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Em meio aos esforços para aumentar a arrecadação pública, o governo federal deve contar com um volume de dividendos bem inferior em relação aos últimos trimestres. Estimativas das corretoras investimentos consultadas pela reportagem apontam que os balanços do segundo trimestre de 2025 (2T25) das empresas Eletrobras (ELET3, ELET6), Petrobras (PETR3;PETR4) e Banco do Brasil (BBSA3) podem pagar a União cerca de R$ 5 bilhões em proventos. As três companhias divulgam os seus resultados nesta quarta-feira (6), quinta-feira (7) e no dia 14 de agosto, respectivamente.
O volume, embora expressivo, representa em uma queda de 61% em comparação ao total de proventos que foram pagos no igual período de 2024, quando a União recebeu das companhias, em que possui posição acionária relevante, cerca de R$ 13 bilhões, segundo dados da Elos Ayta Consultoria levantados a pedido do E-Investidor.
Já em relação ao primeiro trimestre de 2025, quando foram pagos R$ 10 bilhões, a diferença corresponde em uma perda de 50%.
Corretora ou casa de análise | Banco do Brasil | Eletrobras | Petrobras |
Monte Bravo | R$ 750 milhões | Nd |
R$ 4,6 bilhões
|
Genial Investimentos | R$ 1,2 bilhão | R$ 160 milhões |
R$ 3,6 bilhões
|
RJ+ Investimentos | R$ 1,08 bilhão a R$ 1,22 bilhão | Nd |
R$ 4,5 bilhões
|
Suno Research | R$ 825 milhões a R$ 1,1 bilhão | Nd |
R$ 3,5 bilhões a R$ 4 bilhões
|
A diferença substancial na arrecadação está mais associada ao momento nebuloso enfrentado pelo Banco do Brasil, companhia em que a União tem 50% da posição acionária. O aumento da inadimplência da carteira de crédito, tanto no segmento do agronegócio quanto dos clientes do varejo e corporativo, deve penalizar os números do banco e, consequentemente, reduzir a distribuição de proventos.
“O BB entrou em um ciclo de crédito bem negativo. Não sabemos o tamanho das provisões que o banco precisará fazer nos próximos meses. Então, deve segurar um pouco mais o payout (porcentagem distribuída aos acionistas) de dividendos“, diz Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo.
Com base nessa realidade, a corretora espera que o BB anuncie um pagamento de dividendos na ordem de R$ 1,5 bilhão. Desse total, R$ 750 milhões seriam destinados para a conta do Poder Executivo. O montante representa queda de 60,3% em um ano. Na comparação com o semestre anterior, a diferença chega a ser de 70%.
Contudo, a estimativa não é unânime. Ygor Bastos, analista de ações da Genial Investimentos, acredita que a estatal poderá pagar cerca de R$ 2,3 bilhões em proventos no segundo trimestre, o que resultaria em um retorno de R$ 1,2 bilhã para a União.
Já Evandro Medeiros, analista CNPI da Suno Research, traça dois cenários. O primeiro assume que o BB adotará um payout de 30%, o que poderá garantir à União cerca de R$ 825 milhões. O segundo, por sua vez, espera uma capacidade de pagamento na ordem de 40%, resultando em um retorno de R$ 1,1 bilhão ao governo federal.
“O resultado do segundo trimestre deve esclarecer muitas das dúvidas acerca da inadimplência do agro. Esperamos maior pressão nas perdas da carteira PJ dada a pressão do alto patamar de juros no resultado financeiro das empresas”, diz Medeiros sobre as expectativas para o balanço do BB.
As ações da Petrobras serão as grandes responsáveis por garantir à União um retorno relevante de dividendos. De acordo com as expectativas dos analistas, a petroleira deve anunciar uma distribuição regular de R$ 9,7 bilhões a R$ 16 bilhões.
Com a participação acionária de 29% na companhia, o governo teria direito a um pagamento de R$ 3,6 bilhões a R$ 4,6 bilhões. O montante estaria bem próximo ao valor de R$ 4,8 que foram pagos no primeiro trimestre do ano.
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Por outro lado, será menos da metade em comparação ao mesmo período de 2024, quando a companhia depositou R$ 10,7 bilhões ao governo. Bastos, da Genial Investimentos, explica que essa diferença pode mudar ao longo dos meses. Isso porque o grande potencial de arrecadação do governo por meio da Petrobras está nos pagamentos extraordinários.
Segundo ele, o Plano Estratégico 2025 – 2029 da petroleira reservou entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões para dividendos extraordinários. Desse total, US$ 3,4 bilhões já foram pagos. “Assim, ainda restam pelo menos US$ 1,6 bi disponíveis para proventos adicionais — seja já neste trimestre, seja ao longo dos próximos anos”, ressalta o analista.
Para a Eletrobras, a expectativa é de que a ex-estatal não distribua nenhum dividendo referente aos resultados do segundo trimestre de 2025. Alexandre Rocha, assessor da RJ+ Investimentos, explica que o consenso se baseia porque a empresa costuma distribuir dividendos apenas no balanço anual. Ou seja, no início da cada ano. “Mesmo que houvesse, a fatia econômica do governo na companhia foi bastante reduzida após a privatização: hoje está em torno de 26%”, diz Rocha.
Apesar das estimativas, Bernardo Viero, analista CNPI da Suno Research, ressalta que a Eletrobras tem um potencial de lucro de R$ 2 bilhões para o segundo trimestre. Se considerarmos um payout de 50%, o volume pode garantir cerca de R$ 400 milhões ao governo federal em proventos.
“Não deve alimentar o caixa da União agora, mas, se acumular com os todos os resultados do ano, pode consolidar em um dividend yield (rendimento de dividendos) próximo de 6%”, diz o especialista. Já a Genial calcula um resultado de R$ 160 milhões ao governo, com base nas expectativas para o próximo balanço.
Dados da Elos Ayta Consultoria mostram que o último pagamento de dividendos da companhia ao governo federal, realizado no primeiro trimestre de 2025, foi na ordem de R$ 635 milhões.
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