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BR Malls e Aliansce Sonae: como ficam os investidores após a fusão?

Acionistas aprovaram nesta quarta-feira a fusão, que dá origem à maior empresa de shoppings da América Latina

BR Malls e Aliansce Sonae: como ficam os investidores após a fusão?
Fusão originará maior empresa de shoppings da América Latina. (Foto: Envato)
  • Os acionistas de ambas as empresas disseram o aguardado ‘sim’ nas Assembleias Gerais Extraordinárias (AGE) realizadas nesta quarta-feira (8). Agora, será preciso aguardar o sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade)
  • Desse casamento vai surgir a maior empresa do setor de shopping da América Latina, com 69 unidades e vendas anuais perto de R$ 38,5 bilhões
  • Para o investidor que gosta do setor, a fusão entre BR Malls e Aliansce Sonae deve tornar os papéis mais resilientes para superar a volatilidade vinda da alta da inflação e dos juros

A fusão entre BR Malls (BRML3) e a Aliansce Sonae (ALSO3) está finalmente próxima de se concretizar. Os acionistas de ambas as empresas disseram o aguardado “sim” nas Assembleias Gerais Extraordinárias (AGEs) realizadas nesta quarta-feira (8). Assim, analistas do setor de shoppings foram consultados sobre as perspectivas para os investidores que estão, hoje, posicionados nos papeis das empresas envolvidas na operação.

O negócio, que prevê que a Aliansce Sonae pague aos acionistas da BR Malls R$ 1,25 bilhão em dinheiro e 326 milhões em novas ações ALSO3, precisava do aval de ao menos 50% dos acionistas das duas companhias. E conseguiu: a fusão foi aprovada por 68,5% dos acionistas da BR Malls e por 79,6% da Aliansce.

Desse casamento vai surgir a maior empresa do setor de shopping da América Latina, com 69 unidades e vendas anuais perto de R$ 38,5 bilhões. Números bem maiores do que os das principais concorrentes nacionais, como a Multiplan, que tem 20 shoppings, e a Iguatemi, com 16.

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As negociações se estendiam há algum tempo e foi preciso três propostas para que a BR Malls cedesse às investidas da Aliansce e topasse unificar os negócios. Agora, será preciso aguardar o sinal verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que deve demorar de seis a sete meses. Para evitar um possível impedimento por parte do CADE, as companhias identificaram até quatro shoppings que podem ser vendidos para facilitar a combinação dos negócios.

“Uma parte importante do acordo que ambas as empresas estão tocando muito bem é já se antecipar ao que o Cade virá a dizer para aprovar a transação. Eles mesmos já identificaram shoppings em localidades onde há duplicidade e estão fazendo um processo estruturado para vender essas unidades. Isso vai ser bom, já que são shoppings bem localizados que vão cair na mão de outros donos e dinamizar o mercado”, avalia Denis Morante, sócio-fundador da Fortezza Partners.

Como ficam os investidores

Mesmo se aprovada, a fusão não vai retirar nenhum dos papéis de circulação e os investidores continuarão a negociar BRML3 e ALSO3 na B3. Dado o tamanho do negócio, as expectativas do mercado com a união entre as duas companhias são bastante positivas.

Reflexo disso, a maré negativa para os ativos de shopping no pregão da quarta-feira passou longe de BR Malls e da Aliansce Sonae. As ações das duas empresas fecharam no positivo com altas de +1,07% e 1,14%, respectivamente, enquanto investidores aguardavam a decisão das AGEs.

“Criou um player muito significativo em um mercado que está em um processo de transformação por causa da pandemia. Se eu fosse investidor, estaria bastante satisfeito porque certamente eles vão implementar um conjunto de sinergias bem relevante do ponto de vista administrativo e financeiro, mas também negociação com lojistas e transformação digital do negócio”, diz Morante, da Fortezza.

A expectativa das companhias é que a fusão gere R$ 210 milhões por ano em sinergias, disseram os executivos em entrevista ao BroadCast, da Agência Estado. E esse ponto também está no radar.

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“Acredito que essa fusão pode gerar sinergias com redução de despesa administrativa, principalmente, com um custo só de holding, por exemplo, em vez de dois. Além disso, cria a maior empresa de rede de shoppings no Brasil em termos de faturamento”, destaca Vitorio Galindo, analista de investimentos e head de análise fundamentalista da Quantzed, empresa de tecnologia e educação financeira para investidores.

O setor de shoppings foi bastante afetado pelo fechamento dos serviços não essenciais durante a pandemia da covid-19 e, agora, a fase de reabertura tem enfrentado um desafio adicional: uma inflação que não para de subir. A fusão entre BR Malls e Aliansce Sonae deve tornar os papéis mais resilientes para superar a volatilidade.

“Nesse momento macroeconômico, todo setor relacionado a vendas acaba sendo afetado. População perde poder de compra, aumenta a inadimplência. O de shoppings é apenas mais um que sofreu por causa disso”, explica Heitor de Nicola, assessor de renda variável da Acqua Vero. “A fusão vai criar o maior player do mercado, com o maior market share, operação e receita gigantescas. Pode ser, sim, uma baita oportunidade para o investidor que gosta dessa tese de investimentos”, avalia.

Embora a perspectiva para as ações seja positiva, o investimento deve ser pensado no longo prazo. No curto e médio prazo, BR Malls e Aliansce terão custos a cobrir para concluir a fusão, além do cenário de inflação e juros em alta que podem reduzir os ganhos, pontua Matheus Jaconeli, analista de investimentos da Nova Futura Investimentos.

Para o analista, BRML3 e ALSO3 se tornam uma das alternativas mais atrativas de investimento no setor de shoppings. Apesar disso, a concorrência não deve sair do radar. “O foco de BR Malls e Aliansce Sonae é o público de classe média e, por mais que os dados de emprego sejam positivos, a inflação ainda corrói parte do orçamento dessa classe. Isso faz com que os investidores também fiquem atentos, dentro do setor, às companhias voltadas para o público de alta renda, como é o caso de Iguatemi e JHSF”, diz Jaconeli.

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*Com Estadão Conteúdo

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