

O Ibovespa hoje encerrou o pregão em forte queda, com investidores digerindo os desdobramentos do pacote fiscal na Câmara dos Deputados. A principal referência da B3 finalizou a sessão em baixa de 3,15% aos 120.771,88 pontos, depois de oscilar entre máxima a 124.698,50 pontos e mínima a 120.457,48 pontos, com volume negociado de R$ 83 bilhões.
Esse foi o menor nível de encerramento para o índice desde o dia 20 de junho, então aos 120.445,91 pontos. Foi também a maior perda diária em porcentual desde 10 de novembro de 2022 (-3,35%), quando o temor era de que o ex-ministro Guido Mantega viesse a participar da equipe de transição para o governo Lula 3.
“Acredito que o risco fiscal segue assombrando os investidores locais e estrangeiros, muito por conta do impasse sobre o pacote de corte de gastos do governo, que tem grande chance de ser desidratado no Congresso, o que poderia reduzir a economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos para um número que provavelmente não vai agradar ao mercado”, afirma Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.
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O clima no mercado também piorou depois de o Congresso Nacional aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que orienta o Orçamento de 2025. Os deputados rejeitaram a possibilidade de corte de emendas parlamentares. Isso aumenta o reajuste do fundo partidário e autoriza gastos de estatais fora do arcabouço fiscal. “Todos querem economizar, ‘pero no mucho’, e isso passa a mensagem para os investidores de que o comprometimento fiscal não é sério, é para inglês ver”, destaca Alves.
Com a cautela dos investidores em relação ao rumo das contas públicas do País, o dólar hoje voltou a renovar o seu recorde histórico de fechamento, terminando a sessão em alta de 2,78% a R$ 6,2657. “O pacote fiscal segue como o principal motor do mercado cambial brasileiro, ofuscando outras variáveis. A volatilidade permanece alta, e qualquer notícia negativa pode disparar o dólar, enquanto avanços no Congresso tendem a reduzir a cotação na mesma intensidade”, explica Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq caíram 2,95%, 2,58% e 3,56%, respectivamente. O mercado monitorou a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed), que optou por cortar a taxa de juros americana em 25 pontos-base, para a faixa entre 4,25% a 4,50% ao ano, como amplamente esperado. Em coletiva de imprensa, o presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou que há incertezas elevadas sobre os riscos de novas pressões inflacionárias nos Estados Unidos.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, comenta que o comunicado da decisão seguiu o protocolo de não oferecer pistas sobre os próximos movimentos de política monetária. No entanto, o especialista reconhece que os novos dados sinalizam que os dirigentes do Fed reconhecem maiores dificuldades no processo de desinflação. “Ficou claro, que apesar dos progressos realizados, as preocupações com a evolução da inflação estarão conosco em 2025. Não apenas por conta dos indicadores de 2024, mas também pelos potenciais impactos das políticas econômicas anunciadas pelo presidente eleito Donald Trump”, afirma.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Marfrig (MRFG3), MRV (MRVE3) e Santos Brasil (STBP3).
Marfrig (MRFG3): +1,81%, R$ 16,29
As ações da Marfrig (MRFG3) lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, finalizando a sessão em alta de 1,81% a R$ 16,29. O Santander revisou suas estimativas para a empresa e ajustou sua previsão de lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para 2024, agora projetado em R$ 2,4 bilhões, ante os R$ 2,2 bilhões previamente estimados.
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A MRFG3 está em alta de 1,24% no mês. No ano, acumula uma valorização de 96,03%.
MRV (MRVE3): +1,54%, R$ 5,26
Quem também se saiu bem foi a MRV (MRVE3), que subiu 1,54% a R$ 5,26. Nenhuma notícia específica sobre a empresa foi monitorada pelos investidores durante o pregão.
A MRVE3 está em baixa de 0,38% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 53,16%.
Santos Brasil (STBP3): +0,54%, R$ 13,13
Outro destaque positivo foi a Santos Brasil (STBP3), que avançou 0,54% a R$ 13,13, sem gatilhos específicos para o movimento.
A STBP3 está em alta de 2,42% no mês. No ano, acumula uma valorização de 68,98%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Automob (AMOB3), CVC (CVCB3) e Azul (AZUL4).
Automob (AMOB3): -30%, R$ 0,35
Liderando as perdas do Ibovespa hoje, estiveram as ações da Automob (AMOB3), que despencaram 30% e terminaram o dia a R$ 0,35. Os papéis da empresa corrigiram os ganhos observados na segunda-feira (16) e na terça-feira (17), quando saltaram 176,47% e 6,38%, respectivamente.
A AMOB3 está em alta de 105,88%% no mês. No ano, acumula uma valorização de 105,88%.
CVC CVCB3): -17,11%, R$ 1,55
Entre os principais destaques negativos, estiveram as ações da CVC (CVCB3), que tombaram 17,11% a R$ 1,55. Além da aversão por tomada de risco generalizada no mercado, o papel também foi pressionado pela alta do dólar, que afeta o setor de turismo.
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A CVCB3 está em baixa de 35,42% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 55,71%.
Azul (AZUL4): -11,58%, R$ 3,59
Na lista de maiores baixas do Ibovespa hoje, figuraram também as ações da Azul (AZUL4), que encerraram a sessão em queda de 11,58% a R$ 3,59. Os papéis da companhia aérea sofreram com a forte alta da moeda americana no pregão.
A AZUL4 está em baixa de 27,18% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 77,58%.
*Com Estadão Conteúdo