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- Ministério da Agricultura informou frigoríficos brasileiros sobre a suspensão da exportação de produtos avícolas por Santa Catarina para o Japão, por conta de caso de gripe aviária
- Os quatro principais frigoríficos listados em Bolsa, BRF (BRFS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3), e JBS (JBSS3), recuam na semana
- Para especialista, caso de gripe aviária é pontual e não irá ter um impacto prolongado nas ações
A semana começou movimentada para os frigoríficos, que receberam a notícia do Ministério da Agricultura, na segunda-feira (17), sobre a suspensão de importação de frango pelo Japão após a confirmação de um caso de gripe aviária em uma ave de produção de subsistência (fundo de quintal) no município de Maracajá, em Santa Catarina.
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Nesta terça-feira (18), até as 15h, os frigoríficos recuavam na Bolsa: BRF (BRFS3) -1,57%, Marfrig (MRFG3) -2,30%, Minerva (BEEF3) -2,02%, e JBS (JBSS3) -3,68%.
Segundo um documento no qual o Broadcast Agro teve acesso, a suspensão foi informada em ofício enviado aos frigoríficos aptos a exportar para o país asiático. No documento aos estabelecimentos, o ministério afirmou que “está realizando as gestões necessárias para prestar os devidos esclarecimentos às autoridades japonesas”.
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Marco Saravalle, analista CNPI-P e sócio-fundador da Sara Invest, destaca o impacto da gripe aviária na BRF, que atua com itens processados e carne de frango. Ontem, a companhia ficou como a segunda maior queda no Ibovespa, recuando 2,70%. Hoje, ela se recupera, com uma alta de 0,80% por volta das 15h.
“Quando a gente fala de gripe aviária, particularmente, a gente lembra de BRF em primeiro lugar. Até ontem teve um impacto mais negativo na Bolsa do que as demais. Isso porque a JBS é um player muito mais global, com uma presença muito forte no mercado norte-americano e as outras companhias, Marfrig e Minerva, têm um foco em proteínas bovinas”, explica Saravalle.
Até quando a gripe aviária pode impactar as ações?
Charluan Gamballe Correia, CEO da GCS Capital, explica que, para ele, o caso de Santa Catarina foi um caso extremamente pontual, já que a doença foi identificada em quatro aves que não faziam parte da produção industrial para exportação.
“A própria Organização Mundial de Saúde Animal sugere a suspensão de comércio, mas apenas em casos registrados na produção comercial, o que não se aplica a este. Ou seja, a decisão das autoridades do Japão estão contrariando todo entendimento internacional. Por conta disso, isso deve ser sanado rapidamente”, explica.
Ele também comenta sobre a situação ter sido sanada in loco e as próprias autoridades brasileiras já terem entrado em contato com o Japão para esclarecimentos. “O reflexo para uma escalada de impacto nas ações deve ser mínimo”, salienta.
Guerra Rússia-Ucrânia
Outros fatores mexem com o setor nesta semana. A notícia de que a Rússia encerrou o acordo que permitia a Ucrânia exportar seus grãos pelo Mar Negro mexe não só com o agronegócio brasileiro, mas com o segmento em todo o mundo. Isso porque o acordo, feito em julho de 2022, era essencial para manter os preços globais de alimentos estáveis, já que a invasão na Ucrânia em fevereiro do ano passado fez com que os preços globais das commodities disparassem.
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Para Marcos Fava Neves, professor da Universidade de São Paulo (USP) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV), produtores de grãos saem ganhando, enquanto o setor de proteína perde.
“Para quem produz trigo e milho, problemas na Ucrânia tendem a favorecer, pois podem trazer melhores preços para as duas commodities. Por outro lado, para quem produz frangos, suínos e ovos, entre outras proteínas, que usam milho como insumo, podem sair perdendo, pois os custos de matéria prima ficam maiores. Então para as agrícolas, ganho, para as industrializadoras, perda”, ressalta.
Desaceleração da China
Já um fator que chama a atenção, mas não afeta o agro no Brasil, segundo o especialista, é a desaceleração da China, que decepcionou com um Produto Interno Bruto (PIB) abaixo do esperado pelo mercado global. Dados oficiais mostraram que a economia chinesa apresentou expansão anual de 6,3% no segundo trimestre, menor do que analistas previam.
“Em relação à desaceleração da China, acredito em pouco impacto para as empresas do agro brasileiras exportadoras, pois comida é o último corte feito pelas famílias, que antes cortam turismo, eletrodromésticos e produtos supérfluos. E depois se trata de uma desaceleração da taxa de crescimento, e não uma retração, de tal forma que os mercados continuam crescendo, só que a uma taxa menor”, finaliza.