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Ibovespa fecha o ano com queda de 12%. O que esperar de 2022

Saiba quais ações mais se valorizaram e mais caíram no ano que se encerra

Ibovespa fecha o ano com queda de 12%. O que esperar de 2022
(Foto: Envato Elements)
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  • A bolsa brasileira perdeu apenas para a da Venezuela, que sofre um cenário de hiperinflação, segundo levantamento da consultoria Austin Rating
  • Em um contexto de altas e baixas do Ibovespa, as ações varejistas foram as mais penalizadas pelo cenário de incertezas. No entanto, as companhias com receitas dolarizadas conseguiram se proteger e se destacar em 2021

Há quem diga que é possível resumir 2021 em uma palavra: volatilidade. No começo do ano, em razão dos primeiros sinais de uma vacina contra a covid-19, os especialistas projetavam o Ibovespa para um patamar de até 151 mil pontos para o fim deste ano. No entanto, o cenário otimista não se concretizou.

No último pregão de 2021, o IBOV fechou o ano em queda de 11,93%, aos 104.822,44 pontos. A baixa performance que se seguiu ao longo do segundo semestre concedeu o título de segunda pior bolsa do mundo em 2021 no início de dezembro, segundo levantamento da consultoria Austin Rating, produzido a pedido do G1. A bolsa brasileira perdeu apenas para a da Venezuela, que sofre um cenário de hiperinflação.

O resultado é reflexo de um cenário conturbado e cheio de altas e baixas. Os dois primeiros meses do ano foram períodos de queda para o Ibovespa, mas o principal índice da bolsa mostrou sinais de ganhos a partir de março. A performance positiva seguiu até junho, alimentando a expectativa dos investidores de que o segundo semestre seria de recuperação dos ativos brasileiros. Algo que também não aconteceu.

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“Os indicadores econômicos mais fortes indicando no primeiro semestres indicavam também uma recuperação da economia. Naquela época, os analistas de mercado não estavam tão preocupados com a inflação”, afirma Mateus Messias, analista da Inside Research.

A inflação pegou todos de surpresa e escalou ao longo do segundo semestre, exigindo uma postura mais firme do Banco Central em relação a taxa básica de juros da economia, a Selic.

Além disso, os riscos fiscais com o aumento dos gastos públicos agravaram ainda mais o percurso de recuperação dos ativos financeiros. “Esticar o teto de gastos públicos para colocar outras despesas. Isso prejudicou bastante a situação que o País se encontrava”, diz Messias.

Em um contexto de altas e baixas do Ibovespa, as ações varejistas foram as mais penalizadas pelo cenário de incertezas ao longo de 2021. No entanto, as companhias com receitas dolarizadas conseguiram se proteger e se destacar durante o período. Já no fechamento do último pregão do ano, Meliuz (CASH3), SulAmerica (SULA11) e Magazine Luiza (MGLU3) foram as ações que mais subiram. Do outro lado, Marfrig (MRFG3), Itau (ITUB4) e Santander (SANB11) encerram com as maiores quedas.

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Confira o desempenho do IBOV em 2021 

Mês Retorno mensal do Ibovespa
Janeiro -3,30%
Fevereiro -4,37%
Março 6%
Abril 1,90%
Maio 6,10%
Junho 0,46%
Julho -3,94%
Agosto -2,48%
Setembro -6,57%
Outubro -6,74%
Novembro -1,53%
Dezembro 2,85%

Fonte: Economatica

As ações que mais subiram

As ações do setor de varejo foram as mais prejudicadas ao longo do ano. No entanto, as companhias com receitas dolarizadas conseguiram se proteger e escapar dos resultados negativos. Os papéis da Embraer (EMBR3) foram os que mais valorizaram, com alta acumulada de 180,45% no ano, segundo levantamento feito pela Economatica a pedido do E-Investidor. De acordo com Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, a companhia ganhou destaque neste ano após anunciar o desenvolvimento da Eve, aeronave elétrica, também conhecida como “carro voador”.

“A Embraer se coloca como uma empresa de vanguarda desenvolvendo novas tecnologias. Nós tivemos também recentemente que a empresa vai fazer o IPO de uma das suas subsidiárias nos EUA”, avalia Vella. Logo depois, as ações da Braskem (BRKM5) também apresentaram ganhos expressivos ao longo de 2021. Segundo a Economatica, os papéis apresentaram uma valorização de 176,29% no acumulado do ano.

De acordo com Gabriel Mota, assessor de investimentos na RJ Investimentos e especialista em renda variável, o forte fluxo de caixa da companhia e a distribuição de R$ 6 bilhões em dividendos no último dia 20 de dezembro para os acionistas foram as principais causas para a valorização da ação da companhia. “A empresa possui uma atuação internacional positiva com um portfólio bem diversificado. Além disso, a perspectiva é que a empresa consiga se distanciar do cenário interno”, afirma Mota.

