Marfrig e BRF se unem para formar gigante do setor de alimentos. (Foto: Adobe Stock)
A Marfrig (MRFG3) e a BRF (BRFS3) comunicaram ao mercado nesta quinta-feira (15) a fusão dos seus negócios para se tornar uma gigante do setor de alimentos com relevância tanto no mercado doméstico quanto internacional. Com a transação, a BRF passará a ser uma subsidiária integral da Marfrig, que continuará listada no Novo Mercado da B3. Os custos da operação são estimados em R$ 24 milhões, incluindo assessorias jurídicas, financeiras, auditorias e publicações.
A proposta prevê que os acionistas da BRF (exceto a própria Marfrig) receberão 0,8521 ação ordinária da Marfrig para cada 1 ação da BRF. A negociação considerou ainda a distribuição de dividendos e juros sobre capital próprio de R$ 3,52 bilhões pela BRF e R$ 2,5 bilhões pela Marfrig. Segundo os dados divulgados, as companhias estimam sinergias na ordem de R$ 485 milhões por ano com aumento de receitas e redução de custos, R$ 320 milhões por ano em despesas operacionais e R$ 3 bilhões em ganhos fiscais a valor presente líquido.
“Apesar da complexidade e estágio inicial, e dado que a operação já era amplamente antecipada, vemos o anúncio como positivo – com viés favorável à Marfrig – e projetamos uma forte reação positiva para as ações da MRFG3, com queda nas ações da BRFS3 no pregão de hoje”, avalia XP em relatório divulgado nesta sexta-feira (16). A Genial Investimentos também compartilha da mesma análise, mas ressalta que as condições da incorporação por parte da Marfrig estão aquém da eficiência operacional da BRF e sem o pagamento de prêmio pelo controle da companhia, algo incomum para as operações dessa magnitude.
“A relação de troca definida em 0,8521 ação da Marfrig por cada ação da BRF, ainda que acompanhada de dividendos extraordinários, implica um deslocamento de valor em favor da Marfrig, estimado até +15%, considerando que os respectivos preços das ações fecharam o dia de quinta-feira (15) praticamente no mesmo valor (R$20,62 BRFS3 e R$20,66 MRFG3)”, detalharam Igor Guedes, Lucas Vello e Iago Souza em relatório. A insatisfação dos investidores com posição da BRF já é notória. Às 9h14 (horário de Brasília), os ADRs (recibos que permitem que investidores consigam comprar nos EUA ações de empresas não americanas) eram negociados a US$ 3,220 ao apresentar uma queda de 11,42%, no pré-mercado de Nova York.
Como parte da reestruturação junto à BRF (BRFS3), a Marfrig (MRFG3) também propôs mudar a sua razão social para MBRF Global Foods Company S.A., nome que reflete a integração entre as duas companhias. A proposta de fusão será submetida à aprovação das assembleias gerais extraordinárias das duas companhias que estão previstas para o dia 18 de junho.