O principal índice da B3 hoje cedeu em sintonia com a indefinição dos índices de Nova York e com o recuo de mais de 2% nas cotações do petróleo. Em contrapartida, a alta de 1,06% do minério de ferro em Dalian, na China, ajudou a reduzir perdas. A alta da Vale (VALE3), que subiu 0,38%, também limitou a queda do índice.
Investidores buscam pistas sobre os juros brasileiros e dos Estados Unidos. Nesta manhã, saiu a ata do Copom relativa à decisão da semana passada, quando a taxa Selic ficou inalterada em 15% ao ano.
O documento reconheceu uma melhora do cenário para convergência da inflação à meta. Mesmo assim, reforçou que mantém uma postura “vigilante” e que não vai hesitar em aumentar a taxa Selic novamente se julgar que esse caminho é apropriado. Ainda admitiu que o cenário externo está “menos incerto” e viu pela primeira vez acomodação no mercado de trabalho.
O economista-chefe da G5 Partners, Luis Otavio de Sousa Leal, observa que na ata do Copom o colegiado avançou “mais um passo” na condução da política monetária. Segundo ele, está claro que o ciclo de queda da Selic está próximo, podendo ser já em janeiro ou, no mais tardar, na reunião de março do Copom.
“A ata destacou que o balanço de riscos aliviou em relação à última reunião, especialmente devido às tensões comerciais com os EUA e conflitos externos”, avalia o economista-chefe da BGC Liquidez, Felipe Tavares. Conforme Tavares, pela ata, todos os fatores necessários para dar o conforto ao Banco Central iniciar o ciclo de cortes de juros em janeiro foram dados. “Contudo, o BC destaca na conclusão que se manterá vigilante, dando a entender que o ciclo de cortes começará em março de2026”, diz, completando que esta é a projeção da BGC.
Ainda nesta manhã foi informado o payroll americano duplo, de outubro e novembro. A economia dos Estados Unidos criou 64 mil empregos em novembro, quando o mercado esperava uma média de 50 mil. Já em outubro, dados preliminares mostraram uma retração de 105 mil vagas no mês.
No câmbio, o dólar hoje recuou ante pares principais enquanto avançou sobre o real. A moeda americana subiu 0,76%, a R$ 5,4630 na venda.
Ibovespa hoje: os destaques do mercado de ações desta terça-feira (16)
Bolsas de NY mostram direções opostas após payroll dos EUA
Os índices de Wall Street fecharam mistos, com apenas Nasdaq em alta após a divulgação do payroll.
Na Europa, as Bolsas fecharam em queda. Em Londres, o FTSE 100 encerrou em queda de 0,68%, a 9.684,79 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,59%, a 24.087,33 pontos. Em Paris, o CAC 40 recuou 0,23%, a 8.106,16 pontos. Em Milão, o FTSE MIB perdeu 0,29%, a 43.990,48 pontos. Em Madri, o Ibex 35 cedeu 0,57%, a 16.944,40 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 registrou perdas de 0,16%, a 8.062,05 pontos.
Os rendimentos dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) recuaram diante das apostas de enfraquecimento do mercado de trabalho e da atenção à sucessão no Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O ex-diretor do Fed Kevin Warsh ganha força como possível presidente, diante de resistências ao nome de Kevin Hassett.
Ata do Copom traz detalhes sobre inflação e manutenção dos juros
O Comitê de Política Monetária (Copom) afirmou nesta terça-feira que a estratégia em curso, de manutenção da Selic em 15% “por período bastante prolongado”, é adequada para assegurar a convergência da inflação à meta. “O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária”, disse o colegiado, na ata da reunião de dezembro. O trecho reforçou a mensagem já transcrita no comunicado do encontro, publicado na última quarta-feira (10).
O comitê voltou a enfatizar que seguirá vigilante e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados. Disse também que “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”. Assim como na ata anterior, afirmou que a manutenção da Selic em 15% é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante.
O Copom repetiu as projeções para a inflação acumulada em 12 meses já apresentadas no comunicado. Ele prevê alta de 4,4% em 2025, 3,5% em 2026 e 3,2% no segundo trimestre de 2027 — atual horizonte relevante da política monetária. Todas as estimativas estão acima do centro da meta, de 3,0%.
“A ata destacou que o balanço de riscos aliviou em relação à última reunião, especialmente devido as tensões comerciais com os EUA e conflitos externos”, avalia o economista-chefe da BGC Liquidez, Felipe Tavares.
Conforme Tavares, pela Ata, todos os fatores necessários para dar o conforto ao Banco Central iniciar o ciclo de cortes de juros em janeiro foram dados. “Contudo, o BC destaca na conclusão que se manterá vigilante, dando a entender que o ciclo de cortes começará em março/2026”, diz, completando que esta é a projeção da BGC.
Agenda econômica do dia
O Tesouro realizou leilão de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B, títulos públicos com rendimento atrelado à inflação) e de Letra Financeira do Tesouro (LFT, título pós-fixado com rentabilidade atrelada à taxa de juros). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou da abertura de encontro de gestores da Caixa.
No exterior, além do payroll de outubro e novembro, as vendas no varejo de outubro dos EUA foram divulgadas. As vendas tiveram variação zero em outubro ante setembro, segundo dados com ajustes sazonais divulgados pelo Departamento do Comércio do país. O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, que previam alta de 0,1% das vendas.
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Maria Regina Silva, Anna Scabello, Daniel Tozzi, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast