- O BTG reiterou a recomendação de compra da Gerdau (GGBR4) após receber o CFO da empresa Rafael Japur em conferência do banco, e receber uma sinalização da administração de que os resultados devem ser mais resilientes do que o mercado está esperando
- O banco reitera a compra das ações da Gerdau, com preço-alvo de R$ 43 para a ação na B3 e US$8,14 para a ADR (potencial de alta de 54% e 60.9%, respectivamente)
- “Em última análise, vemos potencial para o retorno de caixa render acima de 15% em 2023, o que coloca a empresa como uma das melhores em nosso universo de cobertura”, avaliam os analistas em relatório
O BTG reiterou a recomendação de compra da Gerdau (GGBR4) após receber o CFO da empresa Rafael Japur em conferência do banco, e receber uma sinalização da administração de que os resultados devem ser mais resilientes do que o mercado está esperando. O banco avalia ainda que as ações da empresa são negociadas com múltiplos “baratos”.
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Enquanto a empresa reconhece que a base atual de resultados é muito alta (Ebitda na faixa de R$ 22-24 bilhões), ela não está vendo sinais relevantes de uma grande correção de rentabilidade nos EUA, permanecendo bastante otimista com as perspectivas no Brasil – “será que vem uma nova rodada de aumentos de preços no quarto trimestre?”, questionam os analistas do banco Leonardo.
A administração ainda está focada na execução de um balanço patrimonial sub-alavancado e não deve se envolver em grandes investimentos greenfield nem M&A, avalia o BTG, que sente, porém, que ainda há muito espaço para acelerar os retornos de caixa para os investidores (recompra é a rota preferida).
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“Nós reiteramos nossa visão de que o ritmo de normalização será gradual e a queda deve ser superficial, com uma faixa de Ebitda de R$ 14 bilhões a R$ 15 bilhões em 2023 parecendo cada vez mais conservadora”, dizem Correa e Greiner. “Esse cenário conservador colocaria a empresa confortavelmente abaixo de 3 vezes o Ebitda de 2023, e com FCFE yields perto de 20%, o que é inigualável em nosso universo de cobertura”, completam.
O banco diz ainda que, com a empresa se aproximando de zero (líquido) de dívida, uma área chave de foco dos investidores tem sido no potencial para a Gerdau aumentar significativamente os retornos aos acionistas. Enquanto alguns têm defendido uma nova política de dividendos ultimamente, a mensagem da Gerdau foi clara, afirma o BTG: uma nova fórmula de dividendos não está sendo discutida neste momento, com administração confortável com seu índice de distribuição atual de 30% do lucro líquido; recompras são a rota preferida para distribuição de caixa excedente, com gerenciamento acelerando as recompras ultimamente (um novo programa pode ser aberto até o final do ano) e; a empresa não pretende tornar-se caixa líquido.
“Em última análise, vemos potencial para o retorno de caixa render acima de 15% em 2023, o que coloca a empresa como uma das melhores em nosso universo de cobertura”, avaliam os analistas em relatório.
O BTG acredita que a administração da companhia deve permanecer focada em despesas de capex de baixo tíquete, com capex total permanecendo em torno de R$ 4,5-5 bilhões no médio prazo, o que se compara a geração de Ebitda na faixa de R$ 12-15 bilhões (na modelagem da casa até 2025).
Além disso, o banco pontua que a mensagem da empresa sobre a sustentabilidade dos resultados nos EUA foi bastante tranquilizadora, considerando que os spreads de metais estão subindo devido aos preços resilientes do vergalhão e queda nos preços da sucata, agora sendo negociada perto dos níveis mais altos de vários anos, acima de US$ 600 no curto prazo; a carteira de pedidos saudável, com boa visibilidade e perspectivas de demanda até o final do ano; e mercado imobiliário representando menos de 10% do volume total no região, minimizando as preocupações dos investidores com o aumento das taxas de hipoteca.
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A empresa disse que ainda não está sentindo nenhum dos “ventos favoráveis” do pacote de infraestrutura nos EUA – e o BTG não prevê alterações na Seção 232 em breve, que considera favorável ao ciclo. No Brasil, o CFO Japur concorda com a visão do banco de que os preços dos aços longos domésticos estão com descontos excessivos em relação às importações (-5%), e o banco diz que “ouviu” sobre novos aumentos de preços tentativas para outubro de 5-7% (não confirmados). Em geral, todos esses fatores podem gerar resultados mais próximos de R$ 20 bilhões de EBITDA por mais tempo, acrescenta.
Os analistas têm a impressão de que os resultados de curto prazo da Gerdau devem ser pressionados por pressões de custo momentâneo no Brasil, o que deve reduzir as margens EBITDA para cerca de 19% no terceiro trimestre (de 24%). Essa contração de margem é explicada principalmente pelo preço mais alto do carvão metalúrgico fluindo pelo P&L em sua unidade de Ouro Branco no Brasil.
Por outro lado, o BTG antecipa resultados muito fortes nos EUA, mostrando rentabilidade relativamente estável no país e “resultados decentes” em outros lugares. Ao todo, a geração EBTIDA deve subir um pouco acima de R$ 5 bilhões, mostrando uma contração sequencial de cerca de 20% no comparativo trimestral.
“No final das contas, acreditamos que isso reforça nossa visão de que a base é tão alta que mesmo em meio a alguns desafios, a base/métrica resultante permanece altamente atraente”, concluem Correa e Greiner.
O banco reitera a compra das ações da Gerdau, com preço-alvo de R$ 43 para a ação na B3 e US$8,14 para a ADR (potencial de alta de 54% e 60.9%, respectivamente), pois apesar do enfraquecimento da indústria siderúrgica global, vê a Gerdau bem posicionada para enfrentar a tempestade, devido ao seu modelo de negócios resiliente, diversificação, qualidade de ativos e flexibilidade – o impulso dos lucros está diminuindo para o todo o setor, mas em menor escala para a Gerdau, afirma o BTG.
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A Gerdau negocia em múltiplos “baratos”, de acordo com o banco, de 2,5 vezes o EV/Ebitda de 2023 e espera-se que a empresa gere aproximadamente 20% FCF de rendimentos.
“Os preços das ações foram corrigidos antes de fundamentos, e agora estão descontando uma correção de Ebitda de 60-70%, que vemos como agressiva. O mercado também vem ganhando mais clareza sobre a empresa no que diz respeito a alocação de capital (uma preocupação importante anteriormente): com uma meta de dívida bruta fixada em R$ 12 bilhões, vemos potencial para a empresa se tornar mais agressiva na remuneração dos acionistas”, argumentam os analistas.