Após nove meses da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já é possível dizer que o mercado errou as projeções. Luiz Fernando Figueiredo, presidente do conselho de administração da gestora Jive Investments, reconhece que os aspectos mais radicais do discurso do líder do PT ficaram apenas no verbo. Na prática, não houve o descontrole fiscal que se esperava no início do ano.
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“O discurso foi muito diferente da prática. Claro que existe um lado mais ideológico, mas esse lado em grande medida está sendo barrado pelo Congresso. A agenda macro está indo mais pelo lado certo que errado. E a reforma tributária não estava na conta de ninguém”, diz Figueiredo. Antes mesmo de ser eleito presidente, as falas de Lula em relação à Petrobras e aumento de gastos públicos preocupavam o mercado.
Entretanto, não foi só em relação a Lula que os economistas se equivocaram. “Vem errando há quatro anos”, diz Figueiredo. “O Brasil tem passado por uma série de reformas, tanto macro, quanto micro, que não vimos em nenhum país do mundo. É difícil criticar o que foi feito, muita coisa avançou. Nos últimos anos, o economista têm errado suas projeções entre 2% e 2,5%, por uma série de fatores difíceis de projetar e aplicar nos modelos.”
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As falas foram ditas durante o Capital Conecta, 1º Congresso Ancord e Apimec Brasil, que ocorreu nesta terça-feira (26) e conta com o apoio editorial do E-Investidor.. O executivo da Jive Investments participou do painel “Macroeconomia – Oportunidades e Tendências”, junto com Ana Carla Abrão Costa, VP de Novos Negócios da B3, Daniel Loria, diretor da secretaria extraordinária da reforma tributária, e Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos.
Reforma tributária
No mesmo painel, Lora, diretor da secretaria extraordinária da reforma tributária, ressaltou os avanços em relação ao tema. “O principal foco da reforma do consumo é eficiência econômica. O segundo passo da reforma tributária, a que eu tenho liderado, é a tributação sobre a renda e folha de salários, que estamos trabalhando e ainda não tem projeto pronto”, afirma Lora.
Nesta seara, está a tributação de offshores e fundos fechados. “São duas medidas que não aumentam a alíquota, mas ampliam a base daquilo que se submete às alíquotas periódicas aqui no Brasil, ampliam a base fiscal”, diz Lora. Por último, o diretor comenta como enxerga as isenções fiscais dentro da reforma até 2032. “É o preço para sairmos desse atoleiro em que nos enfiamos.”