Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje fechou em queda de 0,51%, cotado a R$ 5,4729, nesta quarta-feira (20) com a ata da última reunião de política monetária da autoridade monetária americana. O documento do Federal reserve (Fed, o banco central americano) saiu hoje. No radar também estão uma nova lista dos EUA de mais 400 produtos de aço e alumínio tarifados em 50% e discursos de dois dirigentes do Fed.
A ata da última decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), divulgada nesta quarta-feira, mostra que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) avaliaram que o aumento da inflação no curto prazo parece provável, ainda que magnitude, timing e persistência da inflação sejam incertas. O documento relata que os membros concordaram que a inflação permanecia relativamente elevada naquele momento, mas indicadores recentes sugeriam que crescimento da atividade apresentava moderação no primeiro semestre. Membros concordaram que, ao considerar ajustes adicionais à política monetária, avaliariam dados recebidos, além da perspectiva e o equilíbrio de riscos.
A ata indicou que a equipe técnica avaliou os riscos para a atividade como “inclinados para baixo, em vista do enfraquecimento do crescimento do PIB até agora neste ano e da elevada incerteza de política”. Segundo o documento, a equipe técnica também avalia que as tarifas devem aumentar a inflação este ano e “fornecer alguma pressão adicional em 2026”, ao mesmo tempo em que a projeção seguia prevendo “enfraquecimento do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego subindo acima da taxa natural estimada até o fim do ano e permanecendo acima dela até 2027”. Na leitura do Comitê, “indicadores sugeriram que o crescimento da atividade econômica havia moderado no primeiro semestre” e que, na época da reunião, o desemprego permanecia baixo e o mercado de trabalho sólido. Alguns membros, contudo, notaram sinais de perda de dinamismo.
“A precificação de cortes pelo Federal Reserve reduz a atratividade do dólar no cenário internacional, percepção reforçada pela ata do Fed, que mostrou um comitê mais confiante na trajetória de desinflação e já discutindo o momento de iniciar a flexibilização”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad. “Esse movimento pressiona os rendimentos de curto prazo e enfraquece a divisa. No campo técnico, há ainda ajustes de posições após o estresse recente, com realização de lucros depois da alta acumulada. No plano doméstico, os riscos institucionais permanecem no radar dos investidores, embora tenha havido algum alívio parcial no pregão de hoje.”
Internamente, o mercado de câmbio segue atento à crise diplomática entre EUA e Brasil e pode reagir negativamente à pesquisa Genial/Quaest apontando que a maioria dos brasileiros vê o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como melhor que o de Jair Bolsonaro (PL) – 43% contra 38%. A avaliação positiva de Lula subiu de 28% para 31%, a negativa caiu de 40% para 39% e a regular foi de 28% para 27%.
A pesquisa Genial/Quaest mostra também que a aprovação do governo Lula subiu pelo segundo mês consecutivo, de 43% para 46% (eram 40% em maio e não houve levantamento em junho). De acordo com o CEO da Quaest, Felipe Nunes, a melhora se deu por conta da “postura de liderança e defesa dos interesses nacionais” de Lula diante do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Bancos entre a Lei Magnitsky e a decisão de Flávio Dino
Investidores seguem de olho nos desdobramentos da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, afirmando que leis estrangeiras só têm validade no Brasil após homologação judicial, o que foi visto como reação à sanção dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes. O setor bancário teme represálias legais tanto nos EUA por meio da Lei Magnitsky quanto no Brasil. Além disso, há receio de que o impasse possa afastar investidores estrangeiros e pressionar ainda mais o real.
No pregão desta terça-feira (19), a tensão causada pela tensão diplomática entre EUA e Brasil derrubou as ações dos grandes bancos na Bolsa de Valores, o que levou as empresas financeiras a perderem juntas R$ 41,2 bilhões em valor de mercado somente em um dia – leia a reportagem completa aqui.
Ontem, o dólar fechou em alta de 1,22%, a R$ 5,5009, maior valor desde 5 de agosto, pressionado pela decisão de Dino. Os impactos da notícia também devem seguir no dólar hoje.