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Larry Fink: “Guerra vai impulsionar transição energética na Europa”

CEO da BlackRock diz que o conflito vai obrigar os mercados a reavaliar as dependências na cadeia de suprimentos

Larry Fink: “Guerra vai impulsionar transição energética na Europa”
Larry Fink, o CEO da gestora norte-americana BlackRock atribui aos tempos de "dinheiro fácil" a alta de juros e possíveis desdobramentos. (Foto: Divulgação BlackRock)
  • Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia nas economias e mercados de capitais globais foram o fio condutor do primeiro dia do Latin America Virtual Fórum, o principal evento anual da BlackRock
  • Para Larry Fink, a resposta dos governos e empresas à guerra entre Rússia e Ucrânia está "remodelando o mundo”
  • Muito dependente da energia russa, a Europa vai precisar diversificar sua forma de produzir energia, o que pode ajudar na descarbonização da economia por lá

A resposta dos governos e empresas ao conflito entre Rússia e Ucrânia no leste europeu está “remodelando o mundo”, ao obrigar os mercados a reavaliar as dependências na cadeia de suprimentos. A avaliação foi feita pelo CEO da BlackRock, Larry Fink. Por causa disso, afirmou Fink, a Europa – muito dependente da energia produzida na Rússia – vai precisar diversificar sua forma de produzir energia, o que pode ajudar na descarbonização da economia por lá.

“Vamos ter que assumir a responsabilidade de criar as defesas com relação a independência energética, e vamos precisar nos apoiar em múltiplas fontes de energia. À medida que a Europa tentar reduzir a dependência energética da Rússia, vamos ver mais estímulos fiscais que talvez estabilizem e nos outorguem os alicerces para um mundo que não esteja em recessão profunda. Não acredito que uma recessão no mundo ou Europa duraria muito tempo”, disse o CEO da BlackRock. durante participação no Latin America Virtual Fórum, na segunda-feira (4).

Os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia nas economias e mercados de capitais globais foram o fio condutor do primeiro dia do encontro. Na edição de 2022, o principal evento anual da gestora reúne, até quarta-feira (6), líderes de companhias, especialistas e investidores para discutir as percepções do mercado e a transformação da indústria para uma economia net zero – visando a eliminação ou compensação total das emissões de carbono geradas por toda a cadeia produtiva.

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Embora a Europa seja a região do mundo mais avançada em termos de sustentabilidade, o continente não criou um caminho certo quanto aos preços de energia. Por causa disso, até que a economia efetivamente se transforme em verde, a transição deve passar por diferentes estágios.

Mas a BlackRock acredita que isso deve, sim, acontecer. “O caminho para a sustentabilidade é real. Acredito firmemente que essa transição vai acontecer”, destacou Fink.

O dilema entre os juros e a inflação

Se a pandemia da covid-19 já empurrava as expectativas para que o ano de 2022 fosse de alta na inflação global, a guerra entre Rússia e Ucrânia confirmou o cenário. O receio com a interrupção das cadeias produtivas, principalmente de commodities e fertilizantes – produtos que os dois países são grandes produtores – vêm pressionando os preços em todo o mundo. Em resposta, muitos países iniciaram suas trajetórias de alta nas taxas básicas de juros. Nos Estados Unidos, o Fed endureceu o discurso e prometeu seis aumentos até meados de 2023.

Ainda durante o evento, Wei Li, estrategista chefe de investimentos da BlackRock, destacou que a mudança no cenário macroeconômico indica que “a inflação chegou para ficar” e que os níveis devem permanecer mais altos do que o esperado. E que as indicações recentes quanto aos aumentos nas taxas de juros são uma virada importante para os mercados, mas que, na visão da BlackRock, o Fed pode não realizar todos os ajustes sinalizados no ciclo.

“O aumento de taxas de juros não é o que vai resolver os problemas causados pela guerra na Ucrânia, mas pode afetar a economia e o crescimentos futuros. É um dilema nos BCs, onde estão sacrificando a economia para tentar conter a inflação”, disse.

Li explicou ainda que, por causa da maior dependência energética da Europa em relação à Rússia, os impactos devem ser piores lá do que nos Estados Unidos. Por isso, a gestora espera uma tendência maior de baixa da atividade econômica por lá.

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“A dependência energética da Rússia é muito maior na Europa do que nos EUA. É totalmente possível que o mercado de capital europeu não gere nenhum tipo de ganho esse ano. Isso apoia nossa iniciativa de nos separar um pouco da Europa e ir para os Estados Unidos na alocação de ativos”, afirmou.

Nos mercados emergentes, porém, o cenário de curto prazo pode ser diferente, pontuou Axel Christensen, estrategista chefe de investimento na América Latina da BlackRock: “A América Latina oferece uma oportunidade praticamente inesperada, pelo menos em um prazo curto. É uma situação mista, porque as economias têm petróleo, cobre com contribuição significativa, mas os mercados estão lidando com níveis altos de inflação”.

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