A Naturapassa a operar com o novo ticker NATU3 nesta quarta-feira (2). A mudança acontece após a incorporação da Natura &Co Holding (NTCO3) pela Natura Cosméticos. Segundo comunicado enviado pela companhia, a alteração não trará grandes impactos para os acionistas, visto que eles devem receber uma ação NATU3 para cada NTCO3 até o dia 3 de julho. O valor estará no extrato a partir do dia 4 deste mês. Analistas do mercado financeiro se dividem sobre o que fazer com as ações em meio às mudanças que a companhia propôs no seu último investor day.
No evento, realizado na última segunda-feira (30), a empresa deu detalhes dessa reorganização e falou dos planos. A companhia reforçou o foco em simplificar o negócio e retornar às suas origens, parte dessa retomada vem do uso do ticker NATU3, o mesmo utilizado quando a empresa estreou na Bolsa via Oferta Pública Inicial (IPO). A XP, o Goldman Sachs e o Safra dizem que o evento se concentrou em apresentar as principais alavancas para crescimento, lucratividade e geração de caixa que a administração prevê para o futuro.
Segundo a equipe do Safra, os negócios da própria marca Natura serão a principal alavanca do grupo nos próximos anos, com desinvestimentos a serem feitos na marca Avon Internacional. A empresa também deve focar em ter marcas fortes, já que a varejista lidera em seis das sete principais categorias de cosméticos na América Latina.
A empresa também anunciou no evento um modelo de distribuição por meios digitais, centrado na venda direta e apoiado pelo crescimento de parcerias estratégicas com o TikTok e o Mercado Livre. A Natura também busca um modelo de negócios resiliente, com crescimento acima da inflação e oportunidades de expansão da lucratividade após a Onda 2 e o fim dos custos relacionados à transformação. A onda 2 é a junção dos negócios da Avon com a Natura no Brasil, que deve ser concluído ainda este ano.
Para os analistas do Safra, a varejista de perfumes e cosméticos apresentou um roteiro claro para impulsionar o crescimento e melhorar a lucratividade e a geração de caixa, apoiado pelo valor da marca, execução digital e alavancas claras na América Latina hispânica. Eles dizem que a equipe também demonstrou otimismo em relação ao futuro da empresa, particularmente em relação ao impulso contínuo no Brasil.
Já a equipe do Goldman Sachs diz que a reunião se concentrou somente na operação da Natura na América Latina. Dito isso, a administração reconheceu que o retorno às suas origens depende, na maioria, da separação da operação internacional da Avon. No entanto, a equipe não forneceu muitos detalhes ou uma atualização do status em relação a esse processo de separação, mas disse que está investindo pesado em inovação.
“A administração afirma ter o maior centro de pesquisa e desenvolvimento para cosméticos no hemisfério sul, com mais de 400 cientistas, 3 perfumistas internos e mais de 300 patentes ativas. A equipe também destacou as recentes reduções no tempo de novos lançamentos, mas não divulgou as métricas relacionadas a isso (por exemplo, o índice de inovação)”, afirmam Irma Sgarz, Felipe Rached e Gabriela Leme, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
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A XP salienta que a empresa tende a trabalhar com a recuperação da receita da Avon como uma história para 2026, com a empresa focada em ajustar seu modelo comercial, portfólio e posicionamento da marca ao longo deste ano, para ser implementado a partir de 2026. Apesar da receita ainda pressionada, a gestão destacou que a Avon tem margem de contribuição positiva e gera caixa em todos os países integrados.
O que fazer com as ações da Natura?
Os analistas se dividem sobre o que o investidor deve fazer com as ações NATU3 . A XP recomenda compra para o ativo por acreditar que o papel está descontado com potencial de valorização expressivo para o investidor. O Goldman Sachs tem recomendação neutra, pois enxergam alguns riscos no papel, como atrasos ou novas informações na separação anunciada da Avon, além de dificuldades na integração entre os negócios de Natura e Avon (onda 2).
A equipe do Safra também vê poucos gatilhos para o ativo ao calcular que a ação deve encerrar o ano a R$ 11, valor praticamente estável na comparação com o fechamento do dia anterior. “Embora observemos progresso na simplificação do portfólio e sinais de uma recuperação na região, mantemos uma postura neutra para Natura (NATU3) devido à visibilidade limitada do desinvestimento da Avon International, bem como do caminho de execução para a recuperação da Avon da América Latina”, concluem Vitor Pini, Renan Sartorio e Tales Granello, que assinam o relatório do Safra.