1,01%, cotado a R$ 5,3870 – o seu menor valor desde junho de 2024. Veja os detalhes nesta reportagem. Já no pregão desta quarta-feira (13), a moeda americana opera no campo negativo, cotado a R$ 5,386.