

Em dia de pânico no mercado global por causa guerra comercial gerada pelas tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a fintech Nomad – que oferece conta para investimentos em dólar -, anunciou nesta segunda-feira (7) o lançamento do Índice Nomad de Diversificação Internacional (INDI). O instrumento foi pensado para indicar ao investidor brasileiro a proporção adequada de exposição ao exterior em sua carteira, visando proteção de patrimônio.
Inspirado na moderna teoria de portfólios, o INDI busca estimar a fração ideal de ativos no exterior para compor uma carteira diversificada globalmente. O índice considera variáveis como a volatilidade dos mercados, os retornos esperados e a correlação entre ativos brasileiros e internacionais.
Quando a instabilidade no Brasil aumenta ou a correlação com os mercados globais diminui, o indicador sobe, sinalizando um momento mais propício para alocação internacional. “Embora funcione como um termômetro das condições para diversificação, o INDI não deve ser interpretado como recomendação de investimento”, diz Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad e Professor Doutor no departamento de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
Mercado no modo pânico
Nos últimos dias, no entanto, o mercado internacional engatou o modo pânico, depois de um início de ano que já indicava uma mudança de cenário, com a Bolsa brasileira performando melhor em relação à americana, por exemplo. A troca foi percebida pelo índice da Nomad. Em dezembro, o indicador mostrava uma proporção ótima de 80% de exposição da carteira em dólar, percentual que foi cedendo até chegar a 70% em março. O índice é mensal.
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A Head de Research da fintech, Paula Zogbi, explica que a medida reflete mais os movimentos de longo prazo. As reações do mercado após o dia do tarifaço de Trump, na quarta (2), ainda não foram captadas. “O INDI deste mês foi rodado um dia antes ao anúncio”, diz. “De toda forma, teremos esses indicadores com o mês de abril no próximo mês”, comentou.
A métrica foi criada para orientar o investidor sobre o custo de oportunidade de manter uma carteira concentrada apenas no Brasil. A ideia é abrir os olhos para os benefícios da diversificação internacional. O investidor brasileiro tem um dos mais fortes vieses domésticos do mundo, concentrando até 96% de seus ativos em produtos locais.
“O indicador mostra quanto que eu estou perdendo em benefícios de diversificação se eu ficar aqui dentro [do Brasil]”, diz. A construção do índice passa por cinco etapas, primeiro calculando a estimativa dos retornos esperados com base no modelo CAPM, depois fazendo a análise de riscos e definindo a fronteira eficiente (qual a combinação de ativo que gera o menor risco), calculando o Sharpe (melhor relação risco-retorno) e, por fim, identificando a carteira ótima a partir do menor Sharpe.
Exposição mínima de 35% em dólar
O modelo considera um horizonte de 24 meses, com maior peso para dados mais recentes. Igliori destaca que, embora a proporção ideal varie mês a mês, nos testes históricos, o índice raramente indicou uma exposição internacional inferior a 35%, chegando até a 80% em dezembro, auge da desconfiança do mercado local em relação às contas do governo.
O INDI é construído a partir de uma carteira referência composta por ativos globais e locais. Do lado internacional, entram ações dos principais mercados — EUA, Europa, Japão e China — além de títulos públicos americanos de curto e longo prazo. Já os ativos locais considerados são ações do Ibovespa e títulos públicos atrelados ao IMA-B. Este é o Índice de Mercado Anbima – Subíndice B, calculado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais. O IMA-B acompanha o desempenho de uma carteira teórica de títulos públicos federais atrelados à inflação (IPCA), como as NTN-Bs, atualmente chamadas Tesouro IPCA+.
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Sua atualização é feita no início de cada mês, por meio da Live Nomad, no canal do YouTube, que vai ao ar às segundas, 9h30 (de Brasília), e na Carta Mensal da fintech. A cada três meses, uma análise especial do período será compartilhada com clientes e ficará disponível no portal de investimentos da Nomad.