Segundo Anderson Silva, head da mesa de renda variável e sócio da GT Capital, o IBOV tem vivido uma espécie de “gangorra”, com as empresas de commodities pressionando o índice para baixo, enquanto o setor bancário o puxa para cima. “Nesse contexto, devido ao peso e à relevância dessas companhias, vejo o mercado lateralizando nessa faixa de preço atual”, diz.
O analista também acredita que o mercado reagiu bem aos dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que apresentou variação de 0,26% em maio, 0,17 ponto percentual abaixo da taxa de 0,43% registrada em abril. O indicador veio 0,08 ponto porcentual abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, que indicava desaceleração a 0,34%.
“Esse número é uma notícia positiva, tanto por vir abaixo quando o mercado discute o fim do ciclo de alta da taxa Selic, quanto pelos números de atividade econômica e de mercado de trabalho ainda vindo fortes. Achamos que foi efeito da queda do preço do petróleo e da queda na cotação do dólar”, sinaliza Frederico Figueiredo, assessor de investimentos da Miura Investimentos.
O mercado também monitorou as discussões sobre as medidas apresentadas pelo governo como alternativa ao aumento do IOF. Nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que será fixada uma alíquota de 17,5% para aplicações financeiras que hoje seguem a tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). Haddad também disse que uma das medidas a serem publicadas pelo governo será de elevar a alíquota dos Juros sobre Capital Próprio (JCP) de 15% para 20%.
Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, explica que, caso a medida em relação aos JCP seja aprovada, o investidor precisará considerar diversificar ainda mais suas fontes de renda e acompanhar possíveis mudanças na política de distribuição das empresas que possui em carteira. “A escolha entre companhias que pagam JCP ou dividendos precisa levar em conta não apenas a rentabilidade bruta, mas também o impacto tributário. Diante disso, a transparência da política de remuneração das empresas passa a ser um fator decisivo na análise fundamentalista”, alerta.
Na prática, o aumento do imposto sobre JCP reduz o valor líquido recebido pelo investidor, já que a tributação é feita na fonte. “Isso torna o JCP menos atrativo em comparação aos dividendos, que atualmente são isentos de imposto para pessoas físicas. Com isso, investidores que buscam renda passiva podem preferir ações que pagam dividendos”, avalia Pedro Friedmann, assessor de investimentos e especialista em renda variável da Miura Investimentos.
Em Nova York, S&P 500, Dow Jones e Nasdaq subiram 0,55%, 0,25%, 0,63%, respectivamente. Segundo informações da imprensa americana, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, disse que as conversas com a China estão “indo bem” e devem terminar hoje, embora possam se estender até quarta-feira (11).
O dólar hoje fechou em leve alta de 0,14% cotado a R$ 5,5704. Na avaliação de Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o real caiu mais por ajustes técnicos, dado o desempenho positivo da Bolsa e da curva de juros. “No exterior, o destaque ficou para as negociações entre Estados Unidos e China, que, apesar de ainda distantes de um desfecho, alimentam o apetite global por risco”, afirma.
As maiores altas do Ibovespa hoje
As três ações que mais valorizaram no dia foram Vamos (VAMO3), Braskem (BRKM5) e CSN (CSNA3).
Vamos (VAMO3): 5,88%, R$ 4,68
As ações da Vamos (VAMO3) registraram a maior alta do Ibovespa hoje, subindo 5,88% a R$ 4,68. Os papéis da empresa foram beneficiados pela queda dos juros futuros com a divulgação do IPCA.
A VAMO3 está em baixa de 5,84% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 1,47%.
Braskem (BRKM5): 4,67%, R$ 10,76
Quem também se saiu bem foi a Braskem (BRKM5), que avançou 4,67% a R$ 10,76, em movimento de recuperação após as perdas recentes.
A BRKM5 está em baixa de 2,27% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 7,08%.
CSN (CSNA3): 4,1%, R$ 8,64
Outro destaque positivo foi a CSN (CSNA3). As ações da empresa subiram 4,1% a R$ 8,64, mesmo em dia de queda do minério de ferro no exterior.
A CSNA3 está em alta de 4,73% no mês. No ano, acumula uma desvalorização de 2,48%.
As maiores quedas do Ibovespa hoje
As três ações que mais desvalorizaram no dia foram Embraer (EMBR3), BB Seguridade (BBSE3) e Caixa Seguridade (CXSE3).
Embraer (EMBR3): -2,43%, R$ 65,86
As ações da Embraer (EMBR3) sofreram a pior queda do Ibovespa hoje, recuando 2,43% a R$ 65,86. Os papéis apagaram parte dos ganhos da véspera, quando saltaram 4,63%.
A EMBR3 está em alta de 0,56% no mês. No ano, acumula uma valorização de 17,33%.
BB Seguridade (BBSE3): -2,15%, R$ 35,5
Os papéis do BB Seguridade (BBSE3) também se saíram mal, sofrendo baixa de 2,15% a R$ 35,5. Ao Broadcast, o sócio da Fatorial Investimentos, Fábio Lemos, afirmou que os papéis de seguradoras foram prejudicados pelo movimento baixista nos juros futuros, além do aumento das apostas do mercado pela manutenção da taxa Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A BBSE3 está em baixa de 5,36% no mês. No ano, acumula uma valorização de 4,17%.
Caixa Seguridade (CXSE3): -2,11%, R$ 14,4
Na lista de principais baixas do Ibovespa hoje, as ações da Caixa Seguridade (CXSE3) também recuaram. Os papéis da empresa fecharam em queda de 2,11% cotados a R$ 14,4.
A CXSE3 está em baixa de 4,45% no mês. No ano, acumula uma valorização de 5,34%.
*Com Estadão Conteúdo