Veja as estimativas do chefe de renda variável do BTG para o dólar e Bolsa (Foto: Adobe Stock)
O dólar está em tendência de queda e pode chegar até R$ 4,70 ao fim de 2026, disse Jerson Zanlorenzi, head da mesa de ações e derivativos do BTG Pactual, em entrevista ao E-Investidor nesta sexta-feira (17). O analista acredita na queda da moeda em meio ao cenário de corte de juros nos Estados Unidos, possível equilíbrio das contas públicas no Brasil e as tensões comerciais entre chineses e americanos, que deve turbinar o fluxo de capital rumo aos países emergentes ao longo de 2025 e 2026.
“O dólar pode chegar a R$ 4,70 no fim de 2026 devido ao cenário atual de corte de juros nos Estados Unidos e se houver o equilíbrio das contas públicas no Brasil. No entanto, é importante ressaltar que essa é apenas uma estimativa. Acreditamos no dólar para baixo, pode ser R$ 4,70 ou outro valor acima. Acertar exatamente para onde vai o câmbio é uma tarefa complexa”, afirma Zanlorenzi ao E-Investidor.
As estimativas de cortes de juros nos Estados Unidos dominam o mercado. Segundo dados da CME Group, Bolsa de Chicago, 99% do mercado precifica dois cortes de juros de 0,25 ponto porcentual em cada uma das duas próximas reuniões do banco central americano, o Federal Reserve (Fed).
Com isso, o Fed Funds, taxa de juros dos EUA, tende a cair da faixa dos 4,00% a 4,25% ao ano para 3,50% a 3,75% ao ano, segundo dados do CME Group. Para o fim de 2026, a maioria do mercado precifica um Fed Funds entre 2,75% e 3% ao ano, queda de 1,25 ponto porcentual em relação à faixa atual.
Tensões geopolíticas e problema fiscal americano também pesam sobre dólar
O head da mesa de ações e derivativos do BTG comenta que esse quadro, combinado com outros três pontos, tendem a pressionar ainda mais o dólar. O primeiro seria o problema fiscal enfrentado pelos Estados Unidos. O país passa por uma paralisação por não aprovar o seu próprio orçamento e enfrenta uma relação dívida PIB preocupante. No ano passado, a dívida dos EUA chegou a 98% do Produto Interno Bruto (PIB).
O segundo ponto são as questões tarifárias. Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou as tarifas contra os produtos da China para até 150%. Já o terceiro seria o equilíbrio das contas públicas no Brasil. Atualmente, o governo possui meta de déficit zero em 2025 e superávit primário em 2026. Para Jerson Zanlorenzi, o cumprimento das metas fiscais podem ser um novo propulsor para o real diante do cenário global.
“Todos esses ruídos globais fazem os investidores olharem para outros mercados, como o Brasil. Isso é positivo não só para o dólar, mas também para a Bolsa de Valores brasileira. Esse fluxo de capital deve trazer o Ibovespa para a faixa dos 155 mil pontos para o fim de 2025”, explica Zanlorenzi.
Para o próximo ano, ele também mantém o otimismo com a Bolsa, não só pelo cenário no mercado americano, mas também no mercado nacional. Zanlorenzi calcula um corte de 3 a 4 pontos porcentuais para a Selic até o fim de 2026, com a taxa encerrando o próximo ano entre 11% e 12% ao ano. Atualmente, a Selic está em 15% ao ano.
Questionado sobre quantos pontos a Bolsa poderia subir com esses cortes na Selic no próximo ano, o especialista comentou que ainda não tem uma estimativa, mas pontuou que essa redução seria uma grande melhora para o mercado de capitais. “Entendemos que isso deve atrair fluxo de capitais e até trazer a retomada das ofertas inicias de ações (IPOs, na sigla em inglês)”, salienta Zanlorenzi.
Onde o investidor deve aportar agora?
Diante dessas estimativas, o chefe de renda variável e derivativos do BTG acredita que o investidor deve diversificar seu portfólio. Os aportes no Brasil devem ser concentrar em empresas de utilidade pública, bancos e varejo. Segundo ele, os investidores devem buscar setores seguros e resilientes para proteger a carteira diante das adversidades do mercado. Além disso, o varejo pode ser um segmento atraente para capturar a queda de juros nos ativos.
“Em suma, vemos as ações da Eletrobras (ELET3), Equatorial (EQTL3) e Sabesp (SBSP3) como boas oportunidades. Já no varejo, recomendamos compra para as ações da Azzas (AZZA3). A cautela e a parcimônia tendem a um grande aliado para quem pretende investir agora”, conclui Jerson Zanlorenzi em sua análise de dólar e Bolsa.