A prévia operacional do segundo trimestre de 2025 da MRV(MRVE3) foi impulsionada principalmente pela geração de caixa promovida pela venda de ativos da Resia, sua subsidiária que desenvolve, constrói e administra condomínios de apartamentos para aluguel nos Estados Unidos. Para analistas da XP Investimentos, os desinvestimentos ajudam, mas ainda há mais trabalho a ser feito pela companhia mineira.
Ontem, a MRV reportou R$ 2,7 bilhões em vendas líquidas no segundo semestre de 2025, alta de 5,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. No segmento de incorporação imobiliária, os lançamentos foram de R$ 3,4 bilhões no ciclo de abril a junho de 2025, avanço de 54,2% em relação ao mesmo trimestre de 2024. O número superou a estimativa de XP em 30%.
O grupo registrou geração de caixa (excluindo cessão de portfólio) de R$ 113 milhões, uma melhora significativa em relação à queima de R$ 665 milhões em caixa no mesmo período do ano passado. A Resia foi o principal fonte de geração de caixa, com R$ 215 milhões no segundo trimestre de 2025, ante uma queima de R$ 345 milhões no segundo trimestre de 2024.
“A melhora aconteceu devido à venda de US$ 60 milhões em ativos da subsidiária e uma redução acentuada de 72% nos investimentos em novos projetos entre o primeiro e o segundo trimestre de 2025”, afirmam Ygor Altero e Ruan Argenton, que assinam o relatório da XP divulgado nesta segunda-feira (14).
A MRV anunciou em seu Investor Day, em abril, que pretende vender ativos da Resia para reduzir o endividamento da sua subsidiária. A companhia esperava conseguir US$ 270 milhões em geração de caixa em 2025 com a venda desses ativos. No entanto, na última sexta-feira (11), a empresa acabou revendo os valores dos ativos classificados para venda com perda de até US$ 144 milhões.
Sendo assim, a empresa passou a estimar uma geração de caixa de US$ 493 milhões até o final de 2026, o que deve fazer a dívida líquida da Resia cair para US$ 365 milhões. Mesmo com a perda, analistas apontam que a mudança foi positiva, pois ajudou a reduzir as incertezas quanto à dimensão do prejuízo contábil.
MRV ainda tem pontos a melhorar
Por outro lado, a própria MRV continua apresentando queima de caixa de R$ 81 milhões no segundo trimestre de 2025, ante R$ 128 milhões no primeiro trimestre de 2025. O número final foi registrado por causa de atrasos nos repasses de R$ 77 milhões dos programas habitacionais locais e mudanças nas regras de repasse da Caixa Econômica Federal, que aumentaram o reconhecimento de caixa de carteira em atraso para R$ 193 milhões, de R$ 150 milhões no primeiro trimestre de 2025.
As Vendas Sobre Oferta (VSO) foram vistas como um ponto fraco pela XP após ficaram abaixo das médias trimestrais, mesmo com alta para 22,2% no segundo trimestre de 2025. “Vemos os dados operacionais do 2T25 da MRV como ligeiramente positivos, apoiados por lançamentos significativamente mais altos e melhor dinâmica de fluxo de caixa no grupo. No entanto, esse impulso positivo é parcialmente compensado por níveis de VSO ainda abaixo das médias trimestrais recentes e consumo de caixa contínuo na MRV, que ainda não atingiu um ponto de inflexão e pode continuar a pesar sobre a tese de investimento”, dizem Altero e Argenton.
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Desse modo, os analistas da XP recomendam compra para MRV (MRVE3) com preço-alvo de R$ 10,50, potencial de valorização de 67,46% sobre o fechamento de ontem. “Mantemos nossa recomendação de compra devido ao significativo desconto de preço sobre lucro (P/L) da construtora em comparação com seus pares e ao potencial de desalavancagem do plano estratégico da Resia”, finaliza a equipe da XP.