Com um fluxo de caixa intenso, Rafael Rovai, analista da Inside Research, afirma que a companhia conseguiu reduzir sua dívida. O aumento da geração de receita se deve ao crescimento da demanda por produtos químicos e petroquímicos registrada em 2021. “A química e o plástico são muito relevantes em setores como moradia, alimentação e mobilidade, segmentos que apresentaram forte demanda pelos produtos da Braskem”, diz Rovai.

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A alta do dólar frente ao real também ajudou a alavancar as ações da PetroRio, que apresentaram uma valorização de 47,24% no acumulado de 2021. Por isso, Vella acredita que a boa performance deve permanecer em 2022 para PetroRio e também para Braskem. “Nossa expectativa continua positiva, mas precisamos descontar todo o risco Brasil por ser um ano eleitoral e possíveis variações por conta da volatilidade”, afirma.

Os papéis da JBS (JBSS3) e da Marfrig (MRFG3) também se destacaram mesmo com alguns embargos da carne brasileira de alguns países, como a China. De acordo com os dados da Economática, no acumulado do ano, as ações cresceram mais de 70% para as duas companhias. Segundo João Piccioni, analista da Empiricus, o desempenho se deve a um cenário favorável para o segmento.

“O setor de carnes foi beneficiado pela reabertura das economias e pela rupturas logísticas que levaram os preços dos produtos para cima. Como tudo também é precificado em dólar, acabaram sendo beneficiadas”, explica Piccioni. No entanto, o analista da Empiricus acredita que a situação será normalizada em breve. “Não vejo vantagem competitiva individual. Me parece bem mais uma dinâmica cíclica, que deveria se normalizar em algum momento”, acrescenta.

As 5 ações que mais saltaram em 2021

Empresa Retorno em 2021
Embraer (EMBR3) 180,45%
Braskem (BRKM5) 176,29%
JBS (JBSS3)
75,75%
Marfrig (MRFG3) 73,04%
Petrorio (PRIO3)
47,24%

Maiores Baixas

As empresas do setor de varejo foram as mais penalizadas em 2021. Com a inflação a 10,7% nos últimos 12 meses, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o poder de compra dos brasileiros diminuiu. Além disso, a expectativa do mercado é que o Banco Central suba a taxa Selic para os dois dígitos para tentar frear o aumento do preço no País. Todo esse cenário prejudica a geração de receita das varejistas.
O resultado não poderia ter sido diferente. Os papéis da Magazine Luiza (MGLU3) e da Via ( VIIA3) derreteram e apresentaram quedas superiores a 70%. “O aumento dos custos de produtos e redução da renda real fizeram com que as margens fossem comprimidas. O varejo eletrônico se saiu melhor, mas o aumento da competição tirou o sono dos grandes players”, avalia Picconi.
De acordo com Helder Wakabayashi, analista de investimentos na Toro, o aumento dos custos está relacionado a problemas nas cadeias de suprimentos, à inflação no preço do dólar e também do aço que tornam mais caros os produtos de eletrodomésticos e eletrônicos. “As empresas tiveram dificuldade em repassar o aumento de preços para o consumidor final”, afirma.
As 5 ações que mais caíram em 2021
Empresa Retorno no em 2021
Eztec ( EZTC3)
-51,71%
Americanas (LAME4) -58,23%
Pão de açúcar (PCAR3) -62,77%
Via (VIIA3) -67,51%
Magazine Luiza (MGLU3) -71%

Fonte: Economatica

Recomendação para 2022

Os investidores devem esperar volatilidade para os ativos financeiros em 2022. Por ser um ano eleitoral, algumas as ações ficam ainda mais suscetíveis ao chamado “risco Brasil”. Por isso, Renan Cardoso, sócio da Avel Investimentos, acredita que o investidor precisa olhar para os setores mais defensivos. Neste caso, as instituições financeiras podem ser a alternativa. “A gente deve olhar para os setores que vão se beneficiar com a alta da SELIC. O Banco do Brasil, Itaú, Santander e Bradesco são ativos que olhamos mais para um carteira de dividendos”, recomenda Cardoso com base nos relatórios da XP.

Fernando Ferrer, analista da Empiricus, já recomenda ao investidor olhar para as empresas do setor de saúde. De acordo com ele, o segmento de saúde suplementar deve crescer no Brasil à medida que a população brasileira vai envelhecendo. “Diversos estudos mostram que os planos de saúde estão entre os principais desejos da população brasileira”, afirma Ferrer. Com esse foco, as ações da Notre Dame Intermédica são as principais recomendações.

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Já a Toro Investimentos enxerga oportunidades no varejo mesmo com um cenário de inflação alta e crescimento da taxa de juros. No entanto, para a corretora, há segmentos que se destacam. É o caso do mercado de consumo de serviços e produtos para animais de estimação. A Petz (PETZ3) é líder neste nicho e promete expandir ainda mais os seus negócios. “A companhia fez uma emissão de novas ações (follow-on) com o objetivo de se capitalizar e continuar no processo de expansão das lojas, além do desenvolvimento do seu ecossistema digital”, informa Rafael Panonko, analista-chefe da Toro Investimentos.

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