Na visão de analistas ouvidos pelo E-Investidor, a lua de mel da Embraer com o mercado deve continuar. Nesta sessão, os ativos da empresa encerraram em valorização de 0,42% a R$ 83,49. Os papéis também registram salto de 48,74% no acumulado de 2025.
Na visão dos analistas do Itaú BBA, a alta do ano se deve a uma consequência de diversos fatores, como resultados positivos nos balanços mais recentes e o fechamento de negócios atrativos para o acionista da empresa. Os especialistas lembram que a Embraer teve uma boa performance no Paris Air Show, evento do setor aéreo na capital francesa.
Eles apontam que a companhia fechou um pedido com a Skywest que pode levar o faturamento da carteira a um novo recorde no segundo trimestre de 2025, acima dos US$ 26,4 bilhões em pedidos registrados no primeiro trimestre de 2025. “O evento na França foi um grande impulsionador do papel no ano, reforçando ainda mais nosso cálculo de Taxa Interna de Retorno (TIR) de 14% para a ação”, explicam Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Pedro Tineo, que assinam o relatório do Itaú BBA.
Para a equipe do BTG Pactual, além do Paris Air Show, o acordo com a Scandinavian Airlines deixou o mercado ainda mais eufórico com a empresa. Eles concordam que o Paris Air Show deste ano foi uma grande vitória para fabricante, mas a falta de pedidos para os E2 pode ter sido o único fator que impediu o grande sucesso do evento.
“O pedido da Scandinavian Airlines feito na terça-feira (1°) encerrou as preocupações com a carteira de pedidos do E2 e aproxima a Embraer de uma trajetória de forte crescimento na Europa. Com o acordo com a empresa aérea da Suécia, a Embraer garantiu contratos importantes em todas as suas unidades de negócios este ano”, afirmam Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim, que assinam o relatório do BTG.
Entregas de aeronaves da Embraer no 2T25 também animam o mercado
Além do fechamento de negócios, a empresa também tem reportado bons números operacionais e vem cumprindo suas metas de entrega estabelecidas nos contratos. Na noite de quarta-feira (2), a companhia informou que entregou 61 aeronaves entre abril e junho de 2025. O montante foi 30% superior ao registrado em igual trimestre de 2024, quando 47 aviões foram entregues, e mais que o dobro (103%) do resultado do primeiro trimestre de 2025.
Conforme os analistas do Bradesco BBI, os números são considerados positivos. Eles comentam que embora o segmento de aviação comercial tenha permanecido estável em relação ao ano anterior, a aviação executiva foi de longe a surpresa mais atraente, com 38 jatos no segundo trimestre de 2025, contra 27 no mesmo ciclo de 2024. O dado também superou a estimativa do banco, que era de 33 aeronaves. No primeiro semestre de 2025, a Embraer entregou 41% da meta estimada com base no ponto médio da projeção anual, contra 35% em 2024 e 33% em 2023.
“Em nossa visão, isso demonstra os avanços da Embraer no nivelamento da produção, principalmente no segmento de aviação executiva. Vemos isso como uma redução significativa de risco para a Embraer cumprir sua projeção de entrega de jatos executivos para 2025 e para os próximos anos, à medida que a empresa reduz a dependência do segundo semestre do ano. Além disso, o aumento nas entregas também pode favorecer as margens da companhia, o que seria positivo para a ação EMBR3”, explica a equipe do Bradesco BBI.
Já os analistas do Citi explicam em relatório que a entrega de 57 jatos ficou ligeiramente acima da previsão, que era de 54 unidades. Eles pontuam que a quantidade e o mix de entregas de jatos executivos foram mais fortes do que o esperado, enquanto a quantidade e o mix de entregas de jatos do segmento comercial vieram um pouco abaixo das estimativas. O banco espera que a empresa forneça os resultados da carteira de pedidos firmes do segundo trimestre de 2025 nas próximas semanas.
A equipe do Safra comenta que para a Embraer cumprir a meta de 81 aeronaves ela precisaria ter entregue 33 até agora, contra 26 efetivamente anunciadas. “Em nossa visão, isso reflete os problemas ainda desafiadores (embora em melhora) da cadeia de suprimentos. Dito isso, esperamos que a empresa acelere as entregas no segundo semestre de 2025”, argumentam Luiza Mussi e Lucas Melotti, que assinam o relatório do Safra.
Ainda é possível lucrar com as ações da Embraer?
Os analistas continuam otimistas com a tese do papel. Os do BTG Pactual dizem que as entregas do trimestre foram melhores que o esperado, captando ganhos com margens mais altas que a perspectiva inicial, o que traz uma estimativa para o balanço do segundo trimestre de 2025 acima da projeção anterior. Eles também estimam um crescimento no fluxo de caixa relacionado aos pagamentos de pré-entrega (PDPs) de pedidos recentes, incluindo os anunciados no Paris Air Show e, mais recentemente, o pedido da Scandinavian Airlines.
“Mantemos nossa recomendação de compra e permanecemos confiantes em uma reclassificação estável, à medida que o negócio se torna gradualmente mais diversificado ao longo do tempo, permitindo um padrão de Fluxo de Caixa Livre mais equilibrado”, dizem Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim. O preço-alvo calculado pelo banco é de US$ 63 para a ADR da Embraer – recibos que permitem comprar nos EUA ações de empresas não americanas –negociada em Nova York, uma alta 3,24% em relação ao fechamento de quinta-feira (3), quando o ativo encerrou o pregão a US$ 61,02.
O Bradesco BBI elevou o preço-alvo do ADR da Embraer negociada em Nova York de US$ 60,00 para US$ 68,00. “A elevação é fruto da incorporação dos resultados do primeiro trimestre de 2025 e das entregas do período de abril a junho, aumentando nossa entrega de jatos executivos para 150 em 2025, ante 145 da estimativa anterior”, afirmam os analistas.
O Bradesco BBI tem recomendação de compra para as ações da Embraer. O preço-alvo equivale a um avanço de 11,43% na comparação com o fechamento de quarta-feira (2), quando o papel encerrou o pregão a US$ 59,37. O Citi tem recomendação de compra para os ADRs da Embraer, com preço-alvo de US$ 59, abaixo do fechamento do papel na Nyse.
O Safra classifica o papel da Embraer (EMBR3) como outperform, desempenho acima da média do mercado, que é equivalente à recomendação de compra. Os analistas estimam preço-alvo de US$ 66,00, crescimento de 8,16% na comparação com o último fechamento. Ou seja, as perspectivas para companhia continuam positivas em meio ao fechamento de novos negócios e entregas operacionais melhores que o esperado.