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Braskem: independência e ida para o Novo Mercado favorecem a empresa

Veja a opinião dos especialistas sobre o acerto da Petrobras e Novonor para vender as ações da Braskem

Braskem: independência e ida para o Novo Mercado favorecem a empresa
(Foto: Getty Images)
  • Com a venda das ações da Braskem pela Petrobras e Novonor, a petroquímica seria mais independente na operações, avalia Bank of America
  • Casas de análises seguem com recomendação positiva para a ação da companhia, visando a mudança acionária e crescimento de mercado
  • Entrando no Novo Mercado, as ações na empresa passariam a ser negociadas apenas com o ticker BRKM3

Com o acerto entre Petrobras e Novonor (ex-Odebrecht) para a venda integral das ações da Braskem (BRKM5), o mercado avalia que a empresa deve ter mais flexibilidade e independência para operar. Segundo a Petrobras, o cronograma depende do diálogo entre as duas empresas e articulação com bancos.

O Bank of America (BofA) tem indicação de compra e preço-alvo de R$ 84 para a BRKM5. A Inside Research recomenda compra para Braskem, com preço de R$ 68 por ação.

O banco americano avalia que, com base no valor de mercado atual da Braskem, o follow-on das ações preferenciais da Petrobras e da Novonor seria avaliado em R$ 8,3 bilhões e o das ações preferenciais da Petrobras ficaria em R$ 4,1 bilhões.

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O valor das ações ordinárias, com direito a voto, seria estimado em R$ 23,6 bilhões. “Embora a expectativa de tais grandes blocos de ações pudesse causar um excesso de curto prazo, esperaríamos que o potencial de um colapso do acionista estrutural seja positiva para as avaliações de capital”, diz o BofA, em relatório.

Para João Abdouni, analista CNPI da Inversa Publicações, a venda da Braskem é avaliada como positiva. “A ação vai migrar para o Novo Mercado, o que melhora o quadro de governança da empresa”. Ele explica que, na prática, a empresa vai passar a ter apenas as ações ordinárias, sendo o ticker encerrado com o dígito “3”. “Apesar de não ser 100% certo, isso deve acontecer nos próximos meses”, afirma.

Abdouni diz ainda que não há indicação se as detentoras vão vender para somente um comprador ou colocar as ações ao mercado. De toda forma, com a valorização do petróleo, o cenário deve ser positivo para a companhia, segundo o especialista da Inversa.

“Vemos como uma melhora de governança o fato da Petrobras e Novonor saírem. No longo prazo, por ser uma empresa relevante para o País. Acreditamos no bom desempenho das ações, que têm distribuído bons dividendos”, afirma.

Rafael Rovai, analista CNPI da Inside Research, indica que o movimento está em linha com a estratégia de simplificar a estrutura da Braskem, reduzir sua alavancagem financeira e focar em seu core business. “Uma estrutura societária sem a presença de uma empresa estatal e sem o controle da Novonor, antiga Odebrecht, que está em recuperação judicial, somada à possível ascensão da empresa ao novo mercado, pode trazer maior confiança ao investidor, principalmente ao estrangeiro”, avalia.

Impacto para investidores

O especialista da Inside afirma que, por ser um follow-on secundário, de forma que não entra dinheiro na empresa e apenas muda a posse das ações, a notícia é positiva, mas não altera a tese de investimentos. “As ações da companhia apresentaram uma boa performance em 2021 por conta da maior rentabilidade, redução da dívida e perspectiva estável”, diz.

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Para Rovai, com spreads petroquímicos muito favoráveis para a empresa, a forte geração de caixa contribuiu para a redução da dívida líquida.

As expectativas para o médio prazo também são positivas. Ele ressalta que o delivery de alimentos tem acelerado muito a utilização de PE (Polietileno), material do papel filme utilizado para embalar alimentos. Por conta disso, a empresa deve receber mais impulso.

De acordo com o especialista da Inside, o risco da necessidade de maiores gastos quanto ao evento geológico de Alagoas em 2019 (surgimento de rachaduras no solo por conta de exploração de sal-gema feita pela petroquímica) é possível, o que aumentaria os custos da empresa.

Outra preocupação no radar é com a contração significativa nos spreads petroquímicos. Em meio a uma demanda global mais fraca do que o esperada, o fator também precisa ser considerado por investidores.

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