O dólar hoje disparou, nesta sexta-feira (10), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmar que seu governo “está calculando um grande aumento das tarifas sobre produtos da China”. A declaração veio em resposta ao que Trump classificou como um movimento “hostil” de Pequim para restringir exportações de elementos estratégicos. No final da sessão, o dólar encerrou em alta de 2,39% a R$ 5,5037, maior valor de fechamento desde 5 de agosto, então a R$ 5,5060.
Em publicação na Truth Social, Trump declarou que “coisas muito estranhas estão acontecendo na China”, que estaria “se tornando muito hostil” e enviando cartas a governos de todo o mundo para anunciar planos de controle sobre exportações ligadas às terras raras — e “praticamente qualquer outra coisa em que consigam pensar”. O republicano afirmou que tais restrições poderiam “travar os mercados e tornar a vida difícil para praticamente todos os países do mundo, especialmente para a própria China”.
O presidente disse ter sido procurado por outros países “extremamente irritados”, sem citar quais, com o que chamou de “grande hostilidade comercial”, acrescentando que o relacionamento entre Washington e Pequim “vinha sendo muito bom nos últimos seis meses”, o que tornaria o gesto chinês ainda mais surpreendente, para ele.
Trump mencionou ainda que deveria se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping, em duas semanas, na APEC, na Coreia do Sul, mas afirmou “não haver motivo para tal” diante da nova postura de Pequim.
Para o republicano, a China “não pode ser autorizada a manter o mundo refém”, embora reconheça que os EUA também detêm posições monopolistas muito mais fortes e amplas, que ele “apenas escolheu não usar — até agora”. O líder americano disse que, dependendo da resposta chinesa à “ordem hostil” emitida por Pequim, será obrigado a responder financeiramente e que, embora a escalada possa ser “potencialmente dolorosa, será algo muito bom para os Estados Unidos”.
O que diz a China sobre as terras raras?
Em sua defesa, a China justificou que o fortalecimento do controle de exportações de itens e tecnologias ligados às terras raras visa “proteger melhor a segurança e os interesses nacionais” e “cumprir as obrigações internacionais de não proliferação”. As declarações são de um porta-voz do Ministério do Comércio, que comentou o anúncio de dois novos regulamentos impondo licenças obrigatórias para produtos que contenham componentes ou tecnologias chinesas, mesmo quando fabricados fora do país.
Segundo o ministério, as medidas têm “alcance limitado” e são compatíveis com práticas internacionais, já que os materiais em questão têm “uso civil e militar”. O governo afirmou que as exportações destinadas a “atendimento médico emergencial, resposta a crises de saúde pública ou socorro a desastres naturais” ficarão isentas da exigência de licença, e que haverá um período de transição para contratos em vigor.
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O porta-voz acrescentou que algumas organizações e indivíduos estrangeiros vinham obtendo ilegalmente tecnologias chinesas e as repassando a setores militares ou sensíveis, o que teria causado “graves danos ou potenciais ameaças à segurança e aos interesses nacionais da China”. Por isso, Pequim decidiu agir “para impedir o uso indevido desses materiais e preservar a estabilidade internacional”.
As terras raras — usadas em baterias, semicondutores e equipamentos de defesa — tornaram-se um dos pontos mais sensíveis da disputa tecnológica entre Pequim e Washington. Horas após o anúncio, Trump classificou as medidas como “hostis”, acusando a China de tentar “travar os mercados” e afirmando não haver mais motivos para sua reunião com o presidente da China, Xi Jinping, na cúpula da Apec, na Coreia do Sul.
Essa tensão entre as duas maiores economias do mundo causou pânico em todo mercado nesta sexta-feira e não somente no câmbio. O índice do medo (VIX) da Bolsa de Nova York disparou 33,48% para 21,93 pontos. Em suma, quando o temor se espalha nesse nível, investidores abandonam moedas de países emergentes em busca de uma divisa mais robusta, como a moeda americana, sendo esse o principal fator para a alta do dólar hoje.