O que este conteúdo fez por você?
- Analistas comentam que o resultado foi fraco devido à menor margem financeira líquida
- Especialistas dizem que os resultados do Nubank podem desacelerar e alguns projetam quedas maiores que a de hoje para a ação
- Veja o que fazer com o papel do Nubank neste momento de grande tensão após balanço
Os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) do Nubank (ROXO34) desabaram mais de 6% no pregão desta quinta-feira (14). Ontem, a companhia reportou um lucro líquido de US$ 553,4 milhões no terceiro trimestre de 2024, aumento de 107% em relação ao mesmo período do ano passado, livre dos efeitos de câmbio. Para analistas do mercado financeiro, o resultado foi neutro. Os números revelam melhora no lucro líquido, mas com uma preocupante desaceleração nas receitas e em outros indicadores do banco, os quais mostram que para o futuro a tendência é de uma possível degradação do balanço do banco.
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No fechamento, os BDRs do Nubank recuaram 6,49%, a R$ 14,40. No pregão em Nova York, as ações caíram 2,88%, a US$ 15,19. Vale lembrar que o Nubank é listado nos EUA e possui um BDR no Brasil, para facilitar o acesso ao investidor. Em tentativa de defender o balanço, o fundador e CEO do Nubank, David Vélez, atribui em comentário no balanço do Nubank a melhora dos resultados ao aumento dos clientes e, mais importante, aos atuais correntistas do banco digital, usando mais seus produtos e serviços. Mesmo com essa visão otimista da empresa, os analistas divergem sobre o balanço do banco.
Segundo os analistas do Bradesco BBI, o lucro do Nubank ficou 2,2% abaixo do que o banco esperava, mas ainda se manteve em 2,5% acima da estimativa do mercado. Eles lembram também que o Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE, na sigla em inglês) ficou em 32,5% no terceiro trimestre de 2024, 1,2 ponto porcentual abaixo do esperado pelos analistas, que era um ROE de 33,7%. Segundo eles, o grande problema do 3º tri do Nubank foi a receita, que mostrou desaceleração do resultado do banco.
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“Em nossa opinião, o Nubank registrou tendências de receita mais lentas no terceiro trimestre de 2024, especialmente com contração significativa da margem financeira líquida, com queda de 1,4 ponto porcentual no trimestre, para 18,4%. Isso levou o banco a uma ligeira contração no lucro bruto (-0,8% no trimestre) e no lucro antes dos impostos (-1,5% no trimestre)”, argumentam os analistas do Bradesco BBI.
Provisões do Nubank foram melhores que o esperado
Para o BTG Pactual, as Provisões para Devedores Duvidosos (PDD) do Nubank foram melhores que o esperado. As provisões do Nubank foram de US$ 774,1 milhões, alta de 23,36% na comparação com o mesmo período do passado. Embora o número possa parecer preocupante para quem o olha isoladamente, o mercado estimava uma alta ainda maior, com alguns analistas estimando que as provisões poderiam subir até 58%. O BTG estimava que a cifra poderia ir para US$ 842 milhões.
Ainda assim, o banco reforça que, mesmo com o resultado melhor que o esperado em muitas linhas, o balanço não foi tão interessante justamente devido à queda da margem financeira líquida. Os analistas dizem que o resultado ficou abaixo da expectativa do mercado, com a margem financeira líquida mais fraca, desacelerando em relação aos trimestres anteriores.
“No entanto, isso foi parcialmente compensado novamente por um custo de risco melhor do que o esperado. Ainda assim, a margem financeira líquida ajustada ao risco ficou aquém das expectativas. E, se não fosse por outra rodada de controle de custos do banco com uma menor taxa de imposto de 23,5% (vs. média de 32% nos últimos 12 meses), o resultado do Nubank teria ficado muito abaixo do esperado pelo mercado”, explicam Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura, que assinam o relatório do BTG.
Já para o Goldman Sachs, nem tudo foi ruim. Os analistas lembram que o CEO da companhia, David Vélez, comentou que a contração do margem financeira líquida ajustada no terceiro trimestre de 2024 ocorreu em função dos maiores custos de financiamento no México e na Colômbia, maior concentração de empréstimos garantidos e valorização cambial ocorrendo no final do trimestre.
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“A empresa optou por desacelerar o crescimento do financiamento PIX para observar melhor o desempenho do banco com menor oferta do produto e não por preocupações com a qualidade dos ativos. Ainda assim, há algumas preocupações do mercado sobre menor custo de risco com maiores taxas de inadimplência nos próximos trimestres”, dizem Tito Labarta, Tiago Binsfeld, Beatriz Abreu e Lindsey Shema, que assinam o relatório do Goldman Sachs.
Vale a pena comprar as ações do Nubank?
Em resumo final, os analistas se dividem se vale a pena ou não comprar as ações do Nubank após o balanço. O BTG Pactual e o Bradesco BBI afirmam que o investidor deve ser cauteloso antes de comprar a ação ROXO34. Para a equipe do BTG, o que o Nubank tem feito é bastante notável e “sem precedentes”. Eles afirmam que o Nubank pode ser um investimento de sucesso para quem aportar na ação, mas ponderam que isso deva acontecer nos próximos 5 ou 10 anos.
“Gostamos de pensar que estamos falando de uma maratona e não de uma corrida de 100 metros. Com a ação subindo 88% em dólar, acreditamos que as expectativas provavelmente ficaram muito altas, sem deixar espaço para decepções”, explicam Rosman, Buchpiguel e Paura, que assinam o relatório do BTG. “Há um ambiente macro mais desafiador no Brasil, com expectativas de inflação subindo e um real muito mais fraco (queda de 17% no acumulado do ano em relação ao dólar). Isso pode forçar o banco digital a desacelerar.”
Por isso o BTG tem recomendação neutra. O banco acredita que a instituição financeira deve desacelerar, fazendo a ação cair. O BTG estima que o papel pode chegar a US$ 13,50 nos próximos 12 meses, uma queda de 13,7% na comparação com o fechamento de quarta-feira (13), quando a ação em Nova York encerrou o pregão a US$ 15,64.
O Bradesco BBI também tem recomendação neutra para a ação do Nubank, com preço-alvo de US$ 14,50, uma baixa de 7,28% em relação ao fechamento de ontem. Os analistas afirmam que as margens mais fracas e o lucro bruto estável são um grande desafio para o Nubank, que está atuando em um país com inflação acelerada e juros em alta.
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Já os analistas do Goldman Sachs são os únicos a recomendar compra para o papel. Os analistas dizem que permanecem otimistas sobre a combinação de crescimento e lucratividade do Nubank (ROXO34), mesmo que os números mostrem um cenário desafiador para o banco. Os especialistas elevaram o preço-alvo de US$ 17 para US$ 19 para os próximos 12 meses, equivalendo a uma potencial alta de 21,48% na comparação com o fechamento de quarta-feira (13), dia em que o ativo terminou o pregão a US$ 15,64.