- Resseguradora anunciou, após assembleia, medidas que buscam melhorar sua estrutura de governança
- Efeitos incluem facilidade de promover aumentos de capital, flexibilidade na composição da diretoria e uma reserva de lucros para ajudar a garantir liquidez e solvência
- Especialistas consideram, porém, que mau humor do mercado só deverá melhorar após a divulgação do balanço, adiada para o próximo dia 29
A resseguradora IRB Brasil divulgou ao mercado, nesta terça-feira (23), algumas medidas de reforma de sua estrutura de governança, tomadas na assembleia realizada na mesma data. Uma das novidades é que o Conselho de Administração passa a poder deliberar sobre aumentos de capital, dentro do limite autorizado, o que permite que a empresa se capitalize de forma mais rápida.
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Além disso, a Diretoria Executiva passa a ter composição mais flexível, entre quatro e sete diretores, conforme as reais necessidades da empresa. Por fim, foi criada uma reserva de lucros estatutária, que ajudará a resseguradora a manter sua margem de liquidez e solvência, arcar com despesas operacionais e realizar investimentos.
Com essas medidas, o IRB tenta dissipar as nuvens de desconfiança que estacionaram sobre a companhia nos últimos meses. Correm contra a empresa inquéritos para apurar supostas irregularidades fiscais, e a divulgação do último balanço, que deveria ter sido feita no início de maio, já foi adiada duas vezes – agora, está prometida para a próxima segunda-feira (29).
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O papel da empresa (IRBR3) vem sendo penalizado na Bolsa. Nesta terça, com desvalorização de 4,63%, tiveram o pior desempenho do dia, depois de uma alta de 16,46% na véspera. Nesta quarta, novo tombo, desta vez de 3,91%, fechando o pregão em R$ 11,05. Entre quedas e recuperações parciais, a ação contabiliza um recuo de 70,89% desde março.
Medidas são tímidas; o mercado quer ver o balanço, dizem especialistas
Na opinião de analistas ouvidos pelo E-Investidor, as medidas anunciadas são tímidas e não têm o poder de reverter o desencanto do mercado com a empresa neste momento.
“Essas não querem dizer muita coisa, não trazem nada de concreto. Pela falta de credibilidade que enfrenta, o IRB precisa de muito mais do que isso”, diz o analista Luis Sales, da Guide Investimentos. “Não vemos um plano traçado, apenas medidas pontuais.”
Para recuperar sua imagem no mercado, a empresa terá de abrir os números e mostrar a consistência da nova gestão, com um plano futuro.
“Esse balanço é uma caixa de Pandora, ninguém sabe o que tem dentro. Continuamos céticos quanto ao papel, não temos como recomendar a compra no momento”, concluiu.
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Marcio Loréga, da Ativa, reconhece que as medidas têm alguma utilidade, pois ajudam a resolver o problema de liquidez da empresa e reverter prejuízos. Mas frisa que a opção por facilitar os aumentos de capital significa um desprestígio aos acionistas: “Acaba diluindo ainda mais a participação dos minoritários, para resolver um problema que foi causado pela gestão da empresa”, afirma.
A hesitação em publicar o balanço, que só será divulgado depois da assembleia, causa desconfiança no investidor e no mercado, explica o analista da Ativa.
“O IRB precisa botar os números na mesa, mostrar como está a casa, mesmo se o balanço for catastrófico. O mercado não gosta de incertezas”, diz Loréga. “O balanço foi adiado mais de uma vez, o que eles estão escondendo?”, indaga.
A Ativa também não indica a compra de IRBR3. “Mesmo com a recente alta de quase 36%, o saldo após a pancada de março está negativo em quase 71%”, ele pondera.
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Já a visão da XP Investimentos é mista. Em relatório, a gestora admite que a emissão primária de capital tem o efeito nocivo de diluir os acionistas.
“Por outro lado, a flexibilização dos executivos e a criação de uma reserva de lucro nos parecem positivas, uma vez que possuem o potencial de reforçar a gestão e melhorar os problemas de liquidez da resseguradora, ainda que esses dois pontos tenham menor relevância no atual momento”, diz a XP no documento.