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Manter ou vender? Hering (HGTX3) recompra 5 milhões de ações

Para o investidor, permanecer ou sair depende de suas apostas no futuro da empresa

Manter ou vender? Hering (HGTX3) recompra 5 milhões de ações
Hering é uma das empresas do Grupo Soma Foto: Daniel Teixeira/Estadão
O que este conteúdo fez por você?
  • Empresas recompram suas ações por dois motivos: porque entendem que elas estão baratas demais ou para melhorar a remuneração dos acionistas que permanecerem, já que a participação deles na empresa ficará menos diluída
  • Foco principal da Hering é o varejo físico, duramente atingido pela pandemia de covid-19. E-commerce respondeu por apenas 4% do faturamento da empresa em 2019. Por outro lado, a companhia tem finanças sólidas
  • Investidor deve permanecer na empresa se aposta que ela vai continuar rentável no futuro. Menos diluído, ele terá lucros maiores. Por outro lado, se acredita que esvaziamento do varejo físico é irreversível, recompra é chance de sair

A Hering (HGTX3) anunciou na terça-feira (18) a abertura de um programa de recompra de até 5 milhões de ações ordinárias, quantidade que corresponde a 3,99% do total das ações ordinárias em circulação da companhia. O prazo para a aquisição dessas cotas começou na quarta-feira (19) e vai até 19 de agosto de 2021.

Essa não é a primeira vez neste ano que a companhia catarinense faz um movimento do tipo. Em 5 de fevereiro, ela iniciou um programa de recompra de 1.490.000 ações; em 16 de março, abriu prazo para a recompra de outras 835.456 cotas. Os dois programas foram integralmente concluídos.

Entenda o que esses movimentos sinalizam para o mercado e o investidor.

Por que empresas recompram ações?

Uma empresa resolve recomprar suas ações por dois motivos. O primeiro deles é porque entende que elas estão baratas demais. Quando retira parte dos papéis de circulação, provocando maior escassez, a tendência é que o preço de mercado se eleve.

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Esse gesto também pode ser feito para melhorar a remuneração dos acionistas que permanecerem, já que a participação deles na empresa ficará menos diluída no mercado.

“Há menos ações, mas o valor da empresa é o mesmo. Os papéis que sobram passam a corresponder a uma parte maior do patrimônio. Portanto, quem permanece com elas recebe uma parcela maior de lucros e dividendos”, diz Victor Savioli, analista financeiro.

Vale acrescentar que essa remuneração pode acontecer de forma literal, com a empresa efetivamente entregando as ações que recomprou aos executivos. “Essa é uma forma de dar a eles um incentivo maior, já que, se performarem bem, ganharão mais lucros”, afirma Igor Cavaca, analista de renda variável da Warren.

Para o mercado, a recompra sinaliza que a empresa confia fortemente no negócio e que sua saúde financeira está boa, já que ela pode desembolsar esse valor. “Por outro lado, se o mercado não estiver estável, esse dinheiro pode fazer falta para a empresa”, pondera Savioli.

Hering foi penalizada pela pandemia, mas tem finanças sólidas

Por falar em mercado, a Hering não está exatamente em um bom momento. Seu foco principal é o varejo físico, e ele foi duramente atingido pela pandemia de covid-19, que forçou o fechamento das lojas de rua e dos shopping centers. Em 2019, nem o comércio eletrônico empolgou: ele respondeu por apenas 4% das vendas da empresa.

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“O nível de preço da Hering vem caindo desde janeiro, antes ainda do início da pandemia. Ou seja, já era uma sinalização negativa do mercado”, diz Cavaca. “Além disso, o último balanço foi ruim. Em termos operacionais, houve perda de eficiência bruta e margens em queda. Mas esses efeitos podem ser passageiros.”

Ainda assim, a estrutura financeira da empresa é forte. “Hering sempre teve pouca ou nenhuma dívida. Na pandemia, contraiu um empréstimo de R$ 250 milhões e fechou com R$ 500 milhões em caixa”, afirma Savioli, que possui ações da companhia.

Decisão de ficar ou sair depende de visão sobre o futuro do varejo físico

Para o investidor que tem ações da empresa na carteira, há duas alternativas: aproveitar o programa de recompra como oportunidade de realizar lucros, ou permanecer com suas posições. Para o analista da Warren, a escolha do caminho certo passa principalmente pela visão de cada investidor sobre o futuro do varejo físico.

“Se ele acredita que a empresa vai continuar rentável no futuro, se enxerga uma retomada do varejo físico, então ele deve permanecer. A recompra é interessante para quem fica, já que os lucros serão menos diluídos”, afirma Cavaca.

Já quem considera que o esvaziamento do varejo físico, acentuado durante a pandemia, é uma tendência irreversível, pode sair e mudar os ativos da carteira em direção ao e-commerce, diz o analista. Ele acrescenta que o vestuário tende a sofrer menos do que outros setores do varejo físico, porque seu processo de compra tem uma peculiaridade: experimentar a roupa antes de levar ainda é importante. “Ainda não sabemos o que vai acontecer, se haverá perda de receita no varejo físico no longo prazo”.

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Savioli vê a Hering com otimismo conservador. Ele confia na recuperação da empresa, mas em um prazo entre 12 e 18 meses.

“O varejo físico é ainda é o foco principal, mas eles também estão animados com o comércio eletrônico. Tanto é que querem elevar sua participação para 20% até 2021”, diz. “Na minha visão, o patamar atual de preço está muito atrativo para o investidor.”

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