A Ativa é a única casa cosultada pela reportagem com recomendação neutra para a Gerdau (GGBR4) após o balanço do 2T25. (Foto: Adobe Stock)
As ações da Gerdau(GGBR4) caem no pregão desta sexta-feira (1°) após a empresa reportar lucro abaixo do esperado pelo mercado por causa do desempenho das operações da companhia na América do Sul. Ontem, a Gerdau reportou lucro líquido ajustado de R$ 864 milhões no segundo trimestre de 2025 (2T25), queda de 8,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. Veja os detalhes do balançoaqui.
Apesar do resultado do lucro líquido, a XP informa que o balanço em si ficou em linha com as projeções de seus analistas. O grande destaque positivo veio da divisão da América do Norte, que apresentou lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 1,63 bilhão no segundo trimestre de 2025, alta de 37% na comparação com o primeiro período do ano.
“Vemos esse bom desempenho nos EUA como fruto do crescimento de 6% dos volumes de vendas em um ano, com redução nas importações de aço após o tarifaço de Donald Trump acontecer em um cenário de demanda americana resiliente e preços realizados mais altos”, dizem Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano, que assinam o relatório da XP.
As tarifas dos EUA sobre o aço recaem nas empresas que não possuem operação nos EUA. No entanto, Gerdau produz o produto nas terras do Tio Sam, o que a isenta do tarifaço e engorda os seus resultados devido às medidas protecionistas de Trump.
“Os resultados de hoje reforçam os benefícios da diversificação geográfica da Gerdau após o tarifaço de Trump”, explicam Laghi, Nippes e Urbano.
Operação no Brasil puxa resultado da Gerdau para baixo
A Ativa Investimentos observa que a Gerdau registrou alta de 2,2% na produção no período e queda de 1,2% nas vendas, ambos na comparação com o primeiro trimestre, com margem bruta ligeiramente acima do esperado. “No entanto, um leve aumento da relação despesas gerais e administrativas (SG&A)/receita líquida resultou na obtenção de Ebitda inferior ao que estimávamos”, destaca Ilan Arbetman, que assina o relatório.
Já os analistas do Safra lembram que o desempenho na América do Sul foi 24% pior que o esperado pelo banco, com o Ebitda da região em R$ 149 milhões. O banco aponta que os preços realizados ficaram 18% abaixo do esperado e encerraram o trimestre em R$ 4.622 por tonelada. Já os custos e despesas por tonelada ficaram R$ 4.104, resultado 16% abaixo da estimativa do Safra.
Ainda que os números da América do Sul sejam os detratores do preço da ação, o BTG Pactual lembra que os resultados no Brasil ficaram 13% acima do que o banco esperava, com o Ebitda doméstico em R$ 877 milhões. Ainda assim, o número representa uma queda de 17% em relação ao primeiro trimestre de 2025.
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A rentabilidade operacional da Gerdau no Brasil, medida pela margem Ebitda, recuou 2,6 pontos porcentuais, indo de 14,6% no primeiro trimestre de 2025 para 12% no segundo. “Observe que, no segundo trimestre, a Gerdau começou a consolidar os resultados da sua joint venture na unidade do Brasil, o que impactou levemente a margem Ebitda reportada para o trimestre”, explicam Leonardo Correa e Marcelo Arazi, que assinam o relatório do BTG.
Os analistas do Citi dizem que setor doméstico foi afetado pela fatia recorde de produtos longos e planos importados no Brasil, pressionando os preços.
“Além disso, esperamos que o terceiro trimestre tenha um efeito positivo nas margens, dado o declínio nos preços das matérias-primas”, explicam Gabriel Barra e Stefan Weskott, que assinam o relatório do Citi.
É hora de comprar as ações da Gerdau?
A maioria dos analistas recomenda compra para o papel. A XP diz que a companhia deve pagar 9% do seu valor de mercado em dividendos em 2026 e 12% em 2027. Os especialistas enxergam iniciativas de redução de custos, visando recuperação da rentabilidade no Brasil.
“Além disso, as tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem impulsionar ainda mais a ação e os resultados da empresa, visto que vemos uma valorização assimétrica no Fluxo de Caixa Livre e no preço da ação GGBR4“, concluem Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano.
A XP tem recomendação de compra para a Gerdau com preço-alvo de R$ 23 para o fim de 2025, alta de 36,6% na comparação com o fechamento de quinta-feira (31), quando encerrou o pregão a R$ 16,84. Os demais analistas reforçam a tese. O BTG recomenda compra com preço-alvo de R$ 20, avanço de 18,8%.
O Safra tem recomendação de outperform, equivalente à compra, com preço-alvo de R$ 19.90, aumento de 18%. O Citi mantém recomendação de compra para as ações da Gerdau, com preço-alvo de R$ 20, representando potencial de valorização de 18,8% em relação ao último fechamento do papel. A empresa é a principal escolha do banco no setor.
Nem todos recomendam a compra de GGBR4
A Ativa é a única a ter recomendação neutra para a Gerdau. O preço-alvo é de R$ 21, representando potencial de valorização de 24,7% ante o fechamento do papel no pregão de ontem.
“Embora vejamos sinais positivos oriundos da América do Norte, não acreditamos que, isoladamente, sejam suficientes para alterar a dinâmica de precificação do papel”, conclui Arbetman.
Sendo assim, a maioria dos analistas reforça a tese de compra para a siderúrgica, visto que a Gerdau (GGBR4) tem diversificação geográfica e deve continuar sendo beneficiada pelo tarifaço, mesmo que os números ainda não estejam atrativos na América do Sul.