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Horário de verão: qual seria o impacto para os dividendos das elétricas?

Analistas revelam qual ação do setor elétrico deve pagar bons dividendos nos próximos 12 meses com ou sem a mudança no horário

Horário de verão: qual seria o impacto para os dividendos das elétricas?
Veja os possíveis impactos nos dividendos das elétricas (Imagem de Rattanachat/Adobe Stock)

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), afirmou nesta quarta (16) que o governo não deve retomar o horário de verão para aliviar a pressão no sistema elétrico brasileiro em meio à seca enfrentada neste ano. “Chegamos à conclusão de que não há necessidade de decretação do horário de verão para 2024”, afirmou Silveira em coletiva de imprensa. Segundo o ministro, os reservatórios estão com 11% de água a mais que o mesmo período do ano anterior. Ainda assim, o ministro deixou a possibilidade do horário de verão em 2025, mas explicou que a decisão sobre isso seria técnica.

A medida sobre o horário de verão em 2024 seria para aliviar a situação dos reservatórios. A proposta afetaria diretamente nas empresas do setor elétrico, que para alguns analistas poderiam ter perdas com o menor consumo dos brasileiros. Mas a questão divide os especialistas.

Para Diogo Moura Carneiro, professor e consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI), o horário de verão deve provocar um efeito positivo na utilização de outras fontes na matriz energética, mas não um efeito muito severo para grandes empresas geradoras que atuam em fonte hidroelétrica.

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Segundo ele, o setor elétrico é fortemente regulado, de modo que a escassez de energia elétrica não necessariamente provoca aumento nos preços e maior rentabilidade para as empresas capazes de oferecer os produtos e serviços demandados. O especialista lembra que, quando há uma falta de insumos para a produção de energia elétrica no Brasil, a bandeira vermelha é acionada, mas ela não é revertida em receitas para as empresas. A medida é somente um repasse de preços de toda a cadeia do setor.

“Nesse sentido, o horário de verão contribui para aliviar a pressão nos insumos necessários para geração de energia na hidroelétrica, além de promover maior diversificação nas fontes de energia presentes na matriz energética. Trata-se de importante medida para as empresas do setor, que podem se favorecer de um ambiente de negócios menos estressado”, aponta.

De acordo com Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, as empresas do setor elétrico serão dificilmente impactadas pelo horário de verão. Os setores de geração e transmissão possuem contratos de remuneração firmados no longo prazo e independem de questões pontuais como a mudança do horário de verão.

Segundo Alexandre Rocha, assessor da RJ+ investimentos, as empresas de distribuição de energia podem ver uma ligeira redução na receita devido ao menor consumo de energia nos horários de pico. “No entanto, essa redução pode ser compensada por uma menor necessidade de investimentos em infraestrutura para atender a picos de demanda, além de melhorar a estabilidade da rede elétrica”, salienta. Ou seja, em linhas gerais, o consenso dos analistas é de que o impacto do horário de verão para empresas elétricas é entre neutro e positivo.

Qual elétrica deve pagar o melhor dividendo com ou sem o horário de verão?

O investidor deve ter compreendido que o horário de verão é positivo para as empresas do setor elétrico. No entanto, a grande dúvida que fica é qual será a melhor elétrica para investir em busca de dividendos? Para Fabiano Barboza, Vice-Presidente do Grupo Studio, o investidor não deve procurar apenas uma empresa do setor elétrico, mas sim diversificar sua carteira em várias companhias do segmento para diminuir os riscos.

Justamente por causa disso, ele diz que as melhores ações do setor elétrico no momento são Taesa (TAEE11), Engie Brasil (EGIE3), CPFL Energia (CPFE3) e Equatorial Energia (EQTL3). Segundo Barboza, essas empresas devem ter distribuições de dividendos acima de 7%, independente dos impactos do horário de verão.

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Já Felipe Sant’ Anna, especialista em mercado da mesa proprietária Star Desk, relata que as ações da Taesa (TAEE11) podem pagar cerca de 10% do seu valor de mercado nos próximos meses. Ele confessa que essa não é uma das melhores marcas da empresa, que já chegou a pagar 14% do preço de sua ação em dividendos.

Corleta, da GTF Capital, não estima nenhuma redução de receita e dividendos devido ao horário de verão. Ele diz que as ações da Alupar (ALUP11) seriam a melhor opção para o investidor. “Esse ativo e os demais do setor elétrico não vão subir forte, mas tendem a pagar dividendos recorrentemente para o investidor, o que acaba sendo uma boa alternativa”, explica.