O mercado acompanhou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). “O documento trouxe um tom neutro em relação ao comunicado da semana passada, destacando o cenário de elevada incerteza, tanto doméstico como lá fora”, afirma Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, em nota. “O Copom deve manter os juros no atual patamar por um prazo prolongado, até termos uma tendência de queda de inflação mais consistente”, acrescenta.
Outro foco do dia foi o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,2% em abril ante março, segundo dados com ajustes sazonais publicados hoje pelo Departamento do Trabalho. Na comparação anual, o avanço foi de 2,3% em abril. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam altas de 0,3% e 2,4%, respectivamente.
“O CPI, que subiu abaixo do esperado em abril, trouxe alívio aos mercados globais, reforçando a percepção de que o ciclo de aperto monetário americano pode estar chegando ao fim, mesmo ainda havendo um discurso por parte do Federal Reserve (Fed) de que os juros irão se manter até apresentarem dados mais concretos e sólidos da economia americana como um todo”, diz Vitor Agnello, analista educacional da CM Capital.
Em Nova York, S&P 500 e Nasdaq subiram 0,72% e 1,61%, respectivamente, enquanto Dow Jones caiu 0,64%. Dentre os destaques corporativos, as ações da Tesla (TSLA) avançaram 4,9%. Após a valorização de 6,8% na segunda-feira (12), o valor de mercado da fabricante de veículos elétricos voltou a ultrapassar US$ 1 trilhão, algo que não acontecia desde o fim de fevereiro
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou em queda de 1,32% a R$ 5,6087. “A combinação de inflação controlada nos Estados Unidos e maior previsibilidade monetária tem fortalecido o fluxo para países emergentes, beneficiando moedas como o real”, explica Marcelo Farias, head de renda variável da OnField Investimentos.
Para Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o real também tem se beneficiado de uma perspectiva de manutenção da Selic em patamar elevado por um período prolongado. “Esse diferencial de juros reforça o interesse no chamado carry trade local, em que investidores procuram a renda fixa doméstica para arbitragem de taxas”, destaca. O chamado carry trade representa uma estratégia que consiste em tomar dinheiro emprestado em um país com juros mais baixos e investir em outro que ofereça taxas mais altas.
Em dia misto para os índices de Nova York e negativo para o dólar, o IBOV subiu. Na visão de Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, a alta da Bolsa brasileira parece ser um reflexo de um alinhamento positivo entre o cenário externo e o interno. “Do lado global, o CPI dos Estados Unidos veio abaixo do esperado. No cenário doméstico, alguns balanços corporativos robustos contribuíram para o bom humor dos investidores”, ressalta.
A valorização das ações da Petrobras (PETR3;PETR4) também contribuiu para a alta do Ibovespa. Enquanto as ordinárias (PETR3) avançaram 0,59%, as preferenciais (PETR4) registraram ganhos de 1,52%. A empresa fechou o primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 35,2 bilhões, 48,6% a mais do que há um ano. Veja o que analistas acharam do resultado nesta matéria.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Hapvida (HAPV3), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3).
Hapvida (HAPV3): 11,3%, R$ 2,66
As ações da Hapvida (HAPV3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje e encerraram o dia em valorização de 11,3% a R$ 2,66. A empresa reportou lucro líquido ajustado de R$ 416,4 milhões no primeiro trimestre do ano, queda de 15,8% ante igual período de 2024. Veja a análise de bancos e corretoras sobre o balanço nesta matéria.
A HAPV3 está em alta de 14,66% no mês. No ano, acumula uma valorização de 19,28%.
Azul (AZUL4): 10,85%, R$ 1,43
Outro destaque positivo foi a Azul (AZUL4), que avançou 10,85% a R$ 1,43. A companhia aérea divulga seus resultados do primeiro trimestre na quarta-feira (14), antes da abertura do mercado. Confira o que esperar do balanço aqui.
A AZUL4 está em baixa de 2,72% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 59,6%.
CVC (CVCB3): 9,29%, R$ 2,47
Na lista de principais altas do dia, também estiveram as ações da CVC (CVCB3), que subiram 9,29% a R$ 2,47. Almeida, sócio da AVG Capital, acredita que o movimento ocorreu na esteira de uma combinação entre alívio na curva de juros futuros e otimismo com a ata do Copom.
A CVCB3 está em alta de 13,82% no mês. No ano, acumula uma valorização de 78,99%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Yduqs (YDUQ3), JBS (JBSS3) e Brava Energia (BRAV3).
Yduqs (YDUQ3): -8,48%, R$ 14,57
As ações da Yduqs (YDUQ3) sofreram a pior queda do Ibovespa hoje, encerrando o dia em baixa de 8,48% a R$ 14,57. A companhia registrou lucro líquido de R$ 128,7 milhões no primeiro trimestre de 2025, uma queda de 14,6% ante o mesmo período de 2024. Nesta matéria, analistas avaliam o resultado.
A YDUQ3 está em alta de 1,96% no mês. No ano, acumula uma valorização de 77,25%.
JBS (JBSS3): -2,48%, R$ 40,85
Outro destaque negativo foi a JBS (JBSS3), que cedeu 2,48% a R$ 40,85.
A JBSS3 está em baixa de 7,33% no mês. No ano, acumula uma valorização de 17,66%.
Brava Energia (BRAV3): -2,35%, R$ 19,54
Quem também se saiu mal no Ibovespa hoje foi a Brava Energia (BRAV3), que recuou 2,35% a R$ 19,54. A petroleira, resultante da fusão entre 3R Petroleum e Enauta, fechou o primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 829,2 milhões, revertendo o prejuízo proforma de R$ 20,7 milhões de igual intervalo do ano passado.
A BRAV3 está em alta de 12,56% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 16,92%.
*Com Estadão Conteúdo