Mercado

Itaú e Ideal: qual o futuro do banco após adquirir corretora

Para analista, compra posiciona a instituição como player importante no mercado de autônomos

Itaú e Ideal: qual o futuro do banco após adquirir corretora
Itaú oficializa acordo de compra da Ideal em duas etapas, por R$ 651 milhões. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
  • A corretora criada em 2019 é uma das líderes em volumes negociados nos mercados da B3, cuja tecnologia pode potencializar os serviços já oferecidos pelo Itaú e fortalecer a empresa no mercado de autônomos
  • As ações do Itaú (ITUB4) permaneceram em alta durante toda esta quinta-feira (13) e fecharam o pregão com valorização de 1,85%

O mercado financeiro viu de forma positiva a aquisição da Ideal por parte do banco Itaú, anunciada nesta quinta-feira (13). A corretora criada em 2019 é uma das líderes em volumes negociados nos mercados da B3, cuja tecnologia pode potencializar os serviços já oferecidos pelo Itaú e fortalecer a empresa no mercado de autônomos, segundo especialistas.

Este é o primeiro movimento da empresa no setor desde que, em outubro de 2021, anunciou o fim do casamento com a XP Investimentos, corretora da qual chegou a possuir 49,9% do capital.

Para Leo Monteiro, analista de Research da Ativa Investimentos, a aquisição da Ideal é uma boa notícia, que vai posicionar o Itaú como player importante no mercado de autônomos ao lado da própria XP e da BTG Pactual. “O mercado de agentes autônomos é, de certa maneira, recente nesse mercado de corretoras e acho que tem potencial de crescimento. O negócio vai permitir a aceleração da entrada do Itaú no setor e o aperfeiçoamento na distribuição de produtos de investimentos para clientes pessoas físicas”, explica.

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Para Monteiro, a tecnologia 100% digital e cloud based da Ideal deve ser incorporada em vários segmentos do Itaú – como a iti, íon e a Itaú Corretora – para atrair investidores pessoas físicas, apoiando um investimento tecnológico que já vem sendo feito desde a entrada de Milton Maluhy Filho, que assumiu o posto de CEO em fevereiro de 2021. “Isso deve trazer eficiências de custo e de receita porque o Itaú certamente consegue potencializar o volume de transação da Ideal”, afirma.

A tecnologia baseada na nuvem da Ideal vai fortalecer a oferta do Itaú Unibanco no mercado de investimentos, permitindo a ampliação da oferta de produtos e serviços aos clientes, reforçam a Guide Investimentos e o Credit Suisse em relatório divulgado hoje.

“O investimento na Ideal reforça o compromisso do Itaú Unibanco com os seus clientes em busca de soluções em um mercado em franca expansão, permitindo ampliar a oferta de produtos e serviços nos canais mais convenientes a cada perfil de cliente”, afirma no relatório o analista Rodrigo Crespi, da Guide.

Na visão de Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, outra vantagem que o banco pode ter após a fusão é nas operações de market maker – quando o cliente compra e vende um ativo no mesmo dia, dando liquidez para os papéis e o mercado. “O banco vai ser contraparte das operações dos clientes, o que vai gerar mais resultado para o próprio Itaú. Isso vai levar para o banco uma concentração de liquidez junto aos investidores institucionais, além de abrir espaço para novos clientes”, explica.

Costa destaca ainda a importância que a aquisição da Ideal pode ter em longo prazo: para o especialista, se a B3 deixar de ser a única bolsa de valores no Brasil, a liquidez vinda dos market makers fará a diferença, garantindo para o Itaú um bom resultado.

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As ações do Itaú (ITUB4) permaneceram em alta durante toda esta quinta-feira (13) e fecharam o pregão com valorização de 1,85%. Mas, para Vitor Miziara, sócio da Criteria Investimentos, a valorização está relacionada apenas ao bom desempenho do setor bancário no dia. Na visão do especialista, a aquisição da Ideal é uma sinalização mais importante para os resultados futuros da empresa.

“A receita que a aquisição vai dar hoje é pequena, não é nada que vai mudar o resultado do Itaú. É mais importante a sinalização de que o banco ainda vai investir nesse mercado de investidores de varejo, que vai aproveitar o crescimento que deve acontecer dos participantes na bolsa nos próximos anos. A sinalização é muito mais positiva do que o resultado financeiro dessa aquisição agora”, explica Miziara.

O negócio

A compra, que totaliza um valor de R$ 651,3 milhões, será realizada em duas etapas. No acordo anunciado hoje, o Itaú vai adquirir 50,1% do capital social da Ideal, com o direito de comprar os 49,9% restantes após um período de cinco anos.

Em nota, o Itaú e a Ideal afirmaram que a condução dos negócios da corretora vai continuar independente, com o CEO Nilson Monteiro na liderança das operações.

“A companhia terá um papel importante na consolidação do ecossistema de investimentos do Itaú Unibanco e na manutenção da nossa liderança de mercado. Por meio da plataforma da Ideal, enxergamos a possibilidade de ampliar a oferta de produtos de investimento do Itaú Unibanco dentro dos modelos B2B e B2B2C”, explica Carlos Constantini, diretor que lidera a área de Wealth Management & Services (WMS) do Itaú.

O presidente do Itaú, Milton Maluhy Filho, destacou a importância da aquisição para ampliar a oferta de serviços para os clientes. “Na prática, clientes de diversos segmentos do banco, como iti, íon ou mesmo a Itaú Corretora, poderão ter acesso aos mesmos produtos nas plataformas que preferirem”, completa.

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