

Depois de subir 3,12% na quarta-feira (9), sem nenhuma ação no vermelho, o Ibovespa hoje fechou em queda de 1,13%, aos 126.354,75 pontos. Nesta quinta-feira (10), o principal índice da B3 oscilou entre máxima a 127.796,75 pontos e mínima a 124.894,76 pontos, com volume negociado de R$ 26 bilhões, ainda acompanhamento os desdobramentos do tarifaço de Donald Trump pelo mundo.
O Ibov acelerou o ritmo de perdas durante a tarde, após o governo dos Estados Unidos confirmar que a carga tributária total americana sobre importações da China já soma 145%. Isso porque a taxa anunciada na véspera, de 125%, foi acrescentada aos 20% já vigentes antes das tarifas recíprocas. A decisão visa retaliar a imposição de uma tarifa de 84% pela China sobre produtos americanos, medida que Pequim adotou após os EUA aumentarem seus próprios impostos no início do mês.
Durante a tarde, o clima também pesou sobre as Bolsas de Nova York. O S&P 500 chegou a recuar 6,26% atingindo mínima a 5.115,27 pontos. Com essa queda, o índice se aproximou de entrar em circuit breaker, mecanismo que interrompe as negociações para proteger investidores de quedas muito bruscas ou atípicas. Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, explica que, se houver uma queda de 7% em relação ao fechamento do dia anterior, as negociações são paralisadas por 15 minutos. “Ao voltar, se cair 13%, tem o segundo nível de paralisação, de mais 15 minutos. O terceiro nível é ativado se recuar 20% – nesse caso, a negociação é travada pelo resto do dia”, afirma.
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Ao atingir mínima a 5.115,27 pontos, o S&P 500 também se aproximou de entrar em bear market, movimento que é caracterizado por uma queda de 20% em relação à máxima recente no fechamento. “No caso, o índice alcançou uma máxima histórica em 19 de fevereiro, de 6.144,15 pontos. Ou seja, o bear market seria atingido com um fechamento a partir de 4.915,32 pontos”, diz Zogbi.
Ao final do dia, o S&P 500 limitou o ritmo de perdas e encerrou em baixa de 3,46% aos 5.268,05 pontos. Nasdaq sofreu a maior queda, tombando 4,31% aos 16.387,31 pontos. Já o Dow Jones: cedeu 2,5% e terminou aos 39.593,66 pontos. Na Europa e na Ásia, os mercados fecharam em alta, repercutindo a suspensão das tarifas recíprocas de Trump por 90 dias.
O dólar hoje encerrou em valorização de 0,88% a R$ 5,8988, depois de chegar a bater máxima a R$ 5,9557. “A volatilidade da política comercial de Trump deve continuar sendo um fator de pressão negativo para as moedas emergentes, especialmente o real. A economia brasileira tem elevada sensibilidade à diminuição do crescimento da China e a taxa de câmbio vem sendo um dos principais mecanismos de transmissão desses riscos”, afirma Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.
Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, afirma que as incertezas seguem tomando conta do mercado. “O medo de uma recessão global, que parecia ter se aliviado ontem com essa questão da suspensão de 90 dias das tarifas, ainda está à tona. Essa insegurança traz volatilidade alta para ativos de risco, principalmente para os de países emergentes”, avalia.
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Quem ajudou a reduzir as perdas do Ibovespa hoje foram as ações da Vale (VALE3), que subiram 1,79%. Para os papéis da Petrobras (PETR3;PETR4), no entanto, o dia foi negativo, com tombos acima de 6%. Segundo Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank, o desempenho positivo da mineradora hoje está associado à dinâmica do mercado de minério ferro. “Se o preço da commodity começa a cair muito, a China corta a produção, como já vem fazendo. Então, como é um monopólio, é mais fácil de o país manobrar”, diz.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram LWSA (LWSA3), Magazine Luiza (MGLU3) e Hapvida (HAPV3).
LWSA (LWSA3): 4,58%, R$ 2,97
As ações da LWSA (LWSA3), antiga Locaweb, lideraram os ganhos do Ibovespa hoje, disparando 4,58% a R$ 2,97.
A LWSA3 está em alta de 11,24% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 10,54%.
Magazine Luiza (MGLU3): 4,5%, R$ 10,21
Quem também se saiu bem foi o Magazine Luiza (MGLU3), que avançou 4,5% a R$ 10,21, estendendo os ganhos da véspera, quando já havia disparado 11,28%.
A MGLU3 está em alta de 0,59% no mês. No ano, acumula uma valorização de 57,08%.
Hapvida (HAPV3): 2,78%, R$ 2,22
Entre os destaques positivos, estiveram ainda as ações da Hapvida (HAPV3), que subiram 2,78% a R$ 2,22, sem notícias específicas sobre a empresa no radar dos investidores.
A HAPV3 está em alta de 0,45% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 0,45%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Prio (PRIO3), Brava Energia (BRAV3) e Petrobras (PETR3).
Prio (PRIO3): -8,13%, R$ 32,89
As ações da Prio (PRIO3) registraram a maior queda do Ibovespa hoje, cedendo 8,13% a R$ 32,89. Os papéis foram impactados pelo tombo dos contratos futuros de petróleo no exterior.
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A PRIO3 está em baixa de 17,36% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 18,08%.
Brava Energia (BRAV3): -6,82%, R$ 16,4
Entre as principais baixas, também estiveram as ações da Brava Energia (BRAV3), que recuaram 6,82% a R$ 16,4, pressionadas pelo desempenho do petróleo.
A BRAV3 está em baixa de 29,% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 30,27%.
Petrobras (PETR3): -6,49%, R$ 33,26
Outro destaque negativo do Ibovespa hoje foi a Petrobras (PETR3), que sofreu um tombo de 6,49% a R$ 33,26. Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato de petróleo WTI para maio caiu 3,66%, fechando a US$ 60,07 o barril. O Brent para junho, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), recuou 3,28%, alcançando US$ 63,33 o barril.
A PETR3 está em baixa de 18,52% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 15,61%.
*Com Estadão Conteúdo
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