O dólar hoje opera em estável nesta quinta-feira (25) após dados da prévia da inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo — 15 (IPCA-15), abaixo do esperado pelo mercado. Os investidores também acompanham o Relatório de Política Monetária (RPM), que será detalhado em entrevista do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, às 11h. O mercado ainda segue atento aos dados do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos no segundo trimestre, que vieram acima do esperado. Por volta das 10h, o dólar tinha leve alta 0,04%, a R$ 5,328.
O IPCA-15 registrou alta de 0,48% em setembro, abaixo dos 0,51% que eram esperados pelo mercado, segundo projeções do Broadcast. No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,76% e, nos últimos 12 meses, a variação foi de 5,32%, acima dos 4,95% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2024, a taxa havia sido de 0,13%.
Para André Valério, economista-sênior do Inter, o resultado de setembro indica que a dinâmica inflacionária caminha para ser mais benigna, com diversas surpresas de baixa inflacionária nos últimos meses. Ele espera que essa tendência permaneça, com a apreciação do real contribuindo para manter a inflação de bens acomodada, enquanto a continuidade da política monetária restritiva deve ser sentida de maneira mais intensa nas próximas leituras, especialmente nas medidas menos sensíveis.
“De todo modo, o resultado, apesar do qualitativo positivo, não deve alterar a condução da política monetária no curto prazo. O Copom ainda se mostra cauteloso com os ganhos na inflação e deverá optar por uma abordagem restritiva por mais tempo até ganhar ainda mais confiança de que o aperto monetário esteja sendo transmitido à economia”, diz Valério.
Após o dado, o Inter alterou sua projeção do início do ciclo de cortes para a reunião de janeiro de 2026, mas manteve a expectativa de que a Selic encerre 2026 a 12%.
Mais cedo, o Banco Central divulgou o Relatório de Política Monetária (RPM). Segundo o documento, a autoridade monetária revisou a trajetória esperada para o hiato do produto (diferença entre o Produto Interno Bruto (PIB) real e o produto potencial de uma economia). A estimativa passou de uma previsão de 0,5% para 0,7% no segundo trimestre, explicando a cautela da autoridade monetária e a possível manutenção da taxa Selic em patamar elevado por um período mais prolongado.
O BC reduziu a sua projeção para o crescimento do PIB brasileiro em 2025, de 2,1% para 2,0%, cuja expectativa está abaixo da mediana do último relatório Focus, de 2,16%. A autoridade monetária também divulgou, pela primeira vez, a sua projeção para o crescimento do PIB brasileiro em 2026, de 1,5%. Essa estimativa também está aquém da mediana do Focus, de 1,80%.
PIB dos Estados Unidos e discurso de membro do Fed impacta o dólar hoje
Na macroeconomia internacional, o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidosteve alta anualizada de 3,8% no segundo trimestre de 2025, conforme a terceira e última estimativa do Departamento de Comércio do país, publicada nesta quinta-feira. O número ficou levemente acima das expectativas do mercado, que eram de um PIB de 3,3%, segundo informações do FactSet. No primeiro trimestre de 2025, o PIB dos EUA mostrou contração anualizada de 0,5%.
O dado reforça que a economia americana segue levemente acelerada, podendo minar um próximo corte de juros pelo Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed). Para o presidente do Federal Reserve (Fed) de Kansas City, Jeffrey Schmid, o atual nível da política monetária americana é levemente restritiva, o que é o adequado.
Ele afirmou, em discurso nesta quinta-feira (25), que defendeu a decisão de cortar as taxas de juros em 0,25 ponto porcentual na última semana e que o BC americano está perto de cumprir o duplo mandato, que prevê pleno emprego e estabilidade de preços. Schmid, que vota nas reuniões de política monetária, classificou a decisão da última reunião como “estratégia razoável” e defendeu que irá manter uma postura dependente de dados para decidir sobre ajustes de juros.
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“A inflação está em torno de 2,5%, o que está acima, mas próximo, da meta de 2% do Fed. A taxa de desemprego em agosto foi de 4,3%, próxima de muitas estimativas de pleno emprego”, afirmou, ao alertar para a persistência da alta inflação. “Os dados sugerem risco maior de enfraquecimento mais substancial do mercado de trabalho”, acrescentou.
Para ele, definir a política adequadamente não se trata apenas de onde a economia está, mas também, dadas as defasagens no efeito da política, de para onde a economia pode estar indo. Após o discurso e o dado do PIB americano, a convicção de corte de juros pelo Fed na próxima reunião de 29 de outubro caiude 91,9% dos analistas para 81,2% dos especialistas do mercado na manhã desta quinta-feira. Esse é um dos fatores que segura a moeda nesta quinta-feira.
Cenário fiscal surte efeito na cotação do dólar hoje
O cenário fiscal brasileiro segue como fonte de volatilidade para o dólar. O Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou que o governo mire o centro da meta de resultado primário, e não apenas o limite inferior do intervalo, para congelar gastos. Haddad reagiu dizendo que solicitará “esclarecimentos” ao órgão. Paralelamente, o adiamento da votação do projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para R$ 5 mil não preocupou o ministro, que prevê sanção em outubro.
Na política, o presidente Lula comemorou o arquivamento da PEC da Blindagem na CCJ do Senado, chamando o texto de “vergonha nacional”. O plenário aprovou ainda projeto que viabiliza o pacote de socorro às empresas atingidas pelo tarifaço dos EUA, com destaques adiados para a semana que vem.
Os investidores seguem atentos ainda à possibilidade de uma reunião formal entre Lula e Donald Trump na próxima semana, enquanto diplomatas dos dois países trabalham na definição de temas e datas. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.