Entenda a reviravolta na empresa Méliuz (Foto: Adobe Stock)
Até às 11h45 as ações da Méliuz (CASH3) estavam em alta de 22,4%, aos R$ 10,22. A euforia dos investidores vem de uma reviravolta anunciada na última quinta-feira (15) pela então fintech especializada em cashbacks: em uma Assembleia Geral Extraordinária (AGE) realizada na data, os acionistas aprovaram a alteração do objeto social da empresa. Ou seja, além das atividades já exercidas, agora a Méliuz poderá realizar investimentos em bitcoin (BTC) oficialmente como parte da estratégia de negócios.
Com essa mudança, a companhia afirma ter se tornado a primeira “Bitcoin Treasury Company” da América Latina – empresa cuja principal missão é o acúmulo de bitcoins, utilizando da sua geração de caixa e estruturas corporativas e de mercado de capitais para ampliar a exposição ao ativo ao longo do tempo. O primeiro ato da “nova Méliuz” foi comprar US$ 28,4 milhões na criptomoeda, o que equivale a cerca de R$ 160 milhões. A empresa já tinha feita uma operação de compra de BTC em março deste ano e, somada a essa nova aquisição, passa a deter 320,25 bitcoin.
“Mais do que apenas alocar parte do caixa em bitcoin como proteção contra a inflação ou desvalorização cambial, a companhia reposiciona seu propósito para atuar maximizando a quantidade de bitcoin por ação“, disse Marcio Loures Penna, diretor de relações com investidores e governança corporativa da Méliuz, em comunicado publicado na quinta.
Apesar da forte reação dos papéis à novidade, para a Genial Investimentos, a notícia não passa de “ruído”. “Seguimos vendo como pouco relevante para a tese e ineficiente como alocação de capital”, afirma a corretora, em relatório publicado nessa sexta-feira (16). De acordo com a instituição financeira, a Méliuz reportou um bom resultado no 1º trimestre de 2025, com com forte geração de caixa, recorde de EBITDA (Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização) para um primeiro trimestre e evolução dos principais indicadores operacionais.
Entretanto, o investimento em bitcoins no período teve um impacto negativo de R$ 2 milhões no lucro líquido, em função da depreciação da cripto no 1T25. Com isso, a companhia reportou um resultado de R$ 10 milhões, queda de 48% em comparação ao lucro obtido no 1T24, de R$ 20 milhões. “Entendemos que, se o investidor quiser se expor a bitcoin, existem alternativas mais eficientes, diretas e com melhor liquidez. Ao invés de alocar capital em um ativo especulativo, a companhia poderia distribuir o excesso de caixa aos acionistas, permitindo que cada investidor decida como alocar seu capital”, completa a Genial, que mudou a recomendação para CASH3 de compra para “manter”, com preço-alvo de R$ 9. Essa mudança acontece em função da forte valorização das ações ao longo do ano, de mais de 280%.