Ibovespa, o principal índice da B3; confira destaques do mercado financeiro hoje. (Foto: Adobe Stock)
O rali do Ibovespa pode estar próximo do fim. Após renovar quatro vezes a sua máxima histórica nos últimos 30 dias, a XP acredita que os recentes ganhos da Bolsa brasileira devem abrir espaço para realizações de lucro dos investidores em meio aos riscos macroeconômicos que permanecem elevados. Esse movimento já pôde ser visto na reta final de maio. Nos últimos três pregões do mês, o índice Bovespa fechou em baixa. Contudo, ainda conseguiu preservar ganhos de 1,45% no acumulado mensal.
A rotação global dos portfólios que buscaram alocar capital em mercados fora dos Estados Unidos favoreceu essa guinada da Bolsa brasileira. Dados da B3 mostram que os investidores estrangeiros investiram R$ 12,24 bilhões no mercado doméstico entre os dias 2 e 29 de maio. No ano, esse volume chega a R$ 23 bilhões. Junto a isso, há ainda a expectativa pela manutenção dos juros também que renovou os ânimos do Ibovespa, que já acumula uma alta de 13,9% em 2025.
Contudo, a continuidade do rali pode enfrentar alguns desafios, na visão da XP. O primeiro deles está no prêmio de risco doíndice que ficou abaixo da sua média histórica, pela primeira vez, desde 2021, caindo de 7,2%, em dezembro de 2024, para 5,3% em maio. Já os ativos de renda fixa, como títulos indexados ao IPCA+, continuam com rentabilidades atrativas ao investidor.”A forte valorização das ações não foi acompanhada por uma queda nas taxas reais de juros, com as taxas de longo prazo das NTN-B (títulos indexados ao IPCA) recuando apenas marginalmente, de 7,5% para 7,2%”, informou a corretora em relatório, publicado na sexta-feira (30). Ou seja, para que os ganhos do Ibovespa permaneçam ao longo de junho, os juros reais de longo prazo das NTN-Bs precisam sofrer uma queda mais significativa nas próximas semanas.
Além disso, as estimativas de consenso para lucro por ação (LPA) do índice em 2025 e 2026 foram revisadas para baixo nos últimos meses, com quedas de 5,5% e 5,2%, respectivamente, desde o início do ano. “Esse movimento foi liderado por commodities, que viram uma retração de 16,1% nos lucros projetados em 12 meses ao longo de 2025, em meio à deterioração das expectativas para a atividade global — especialmente nos EUA — e à queda nos preços das commodities”, disse a XP.
E esses riscos ainda permanecem. No cenário global, o ambiente continua marcado pela incerteza econômica diante das tensões comerciais, causadas pelas tarifas de importação dos Estados Unidos. Na última sexta-feira (30), o presidente americano, Donald Trump, anunciou que dobrará as tarifas sobre aço e alumínio, de 25% para 50%, a partir desta quarta-feira (4). Já no contexto doméstico, há o risco do Banco Central não conseguir entregar os cortes de 1,75 pontos percentuais na taxa Selic até o fim de 2026 que estão precificados pelo mercado.
“Preocupações fiscais persistentes podem continuar pressionando os juros longos, limitando o fechamento da curva — o que é uma condição essencial para que o rali atual se sustente”, completa o texto do relatório. Apesar das dificuldades, a XP elevou o seu preço-alvo para Ibovespa para o fim de 2025, que saiu de 149 mil pontos para 150 mil pontos. A projeção acompanha as estimativas de outras casas de análises e corretoras do mercado. Veja nesta reportagem.