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Minerva (BEEF3): por que as ações dividem a opinião dos analistas em 2024

Segundo os analistas, o papel deixou de ser um grande pagador de dividendos

Minerva (BEEF3): por que as ações dividem a opinião dos analistas em 2024
Minerva. (Foto: Divulgação/Minerva)
  • O papel foi de R$ 12,96 no fechamento do pregão de 29 de dezembro de 2022 para R$ 7,47 no encerramento das negociações no dia 28 de dezembro de 2023
  • Segundo os analistas, a Minerva (BEEF3) também deixou de ser um grande pagador de dividendos
  • Para 2024, os analistas ouvidos pelos E-Investidor se dividem entre a euforia e a cautela

As ações da Minerva (BEEF3) fecharam 2023 como a terceira maior queda do Ibovespa, com um tombo de 42,36%. O papel foi de R$ 12,96 no fechamento do pregão de 29 de dezembro de 2022 para R$ 7,47 no encerramento das negociações no dia 28 de dezembro de 2023, último pregão do ano passado.

Para João Abdouni, analista da Levante Corp, a queda está relacionada com a aquisição de 16 plantas de abate da Marfrig por R$ 7,5 bilhões, que deve aumentar 44% da receita da empresa, mas que fez o endividamento da companhia crescer. “A empresa elevou o seu endividamento, medido pela relação dívida líquida sobre Ebitda, para 3,5 vezes e com isso deve cortar os dividendos para os próximos trimestres”, diz Abdouni.

A Miverva remunerou seus acionistas nos últimos anos com até 70% de payout, o percentual do lucro da empresa pago em dividendos. Os dados do balanço mostram que o lucro foi de R$ 697,1 milhões em 2020 e o payout foi de 77%, com a distribuição de R$ 542,1 milhões em proventos. Em 2021, o percentual foi de 66,78% do lucro e, em 2022, de 51,39%. “O mercado não gostou da postura agressiva com a aquisição, uma vez que a empresa estava apoiada na tese de distribuição de proventos”, explica Abdouni.

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Já Vinicius Steniski analista de ações do TC, comenta que o setor de frigoríficos teve um ano com complicações relacionadas ao caso de encefalopatia espongiforme bovina, que ocorreu no início de 2023. “Embora tenha sido um problema isolado e prontamente resolvido, o mercado leva um tempo para se recuperar, refletindo também no preço das ações por um período prolongado”, afirma.

O que esperar de Minerva (BEEF3) em 2024

Para 2024, os analistas ouvidos pelos E-Investidor se dividem entre a euforia e a cautela. Segundo Steniski, a empresa terá um ano positivo em termos de vendas e margens, principalmente após entrada em operação das novas plantas, que tendem a causar um aumento nas receitas e no Ebitda. “Isso me leva a crer que a empresa estará em uma posição mais elevada após essas movimentações”, afirma Steniski.

O especialista também vê com o otimismo a redução do endividamento da empresa. Segundo ele, com esse crescimento do Ebitda, o endividamento, conhecido como alavancagem no jargão do mercado, tende a recuar. “Esse processo pode começar a se materializar ao longo de 2024”, comenta Steniski.

Por outro lado, Abdouni, da Levante Corp, relata que o investidor deve tomar cuidado. Ele afirma que o endividamento da companhia deve mexer muito com o papel em 2024. “O endividamento é o maior ponto de atenção na tese, e pode pesar caso o ciclo do boi não seja tão favorável para a companhia nos próximos anos”, destaca.

O receio do analista está relacionado a uma possível queda do preço do boi no mercado internacional, o que pode deixar as receitas e o Ebitda da companhia menores que o esperado pela própria administração do frigorífico, o que elevaria ainda mais a alavancagem da empresa.

Apesar de estar otimista com a companhia, o analista do TC também afirma que o investidor deve ficar atento a outras questões, como a disponibilidade de animais para abate na América do Sul, que para ele, diminuirá nos próximos meses, impactando diretamente nas margens da companhia.

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“Embora veja sinais positivos para as margens da empresa em 2024, acredito que a situação pode se tornar mais desafiadora a partir de 2025, tanto para a Minerva quanto para outras empresas do setor”, alerta Steniski.

De modo geral, os dois analistas concordam que a tese de investimentos da companhia mudou após a compra das plantas da Marfrig. Se antes a empresa entregava dividendos polpudos, agora o investidor que possuir o papel deve buscar rendimentos com foco na alta das ações.

“Observamos a Minerva como uma alternativa interessante de alocação de capital, para uma janela de médio e longo prazo com uma proposta de investimento em valor”, relata Abdouni.

Ele, no entanto, ainda pede cautela para o investidor, pois acredita que o ajuste das novas plantas não é algo tão definido, e que o investidor deve se preocupar com isso. Caso o processo seja moroso ou não tão bem sucedido como o esperado, o ativo pode sofrer.

“Para saber se 2024 será um bom ano para a empresa, o investidor precisa observar a margem bruta e margem Ebitda nos resultados do primeiro trimestre de 2024, quando teremos visibilidade da operação já com as novas plantas”, ressalta o especialista da Levante, que prefere não revelar o preço-alvo por uma questão de compliance de sua corretora.

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Enquanto isso, Steniski afirma que o papel ainda pode encontrar alguma pressão vendedora ao longo do ano caso algo saia do eixo, mas ele comenta que a ação é uma boa alternativa para o longo prazo. “Com base nessa tese, reafirmo minha recomendação de compra para a Minerva com preço-alvo de R$ 16”, diz. A cifra representa uma alta superior a 100% na comparação com o fechamento desta segunda-feira (15), quando o ativo terminou o dia cotado a R$ 7,06.

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