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Por que a Getnet caiu 42% desde a sua estreia na Bolsa

Empresa de soluções de pagamento, do grupo Santander, é a mais nova integrante da Bolsa

Por que a Getnet caiu 42% desde a sua estreia na Bolsa
Se você é cliente Santader, faça suas compras e confira como resgatar os pontos no Santander Esfera. (FOTO: Pisco Del Gaiso/Santander)
  • Após figurar por dois dias (18 e 19 de outubro) entre as maiores altas do Ibovespa, os papéis da empresa entraram em trajetória de queda. Desta forma, a companhia caiu 26,68% no período de 18 a 22 de outubro
  • As ações da Getnet fecharam o pregão da quinta-feira (28) em queda de 7,03%, cotadas a R$ 4,63
  • A Getnet é uma empresa de processamento de pagamentos que pertence ao grupo Santander (SANB11) e estreou na B3 no dia 18 de outubro. A companhia optou por não realizar uma oferta pública de ações, e sim fazer a cisão do banco espanhol

A Getnet (GETT11) não conseguiu manter a promessa de sucesso na Bolsa de Valores brasileira. Após estrear com excelente desempenho e figurar por dois dias (18 e 19 de outubro) entres as maiores altas do Ibovespa, os papéis da empresa entraram em trajetória de queda e desvalorizaram 26,6% entre os dias 18 e 22 de outubro.

No mesmo período, o Ibovespa caiu 7,28%, passando de 114.647 pontos para 106.296 pontos. O motivo principal para o desempenho foi a questão do Auxilio Brasil, que acendeu o alerta nos investidores de que o governo poderia estourar o teto de gastos.

Nesta sexta-feira, às 12h30, as ações da Getnet estavam em queda de 4,95%, cotadas a R$ 4,42. Desde sua estreia, os papéis da companhia já caíram 42,88%.

Cisão do Santander

A Getnet é uma empresa de processamento de pagamentos que pertence ao grupo Santander (SANB11) e estreou na B3 no dia 18 de outubro. A companhia optou por não realizar uma oferta pública de ações, e sim fazer a cisão do banco espanhol.

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Segundo o Santander, a cisão teve como objetivo possibilitar que a Getnet explore seu pleno potencial de negócios, como parte da estratégia do Grupo Santander de concentrar os negócios de tecnologia e meios de pagamento do grupo na PagoNxt, uma nova plataforma global de meios de pagamento focada em tecnologia.

“A cisão garantirá à Getnet acesso direto ao mercado de capitais e a outras fontes de captação de recursos, permitindo que priorize seus investimentos de acordo com o seu perfil e espectro de atuação, o que, por sua vez, gerará mais valor para os respectivos acionistas”, diz documento publicado pelo Santander.

Panorama da empresa

Para Viviane Vieira, operadora de renda variável da B.Side Investimentos, escritório plugado ao BTG Pactual, o setor de maquininhas de cartão de crédito possui uma série de desafios.

“Primeiro que a competição nesse setor é muito grande, a própria Cielo sofreu muito, é só olhar para o preço das ações da companhia, que desabaram. Já chegaram a custar R$ 30 e, hoje, custam R$ 3, então é um setor difícil, muito competitivo. É preciso vencer a competição e a sua margem de lucro é muito pequena”, diz Vieira.

Na visão da operadora, o grande desafio da empresa é conseguir ter uma lucratividade alta, porque se ela cobra uma taxa alta do cliente final e uma concorrente, por exemplo a PagSeguro, cobra uma taxa menor, o cliente eventualmente vai migrar. “É difícil porque há Stone, PagSeguro, Cielo, Getnet, a própria maquininha do Safra, então tem uma competição muito grande e essa margem de lucratividade é pequena”, diz.

Outro ponto importante levantado por Vieira é que o varejo foi um dos setores mais impactado pela pandemia, principalmente os pequenos varejistas. Como muitos desses pequenos comerciantes utilizam as maquininhas de cartão, com a diminuição do fluxo de pessoas circulando, os empreendedores venderam menos e, por consequência, as companhias lucraram menos.

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“Como muitos negócios quebraram, isso acabou diminuindo também o lucro da empresa. Além disso, com o Pix, muita gente dá preferência pela nova modalidade de pagamento, porque o próprio varejista não precisa pagar a taxa do cartão”, diz.

Além do segmento ser bastante competitivo, Mario Goulart, analista da O2 Research, levanta mais uma questão: o mercado perdeu o apetite para IPOs.

“A Getnet, em seu primeiro dia de negociação, foi super bem e subiu 18%, acredito que por conta de um pouco de realização. Além disso, logo em seguida, mergulhamos em uma fase de muito mau humor com o mercado brasileiro. As empresas que fizeram IPO neste ano estão apanhando, isso fica claro ao analisarmos os desempenhos de suas ações nos últimos três meses”, diz Goulart.

Vale a pena investir na Getnet?

Na visão de Vieira, não vale a pena comprar ações da companhia, tendo em vista a alta competitividade do setor e o baixo lucro das empresas do ramo. “Particularmente eu acho que não é um bom momento para entrar na Getnet, acho que é um setor difícil e tem papéis melhores na bolsa em outros setores. Acho até melhor você ter exposição no banco do que ter na maquininha”, diz.

Para Vieria, da B.Side, o timming para investir é ainda pior se considerarmos a inflação mais forte, os juros mais altos e um crescimento econômico um pouco menor, o que acaba prejudicando ainda mais o setor.

Já para Goulart, da O2, o problema não é nem tanto a Getnet, e sim o Brasil, pois como ponto positivo, ela tem a retaguarda do banco Santander, que é uma das grandes instituições financeiras que atuam no mercado brasileiro, uma empresa sem dívida e que está em uma posição de suportar essa alta do juros. “No caso de Getnet, eu tendo a ser positivo para empresa e negativo para o cenário brasileiro”, diz.

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