Incertezas em torno dos impactos potenciais das tarifas dos EUA sobre o comércio global de aço permanecem como uma das principais preocupações dos investidores. (Imagem: Panksvatouny em Adobe Stock)
Apesar de ter reduzido o lucro líquido em 39,4% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, o balanço da Gerdau (GGBR4)do primeiro trimestre de 2025 surpreendeu analistas do mercado financeiro, que destacaram as operações na América do Norte como principal fator positivo. Na noite da segunda-feira (28), a empresa apresentou lucro líquido de R$ 756 milhões no período. Hoje, por volta das 12h (de Brasília), as ações da Gerdau cediam 1,22%, a R$ 15,36.
O lucro antes de juros, depreciação, amortização e impostos (Ebitda) ajustado de R$ 2,4 bilhões veio 4% acima do previsto pela XP Investimentos. Para a casa, o resultado da Gerdau no primeiro trimestre refletiu uma recuperação na América do Norte, mas parcialmente compensado por um desempenho mais fraco no Brasil.
“Com os resultados mais fracos amplamente esperados no Brasil, as incertezas em torno dos impactos potenciais das tarifas dos EUA sobre o comércio global de açopermanecem como uma das principais preocupações dos investidores (e nossos)”, afirmam os analistas ucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, da XP.
Para o Citi, a companhia conseguiu se beneficiar das mudanças tarifárias da Seção 232, o mecanismo usado pelo governo americano para proteger o mercado interno restringindo as importações de determinado produto. “[A Gerdau se] beneficiou das mudanças tarifárias da Seção 232, com maior exposição de estoques do que demanda subjacente, em nossa visão”, dizem os analistas Alexander Hacking e Stefan Weskott.
No caso do Brasil, os EUA acionaram a medida para investigar os embarques de aço e alumínio para o país. Segundo o Citi, isso ajudou a enfraquecer os números da Gerdau no Brasil, com preços mais baixos, reduzindo a margem Ebitda de 18% para 14% no primeiro trimestre.
Operações no Brasil
A operação brasileira apresentou queda de 3,3% na produção e as vendas totais subiram 0,2% no comparativo trimestral. As exportações caíram 2,3% no período, enquanto as vendas no mercado interno foram 1,0% maiores.
“Além dos efeitos de preço oriundos da entrada de outros players (principais empresas, entidades ou indivíduos que exercem influência significativa no setor), o forte crescimento das importações e custos 2,9% maiores no período levaram a operação a registrar queda de 23,4% do Ebitda ajustado e de 3,6 pontos porcentuais da margem Ebitda. De positivo, destacamos a redução do custo administrativo (SG&A) em cerca de 10%”, diz relatório da Ativa assinado por Ilan Arbetman.
Segundo o Itaú BBA, todas as atenções estão voltadas agora para os próximos trimestres, que devem apresentar equilíbrio entre a “melhor sazonalidade e a visibilidade limitada das perspectivas macroeconômicas para o segundo semestre de 2025 para o Brasil e a América do Norte”.
Vale comprar ações da Gerdau agora?
Para a Ativa, o momento operacional ainda é desafiador para os mercados em que a Gerdau atua, o que pode manter as ações da companhia pressionadas. “Seguiremos neutros perante o papel”, diz, no relatório. O preço-alvo definido pela corretora é de R$ 26, o que equivale a um potencial de valorização de 67,2% em relação ao fechamento da segunda-feira (28).
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Já as demais corretoras recomendam compra para as ações da Gerdau, que hoje chegaram a atingir a máxima de R$ 15,72 na Bolsa de Valores. A XP destaca que a empresa é negociada com um valuation (valor do ativo) assimétrico e com desconto. Já o Citi estipulou o preço-alvo de R$ 24,50, o que equivale a uma valorização de 57,6% em relação ao fechamento anterior.
O Itaú BBA tem recomendação outperform (equivalente à compra) para as ações da Gerdau (GGBR4) com preço-alvo de R$ 23, o que equivale a uma valorização de 47,9% em relação ao fechamento do papel no pregão de ontem, a R$ 15,55.
*Colaboraram: Ana Paula Machado e Beth Moreira, do Broadcast